Protesto foi o primeiro ato unificado contra a política econômica do governo DilmaOs bancários estão indo a greve porque não aceitam que os banqueiros continuem tendo lucros bilionários, enquanto pagam salários miseráveis e impõem um ritmo de trabalho alucinante.

Hoje, o salário inicial bruto de ingresso no Banco do Brasil (BB) e na Caixa Econômica Federal (CEF) é de R$ 1.600, e nos bancos privados é de R$ 1.140. As perdas salariais chegaram a 98,62% na CEF; 86,68%, no BB e 26%, nos privados. O ritmo de trabalho e a pressão por metas transformaram o assédio moral em política institucional dos bancos. Pesquisa realizada na categoria mostra que 42% dos bancários já sofreram assédio moral no local de trabalho.

Os banqueiros e o governo afirmam que não irão conceder nenhum reajuste acima da inflação, e que não irão garantir nenhum direito que não esteja previsto nos acordos anteriores. Afirmam que os bancários já tiveram reajuste acima da inflação nos últimos anos. E que, agora a crise não permitiria ganhos para a categoria.

Além disso, os banqueiros tentam intimidar a categoria ameaçando descontar os dias de greve. Em claro desrespeito à lei de greve, certamente, vão recorrer aos “interditos proibitórios” durante a paralisação. Mas a categoria não se intimida e sabe que a única forma de reverter essa situação é indo à luta.

Por isso, os bancários irão novamente à greve. Exigindo “O lucro dos bancos cresceu, agora eu quero o meu”. Além do índice de aumento de salário, a categoria reivindica garantia de direitos e condições de trabalho. Nos bancos privados, exigimos estabilidade no emprego, o que significa Dilma ratificar a convenção 158, que impede demissões imotivadas. Na CEF, além de salários achamos que é central que os colegas tenham isonomia dos novos funcionários. No BB, não aceitamos que o banco continue fraudando a jornada de seis horas, tendo 65% dos funcionários trabalhando oito horas.

Estatizar o sistema financeiro
Nunca os banqueiros faturaram tanto no Brasil (ver páginas 8 e 9). A farra dos bancos é alimentada pelo dinheiro público e pela superexploração dos bancários. É preciso parar de enviar dinheiro para socorrer os bancos, por isso defendemos a estatização do sistema financeiro para acabar com a farra da especulação. Mas essa medida teria de ser feita sob o controle dos trabalhadores para que fossem assegurados todos os direitos trabalhistas e um bom funcionamento do sistema estatizado, voltado às necessidades do povo trabalhador.

Os sindicatos governistas
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (CONTRAF-CUT) tem sido uma aliada dos banqueiros nas últimas campanhas salariais. Neste ano, não está sendo diferente. A CONTRAF apresentou uma pauta rebaixada, o que reivindica somente reposição de 12,8%%, que sequer repõe as perdas salariais. Além disso, a CONTRAF não organiza a categoria e adia o inicio da greve. A resposta dos bancários à política da CONTRAF vai ser dada nas assembleias da greve. Assim, a categoria poderá ameaçar o controle estabelecido pelo sindicalismo governista.

Já os sindicatos ligados ao Movimento Nacional da Oposição Bancária (MNOB), da CSP- Conlutas, apresentaram uma pauta alternativa. Não aceitamos que a CONTRAF-CUT abra mão das reivindicações históricas da categoria.

O MNOB está organizando a categoria para a greve nos locais de trabalho, exigindo convocação imediata de assembleias para organizamos a greve nacional da categoria.

*Vice-presidente da CIPA da COMPE e delegado sindical
Post author Bento José*, de São Paulo (SP)
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