O esquema de corrupção envolve grandes multinacionais durante as gestões dos tucanos Covas, Serra e Alckmin

Seis empresas investigadas pela participação no esquema de cartel nos trens e no metrô de São Paulo tiveram as contas bloqueadas pela Justiça Federal. A decisão, na última sexta-feira, dia 12, é do juiz federal João Batista Gonçalves, da 6ª Vara da Justiça Criminal Federal de São Paulo.
 
A justiça bloqueou um total de R$ 600 milhões das empresas, cujos nomes não foram divulgados, pois o processo corre em sigilo. Mas sabe-se que cinco delas são estrangeiras e uma brasileira.
 
É mais um capítulo do escândalo do chamado “Trensalão do PSDB”, o esquema de corrupção que envolve grandes multinacionais como a Alstom, Siemens, Bombardier, entre outras, e que funcionou pelo menos entre 1998 e 2008, durante as gestões dos tucanos Mário Covas, José Serra e o atual governador Geraldo Alckmin.
 
As investigações indicam que as empresas, que disputavam contratos de construção, manutenção e compra de equipamentos para o sistema de trens e metrô de São Paulo, combinavam preços, formando cartel para, com a participação de servidores, superfaturar os valores cobrados.
 
Além do bloqueio de contas, o esquema também já resultou no indiciamento de 33 pessoas por envolvimento com o esquema. Entre os suspeitos de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro estão ex-diretores de estatais paulistas, servidores públicos, doleiros, empresários e executivos de multinacionais.
 
No dia 5 de dezembro, o Ministério Público de São Paulo entrou com ação civil pública pedindo a anulação de três contratos firmados entre os anos de 2002 e 2007 com empresas acusadas de participação em cartel e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Os contratos, segundo o promotor Marcelo Milani, dizem respeito à manutenção corretiva e preventiva de trens da CPTM.
 
 
PT e PSDB: o sujo e o mal lavado
Diante do escândalo de corrupção na Petrobras, o PSDB tenta se passar por defensor da moralidade e da ética, para atacar o PT, mas o esquema de cartel nas licitações dos trens e metrô de São Paulo confirma que ambos são farinha do mesmo saco quando se trata da corrupção.
 
Os esquemas, inclusive, são parecidos, pois se tratam de fraudes nas licitações de empresas públicas, em que propinas e contratos superfaturados lesam os cofres públicos e enchem os bolsos de políticos e empresários.
 
Contudo, no último dia 9, o Congresso arquivou, sem ter realizado sequer uma reunião, a CPI mista que investigaria esse cartel do Metrô de São Paulo. Instalada em maio, a CPI não chegou sequer a eleger um presidente ou relator para conduzir os trabalhos. O próprio PT, que recolheu assinaturas para instaurar a CPI para desgastar Alckmin, defendeu o seu fim temendo que o caso respingasse no partido. Isso porque o PSDB teria ameaçado envolver o Governo Federal no caso através da Alstom.
 
“As denúncias que têm vindo à tona revelam a ligação promíscua entre grandes empresas e o setor público. Revela também que a troca de acusações e denúncias entre o PT e o PSDB, na prática, é o sujo falando do mal lavado”, avalia o presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal Toninho Ferreira.
 
“Também não dá para confiar nesse Congresso, cujos partidos e parlamentares em sua esmagadora maioria foi eleita financiada com dinheiro de empresas, inclusive as que estão sendo denunciadas nos atuais escândalos de corrupção. Somente a pressão dos trabalhadores, da juventude e da população em geral pode garantir a investigação de tudo, bem como a prisão e confisco dos bens de corruptos e corruptores”, afirma Toninho.