Imagens da violência durante a desocupação
Imagem: Assembleia Popular

Policiais da Tropa de Choque invadiram a Câmara a mando dos vereadores e agrediram manifestantes pacíficos

No início da madrugada desta quinta, 8 de agosto, cerca de 150 manifestantes foram detidos pela Tropa de Choque da Polícia Militar, após um ato pacífico em favor do passe-livre para estudantes e desempregados e pelo fim das concessões de transporte público. A PM invadiu e desocupou violentamente a Câmara Municipal de Campinas, sem mandado de reintegração de posse ou aviso prévio.

A ocupação da Câmara foi feita depois de um ato público, que teve início no Largo do Rosário, e reuniu cerca de 200 pessoas. Os manifestantes caminharam pacificamente até a Câmara Municipal cantando palavras de ordem pelo passe-livre, estatização dos transportes, contra o prefeito da cidade, Jonas Donizette (PSB), e o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Durante a ocupação, os manifestantes reuniram-se em assembleia e discutiram um Projeta de Lei elaborado pelo Bloco de Lutas de Porto Alegre durante a ocupação da Câmara Municipal de Porto Alegre, que propõe passe-livre para estudantes e desempregados.

No entanto, apesar do caráter absolutamente pacífico do protesto e da ocupação, por volta das 23h30, a Tropa de Choque irrompeu com brutalidade no prédio, desocupando a Câmara com violência. Alguns manifestantes foram agredidos e todos os ocupantes foram detidos e encaminhados através de dois ônibus para a delegacia. Foram 150 detidos que ficaram nos ônibus sem poder usar nem o banheiro até às 6h da manhã, quando, após o registro do Boletim de Ocorrência, foram liberados.

Foi uma ação absurda, não havia policiais femininas lá dentro, só policiais homens, que arrastaram todos, inclusive jogando as mulheres no chão, segurando o pescoço“, afirmou Lígia Carrasco, estudante da Unicamp e da Executiva Estadual da ANEL. Segundo Lígia, o presidente da Câmara Municipal , Campos Filho (DEM) havia pedido reintegração de posse à Justiça, porém o juiz de plantão teria pedido mais tempo para analisar a situação. “Os vereadores, além de não receberem a população para discutir e ouvir nossas reivindicações, ainda pediram para que a polícia reprima com violência um protesto pacífico, mesmo passando por cima do poder judiciário“, denuncia Lígia.

O Presidente da Câmara afirmou que a decisão de pedir a reintegração de posse foi dele com apoio de alguns vereadores e, em entrevista para a Folha de S. Paulo, afirmou: “Contra essas pessoas, cadeia“.

Jornadas de Agosto
O ato que ocorreu em Campinas faz parte de uma jornada de lutas convocada direto da ocupação da Câmara Municipal de Belém, pela Assembleia Nacional de Estudantes Livre, a ANEL. A jornada reivindica mais investimento na saúde, educação, redução e congelamento da tarifa do transporte e, principalmente, o Passe Livre-Já!

Leia a carta da Anel-Campinas:
Seguimos o exemplo dos estudantes e trabalhadores de Belém, que na segunda feira, dia 05, ocuparam a câmara municipal de sua cidade. Assim como eles, os maranhenses, de São Luís, ocuparam a câmara municipal na manhã do dia 07. Antes foram Porto Alegre, Belo Horizonte, Maceió e tantas outras cidades. A noite do dia 7 foi a vez de Campinas!

Fazemos parte de uma geração que foi às ruas contra o aumento das passagens de ônibus. Mas, com nossas conquistas, percebemos que somos muito mais. Somos a juventude que quer modificar a fundo o nosso país. Nunca foi só por vinte centavos. E hoje, queremos, no mínimo, acabar com os lucros escandalosos da máfia dos transportes.

Assim como a ANEL de Belém, o Coletivo Pra Fazer Diferente – ANEL, coloca a necessidade para todos os estudantes do país de nacionalizarmos esta luta! Construirmos, ainda mais ocupações de câmaras e forçarmos os governantes em todo Brasil, e em especial a presidente Dilma, a aprovarem o Passe-Livre e para estudantes e desempregados.


Ao mesmo tempo, não aceitamos mais nenhum aumento de subsídios para a Transurc. Na verdade, o transporte público deveria ser público de verdade e não estar nas mãos dos empresários. Não aceitaremos que os vereadores de Campinas e o Prefeito Jonas Donizete cometam mais este crime contra a população, retirando dinheiro da saúde e educação para dar aos ricos de Campinas.

Exigimos também a prisão imediata e confisco de bens de Geraldo Alckmin e todos os participantes da corrupção nas licitações do metrô de São Paulo, que ficou conhecido como “propinoduto tucano”! Fora esse governo ditatorial, elitista e corrupto!

Fomos arrancados à força pela Polícia Militar da Câmara Municipal de Campinas. Mas a ação ilegal da polícia já começa a ter repercussão negativa entre a população de Campinas. Ontem nos arrastaram, mas amanhã voltaremos mais fortes!

É possível vencer! Passe-livre já, Brasil!

Chega de subsídios para a Transurc, estatização dos transportes, já!

Fora Jonas!

Fora Alckmin!”

Coletivo Pra Fazer Diferente – Construindo a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre em Campinas