Quem esteve na assembleia dos bancários do Banco do Brasil nesse dia 26 em São Paulo assistiu a um triste espetáculo. A greve terminou no tapetão. No golpe. Isso mesmo, um golpe promovido pelo pessoal da CUT, para garantir que a greve realmente terminasse, independente da vontade dos bancários!

A proposta era indefensável e isso pôde ser sentido nas falas dos diretores do sindicato que tiveram a árdua tarefa de defendê-la perante o plenário. Aqueles que bradavam, há apenas poucos dias atrás, que tínhamos a maior greve dos últimos 20 anos (!) e que ela não acabaria sem “aumento real”, puseram-se de joelhos diante dos banqueiros mediante uma proposta de 0,12% de aumento acima da inflação! Mas o pior de tudo é que a proposta específica, que poderia resolver problemas como o assédio moral, as metas, a dependência das comissões, não apresentou nenhum avanço!

O BB pressionou os gerentes a comparecerem para votarem pelo fim de nosso movimento, porque sabia que, a depender da vontade dos demais funcionários, a greve continuaria. Até vídeo conferência eles fizeram! E muitos atenderam ao chamado.

Para evitar o voto de cabresto dos gerentes e garantir que todos pudessem votar sem constrangimento, propusemos que o voto fosse secreto. Primeiro golpe: a questão não foi sequer submetida ao plenário. O diretor do sindicato, Ernesto Izumi, sob protestos e muitas vaias, decretou que o voto seria aberto porque assim mandava a tradição e seguiu a assembleia.

Após as defesas, foi encaminhada a votação. O plenário dividiu-se. Reivindicamos que houvesse contagem dos votos. Segundo golpe: a diretoria do sindicato negou-se a fazer a contagem. Decretou como vencedora a aceitação da proposta dos banqueiros e, de cima do palanque, protegidos por vários seguranças contratados, proclamou o fim da greve. Os bancários protestaram muito, mas a burocracia sindical não costuma ouvir sua base. E assim nossa greve acabou.

Depois, soubemos que na assembleia da Caixa repetiu-se exatamente o mesmo triste espetáculo. Eles realmente estavam dispostos a tudo para, junto com a direção dos bancos, enterrar o nosso movimento diante de uma grande plateia que lotou as assembleias, mais uma prova de que a greve era forte e poderia continuar.

Mas não enterraram a nossa indignação que, ao contrário, cresce e deverá servir para aumentar ainda mais a nossa luta pra retomar para as mãos dos bancários e bancárias o controle sobre nosso movimento. A CUT, que dias atrás fez de seu congresso um palanque para defender o governo Dilma, que promove ataques gravíssimos aos trabalhadores com seu ajuste fiscal, demonstrou nestas assembleias que definitivamente é a Central Única dos Traidores. Não serve mais como instrumento de organização dos trabalhadores, pois é um pilar de sustentação do governo do PT no movimento sindical.

Precisamos agora transformar nossa indignação em ação, participando ainda mais do movimento e fortalecendo nossa organização nos locais de trabalho. Vamos manter nossos grupos de WhatsApp, que ajudaram na nossa organização durante a greve e fortalecer nossa comunicação nas redes sociais, tentando convencer mais e mais colegas da necessidade de superarmos esta direção traidora. Meu mandato no Conselho de Administração também estará a serviço deste objetivo.

Enterremos o velho e construamos o novo! Fora burocratas governistas da direção do nosso sindicato!

Parabéns pela nossa greve!

*Juliana é representante dos trabalhadores no Conselho Administrativo do Banco do Brasil