Livro analisa a opressão desde uma ótica marxista

A Editora Sundermann acaba de lançar o livro Mulheres Trabalhadoras e Marxismo – Um debate sobre a opressão, escrito pelas dirigentes trotskistas Carmen Carrasco e Mercedes Petit em 1979. O livro é uma polêmica com Mary-Alice Waters, dirigente do Socialist Workers Party (Partido Socialista dos Trabalhadores), seção norte-americana da Quarta Internacional na época. A discussão gira em torno do lugar que deve ter a luta contra a opressão no movimento geral dos trabalhadores, bem como as formas, possíveis alianças e objetivos finais dessa luta. Munidas de uma análise marxista profunda e abrangente, e comprovando sempre seus pontos de vista com exemplos históricos concretos, Petit e Carrasco combatem as concepções do tipo policlassista e feminista-burguês, vigentes nos anos 60 e 70 do século passado, que começavam a penetrar nas fileiras da esquerda revolucionária e que Mary-Alice Waters expressava.

Em suas análises, Mary-Alice Waters dizia que o capitalismo, por sua natureza opressora, era incapaz de acabar com o machismo e garantir a plena igualdade entre homens e mulheres. Dessa afirmação em princípio correta, Waters tirava uma conclusão completamente equivocada: a de que as lutas das mulheres seriam anti-capitalistas “em si”. Ou seja, qualquer luta empreendida pelas mulheres por seus direitos ou contra a opressão abalaria por si só o alicerce capitalista. A partir daí o raciocínio de Water se desenvolve com clareza: se as lutas feministas são anti-capitalistas “em si”, a tarefa do partido revolucionário deveria ser a de organizar um grande e unitário movimento de todas as mulheres, independentemente de sua classe social e visão política. Segundo esse raciocínio, as mulheres burguesas, as exploradoras, seriam parte da revolução socialista, um de seus agentes fundamentais, tão importante quanto a própria classe operária.

É contra essa visão policlassista, reformista e feminista-burguesa que Carmen Carrasco e Mercedes Petit polemizam no livro que ora apresentamos ao leitor. Em uma de suas passagens mais significativas, as autoras afirmam: “Assim como a Terceira Internacional, nós acreditamos que será mediante a união na luta de todos os explorados, e não pela das forças femininas das classes opositoras, que chegaremos ao comunismo. E cremos, como Lenin e Trotsky, que nossa política tem de ser a de dissuadir as operárias de todos os países de qualquer tipo de colaboração e de coalizão com as feministas burguesas. Acreditamos que nossa política estratégica tem de ser categórica, contundente; que temos de afirmar absoluta e profundamente que estamos pela separação entre as operárias e as burguesas, entre as camponesas e as latifundiárias, entre as revolucionárias e as contrarrevolucionárias, e que queremos ganhar a maioria das mulheres para o lado da classe operária. Que queremos ganhar a maioria das mulheres e arrastar também setores da classe média para as fileiras do partido revolucionário e para a revolução socialista”.

Em um momento em que o machismo adquire dimensões alarmantes em nossa sociedade, adquirem peso também posições não-marxistas que buscam combater a opressão com uma lógica policlassista e com uma visão feminista-burguesa de mundo. Nesse sentido, o debate com Mary-Alice Waters é mais do que atual. O livro de Carmen Carrasco e Mercedes Petit é uma arma imprescindível para uma luta principista, e portanto eficiente, contra o machismo e a opressão, em defesa da única solução viável para as mulheres e para todos os oprimidos e explorados: o socialismo no mundo inteiro.

Ficha Técnica:
Carrasco, Carmen; Petit, Mercedes.
Mulheres trabalhadoras e marxismo. Um debate sobre a opressão. São Paulo: Editora José Luis e Rosa Sundermann, 2012.
144 p., 1ª edição.
Preço: R$ 20

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