A Juventude do PSTU participou do ato pelo “Fora Temer” e por “Diretas Já”, convocado pela Frente Povo Sem Medo no último dia 8 de setembro em São Paulo, assim como em outros locais do país convocados por outros setores. Diferentemente da manifestação do domingo anterior (4), a FPSM desta vez mudou a convocação e tirou do centro a luta contra o “golpe”.

Vemos essa mudança como positiva. Decidimos, então, participar da convocação do DCE da USP ao ato, mesmo mantendo todas as discordâncias com o PT, PCdoB, MTST e PSOL, por querermos de fato construir a unidade contra Temer.

O ato, porém, teve muitos limites. Foi composto em grande parte apenas por setores organizados superestruturais e uma parte de ativistas, não contando com uma presença massiva de todos que estão indignados contra Temer. Infelizmente, a defesa de Dilma aberta ou disfarçada no “contra o golpe” ainda teve bastante peso. Estava na maioria das faixas e palavras de ordem.

Evidentemente, cada um e cada partido têm o direito de explicar a queda do governo Dilma de acordo com os interesses estratégicos que possui. Mas insistir em realizar manifestações que venham a aparecer para amplas parcelas da população como defesa de Dilma derrotará a luta contra Temer.

Convocar atos “contra o golpe” ou em defesa dessa democracia torna-se um obstáculo para derrubar Temer. Restringe a participação justamente dos trabalhadores e trabalhadoras mais explorados e oprimidos do país. Os trabalhadores e a juventude não são trouxas. Entendem muito bem que quem diz que Dilma sofreu um golpe e chama a lutar contra esse mesmo golpe, defende a ex-presidente direta ou indiretamente. E a maioria dos trabalhadores queria que Dilma deixasse de ser presidente e também não apóiam Temer.

Temos a preocupação disso não ser apenas a demonstração de um erro político do PT e da Frente Povo Sem Medo, mas sim que seja uma demonstração da verdadeira estratégia por trás da convocação destes atos que é a construção da Frente Ampla defendida por Lula para as eleições em 2018. Para avançar a luta contra Temer, esta estratégia da Frente Povo Sem Medo, do PT e demais organizações, devem ser questionadas. Ninguém quer ser massa de manobra de mais um projeto eleitoral burguês do PT. Ficaram mais de dez anos no governo, junto com a burguesia brasileira, e esta estratégia beneficiou os ricos e poderosos.

Quem não quer a unidade para derrubar o Temer?
No último domingo, dia 11, em novo ato convocado pelo FPSM, depois das falas de Haddad e Erundina. a direção da Frente Povo Sem Medo impediu o candidato do PSTU a prefeitura de São Paulo, Altino Prazeres, de falar no carro de som. Mais uma demonstração da falta de democracia e dos reais interesses da frente. Não deixaram Altino falar porque somos a única organização de esquerda que não lamentamos por Dilma.

Apesar das diferenças que as organizações têm, é preciso termos capacidade de unificar as lutas pelo Fora Temer. O atual governo atacará o conjunto da classe trabalhadora. A proposta é a retirada de direitos sociais históricos. Por isso se faz necessária a luta de milhões de trabalhadores juntos contra este ataque. Nesse sentido, seria importante que todas as organizações se unificassem para que somássemos forças e conseguíssemos mobilizar milhões de trabalhadores em todo país.

O PSTU está fazendo todos os esforços para construir uma unidade de ação real porque queremos vencer esta luta contra Temer. Mas para ter um processo de unificação, que favoreça a luta, é preciso democracia e o repúdio a qualquer prática burocrática como a que assistimos no último domingo.

Falar para milhões, lutar para vencer
A maioria da população não queria Dilma, nem quer Temer agora. É por isso que não foi nem aos atos pró-Dilma, nem aos atos pró-impeachment dos últimos meses. Na verdade, as principais manifestações, tanto de um lado quanto de outro, reuniram uma parcela da população socialmente muito parecida.

A massa dos trabalhadores, negros e negras em especial, ocupada nos piores postos de trabalho, rompeu com o PT. E não quer nem ouvir falar de Dilma. Não são atraídos pelo discurso do golpe. Primeiro, porque não suportava mais a presidente e seus ataques. Segundo, porque não tem razão nenhuma para sair às ruas e defender uma democracia que, sabemos muito bem, assassina a juventude negra cotidianamente, não garante emprego, educação e saúde de qualidade. Por isso, seguimos defendendo o “Fora Temer” e “Fora todos” que vem atacando nossos direitos e por isso afirmamos que Dilma já foi tarde.

Preparar o 29 de setembro: Rumo a Greve Geral!
A multiplicação das manifestações contra o governo Temer e por direitos já preocupa o governo. Além dos protestos de rua em todo o país, os bancários entraram em greve nacional, assim como farão os trabalhadores dos Correios nos próximos dias.

Para piorar para o PMDB, os sindicatos de metalúrgicos mais importantes do país marcaram uma paralisação nacional para o dia 29 deste mês, prometendo ainda convocar as demais categorias para a luta unificada por direitos.

A força da classe operária, com seu poder de parar a produção de riquezas no país, pode derrubar o Temer. Por isso, é fundamental que a juventude se some às lutas e greves em curso no país. Para derrubar Temer, é necessária uma Greve Geral que paralise os principais setores da economia do país. A juventude deve construir a mais irrestrita aliança operária estudantil.

Devemos nos somar ao chamado dos metalúrgicos e nos colocar como linha de frente organizando passeatas e atividades em apoio e ajudando em cada luta da classe operária. É preciso construir uma saída da classe trabalhadora para o país. Se são os operários que produzem toda a riqueza da sociedade, são eles que devem governar!

É hora de lutar para vencer!