Reunião da direção do PT anuncia as "Diretas Já" de mentira
Redação

O movimento pelas Diretas Já, impulsionado em 1983 e que exigia eleições diretas para presidente, foi um movimento de massas que representou a pá de cal no cambaleante regime militar. O país assistia então à crise da ditadura duas décadas após o golpe, e a luta por liberdades democráticas ganhava cada vez mais espaço.

A “emenda Dante Oliveira”, que reinstaurava o voto direito para presidente foi derrotado na Câmara em abril de 1984, e novas eleições só foram ocorrer em 1989. Mas, apesar disso, o movimento teve importância central na derrubada da ditadura militar.

Eis que, agora, essa palavra-de-ordem ressurge, mas pelas mãos da direção do PT, numa tentativa de relembrar aquele movimento. Mas ressurge como farsa, pois o momento é outro e o contexto também. Não está colocada a derrubada de um regime militar ou algo parecido. O ódio ao governo Temer cresce a cada dia, e não porque houve um “golpe”, mas porque ele, assim como Dilma, “golpeou” a classe trabalhadora.

Temer é parte do estelionato eleitoral praticado pelo governo do PT contra os trabalhadores e a população. E é perfeitamente legítimo que o povo não aceite, e mais que isso, queira tirar quem a enganou ou a atacou, seja Dilma, Temer, Eduardo Cunha e esse Congresso Nacional.

O movimento pelas “Diretas Já” de hoje, ou seja, novas eleições apenas presidenciais, foi lançado pela direção nacional do Partido dos Trabalhadores dois dias após a votação no Senado que reafirmou o impeachment de Dilma.  O que está por trás dele?

Combustível para tese do golpe
A campanha das “Diretas Já” do PT é a seqüência de sua campanha de denúncia do golpe. Consolidado o “golpe” no Senado, seria preciso “restaurar a democracia” através do voto. “Vamos seguir denunciando o golpe de um governo usurpador, mas entendemos que a única maneira de restabelecer a democracia no país é através do voto popular”, afirmou o presidente do partido, Rui Falcão.

A tese do golpe, porém, não se sustenta. Até o PT sabe que não houve golpe. Tanto que está hoje coligado com os “golpistas” PMDB, PSDB e DEM em mais de 1600 cidades país afora. Sabe ainda que a política econômica e os ataques desferidos pelo governo Temer são os mesmos que Dilma vinha implementando ou preparando, da reforma da Previdência ao teto dos gastos públicos.

Para que serve o discurso do golpe então? Serve para embalar “em defesa da democracia” uma frente com vistas para as eleições de 2018. Uma frente aos moldes da Frente Ampla do Uruguai, unindo partidos, sindicatos e movimentos sociais, a fim de trazer Lula de volta em 2018. É o único motivo para o PT denunciar um golpe que ele mesmo sabe que não existe.

As tais “Diretas Já”, assim, se tornam uma tentativa de se apropriar do movimento histórico que marcou o fim da ditadura, mas agora para atrelar o movimento de massas ao mesmo projeto de conciliação de classes e de alianças que o PT teve todos esses anos, criando uma base eleitoral para 2018. Uma frente para reeditar o mesmo projeto que o PT aplicou e que deu no que deu. Ou seja, seu objetivo é eleitoral, não para derrubar Michel Temer.

Ao mesmo tempo, o discurso do golpe é um entrave para a mobilização contra o governo Temer. Isso porque a classe trabalhadora não sai às ruas, e muito menos faz greve, para defender Dilma e o PT, os supostos “golpeados”. A única forma de mobilizar a classe trabalhadora é para botar para fora Temer, suas reformas e esse Congresso corrupto. Não para que Dilma volte.

Eleições Gerais e não apenas para Presidente
As “Diretas Já” que o PT defende é diferente da reivindicação de “eleições gerais” que o PSTU propõe. Primeiro, que queremos Fora Temer pra valer e agora mesmo. Segundo, que queremos eleições também para o Congresso, governadores, etc.

Uma ampla mobilização de massas e uma Greve Geral seriam capazes de derrubar esse governo e esse Congresso Nacional, e a partir daí convocar eleições gerais, com outras regras.

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