Durante o ato de comemoração dos 20 anos do PSTU, grupo anuncia ruptura com o PSOL

O PSTU realizou uma grande atividade na noite desta quinta-feira (29), em Natal, para comemorar o aniversário de 20 anos do partido e discutir o programa para as eleições deste ano. Como em outras capitais, Natal também viveu um dia de greve de rodoviários, por três horas, sem o sindicato. Mesmo com a cidade parada, 180 pessoas superaram as longas esperas nas paradas e o congestionamento, e compareceram ao encontro com o presidente nacional do partido e pré-candidato a presidente da República, Zé Maria. Entre eles, muitos ativistas das últimas greves, como a da saúde, que já dura 45 dias, e a dos funcionários da UFRN, que estão em uma greve nacional.

Na mesa do evento, a vereadora Amanda Gurgel, o presidente estadual do partido, Dário Barbosa, e a pré-candidata ao governo do estado, Simone Dutra. Amanda foi a primeira a falar, por volta as 19h30, logo após a exibição de um vídeo de comemoração dos 20 anos e a leitura de um cordel. “Nós não vamos fazer promessas, dizer que vamos resolver os problemas das pessoas. Não vamos vender ilusões, pois só a luta muda a vida”, afirmou. Ela falou sobre o papel do partido. “Nós podemos até ser pequenos. Podemos ser uma mosca. Mas não somos uma mosca qualquer. Somos uma mosca que pousa no prato da burguesia e que incomoda. Nosso papel é esse, lá na Câmara e nas eleições”, defendeu.

Em sua fala, Zé Maria completou: “Nas eleições, os políticos fazem de tudo, se matam brigando pelo voto. Mas nós somos muito mais ambiciosos do que esses que estão aí. O nosso partido quer mudar o mundo”, afirmou. “Quando a campanha começar, nós vamos dizer o que é necessário para atender aquilo que as pessoas exigiram em junho nas ruas. Chega de dinheiro para as empresas. O que justifica tantos estádios sendo construídos? É para assistirmos aos jogos? Não. É para dar dinheiro para a Fifa e as empresas”, denunciou Zé Maria.

Para garantir esse lucro da Fifa, os governos precisam criar instrumentos. Por isso estão gastando milhões com a segurança do evento e criminalizando os manifestantes. Dinheiro que poderia estar sendo usado para construir escolas e hospitais”, afirmou Dário Barbosa, presidente estadual do PSTU. Dário começou sua fala homenageando sua mãe, Dona Margarida, de 84 anos, que mora em Recife e estava presente na atividade. Muito aplaudida, ela afirmou que estava muito feliz de estar aqui e que “não fosse pela idade”, também estaria no partido.

Simone Dutra criticou os governos que passaram pelo estado. “O Rio Grande do Norte é o terceiro estado em desigualdade social, mas tem tido um crescimento do PIB acima da média nacional. Para onde está indo esse dinheiro? A gente entra no Walfredo e vê as pessoas há dias nos corredores, a gente vê 75 escolas sendo fechadas. Não é para lá que o dinheiro está indo”, denunciou. “Nosso estado sempre foi governado pelos mesmos grupos. Agora, eles ainda se referem às manifestações do ano passado, por saúde e educação, como se não tivessem nada com isso, como se não tivessem responsabilidade nenhuma”, criticou.

José Rebouças, servidor da UFRN e coordenador do Sintest (Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Educação do Ensino Superior), foi um dos primeiros a falar e fez uma saudação especial ao encontro. Ele anunciou que estava deixando o PSOL, junto com diversos ativistas presentes ao ato, e formando o Coletivo Socialista Revolucionário (CSR). “Nós rompemos não com o partido (PSOL), rompemos com um programa, que não é o da revolução”, afirmou.

Ele anunciou que o grupo está iniciando discussões com o PSTU. “Nós temos análises muito próximas da conjuntura a partir de junho, e estamos juntos nas greves, nas lutas. Agora estamos abrindo uma discussão com vocês, para que possamos atuar juntos”, afirmou.

Dário Barbosa também destacou as diferenças entre os dois partidos. “O PSOL absorveu o programa dos que administram o capital, um programa que não altera os negócios da burguesia”, afirmou.

O debate contou com uma grande participação do público, com muitas falas de servidores da saúde, petroleiros e da juventude. Chiquinho, servidor da UFRN, se apresentou: “Neste momento, eu me chamo grão de areia. Quero me juntar a milhões de grãos de areia, para fazer uma ventania nesse país”, convocou.

Ana Célia, do PSTU de Ceará-Mirim, destacou a importância da luta contra a opressão. “Não é uma opção viver sendo oprimido. Foi no PSTU que eu aprendi que mulher não é um corpo, um objeto. Que nós, negros e negras, não somos macacos, que os homossexuais não devem temer a violência por sua opção sexual. É uma honra ter participado de cada capítulo dessa luta e estar aqui com todos vocês”, afirmou.

Neste sábado (31), o PSTU fará uma feijoada em comemoração aos 20 anos do partido, que serão completados no dia 5 de junho. A Convenção oficial do partido no Rio Grande do Norte será no dia 12.

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