A polícia segue enxugando gelo enquanto jorra sangue nos bairros pobres

O noticiário veiculou¹, orgulhoso, mais uma prisão de alguns “barões do tráfico”. Como foi na avenida Beira-Mar de Fortaleza, rostos não foram mostrados, assim como as casas não foram invadidas por repórteres. Exaltou-se a ação vitoriosa da Polícia Federal. Mais de 20 prisões! Mas a pirâmide empresarial do tráfico deve ser um tanto maior, não? Muito esforço para quase nada, pois o esquema é bem mais profundo. Enquanto isto o tráfico é a melhor desculpa que a burguesia tem para seguir exterminando pobre todos os dias nas favelas, com a “carta branca” de “Guerra às Drogas”. E muita gente lucra com isso.

Os barões do tráfico estão nos salões acarpetados, nas colunas sociais, em festas pomposas do bem-sucedido empresariado meritocrata, nos clubes fechados e resorts país afora. Os bilhões anuais que o tráfico lucra não estão guardados em caixas de sapato, nas vielas e becos das periferias da América Latina. O lucro bruto de R$ 50 em um grama de cocaína não fica com o varejista. Nem nos gramas da maconha-lixo prensada que se vende por aí. É regra básica do comércio de qualquer mercadoria. A mais-valia – extraída sob a ponta da baioneta do Estado e das leis do tráfico, dos “aviões”, “mulas” e “soldados” – é gigantesca. Assim como as conseqüências sobre suas vidas miseráveis, sem acesso ao mínimo do “bem-estar social” deste “Estado Democrático”.

A população, que muitas vezes trabalha em empresas (bancos, construtoras, hotéis, transporte e um longo etc.) que lavam dinheiro do “tráfico gourmet”, vive os dissabores da exploração no trabalho, assim como os serviços prestados por seus patrões, como do transporte público. Prova também do gosto amargo de sangue que toma de conta de seus bairros, mata seus parentes e amigos. Do terror vivido a cada ida e vinda do ganho do pão diário.

Os governos, liderados por políticos e partidos financiadas por essas mesmas empresas, se lambuzam na grana dos impostos e negociatas corruptas no Estado, nos relega migalhas e nos cassam direitos básicos, que dizem respeito à nossa dignidade, como os trabalhistas e previdenciários. Investem, cada vez mais massivamente em aparato policial, construção de cadeias (um agrado aos amigos empreiteiros) etc. Se nos revoltamos, vamos às ruas, lançam sobre nós as mais sofisticadas armas de guerra. Tudo novinho em folha! Democraticamente testados na Palestina e Haiti. A internacionalização da repressão!

Escolas? Fecham! Hospitais? Também
Não dão tanto lucro assim. Enquanto reforçam o investimento em armas e demais materiais bélicos, massacram os soldados nos quartéis, exigindo-lhes pouco questionar e muito agir – quanto mais violentamente, melhor – em nome de uma hierarquia extremamente opressora e desumana. Nem pensar em questionar, quando chega o comando do governo para que reprimam a greve ou manifestação dos professores de seus filhos, ou de seus colegas de universidade. Organização sindical para reivindicar condições dignas de vida para sua família é proibida. Quem tenta resistir é punido com rigor, para dar exemplo. Enquanto isso, criam profissionais insensíveis aos anseios sociais, “cristalizados” sob os sagrados preceitos da Ordem. Fazem-lhes esquecer que fazem parte do mesmo contexto social daqueles que reprimem. A desmilitarização, com a garantia de mais liberdades democráticas para os servidores da polícia, pode fazer que exista uma Polícia Civil única, mais próxima da comunidade.

Investe-se em compra de remédios que “curam” uma doença e lhe dá mais duas de brinde. Aceitam o uso da “erva do diabo” no tratamento de doenças, mas só parte dela, como um mal domado, pois isto faz com que os laboratórios possam lucrar e deter o monopólio. Fazem-nos crer que uma parte de uma planta é melhor do que ela toda, desenvolvida por seleção natural em milhões de anos. Portanto, plantar maconha é crime!

E nós, vítimas desta “rebordosa”, o que faremos? Chorar já não tem adiantado! Reclamar no Facebook, tampouco. Não se resiste via Whatsapp. É hora de ocupar as ruas! Cruzar o braço nas fábricas e no comércio. As universidades têm de parar para pensar nesse problema. Temos que exigir respeito. Exigir legalização para que a grana bilionária do comércio de drogas seja revertida para o sistema da saúde, multiplicando clínicas terapêuticas sérias (não a indústria das internações comandadas por Igrejas), hospitais, psicólogos, assistentes sociais etc. Assim como educação, para a prevenção.

A exemplo do que ocorre com o cigarro, que tem o número de usuários diminuídos, que o álcool seja controlado, assim como a maconha e demais drogas. Não mais propaganda de cerveja que tenta nos fazer pensar que a mulher é um acessório do churrasco ou “tira-gosto” na praia. Chega! Nem que nos façam crer que a cerveja, o vinho ou o whisky vão dissolver nossos problemas, nos dar carros novos ou aumentar nossa performance no esporte, a verdade é que o álcool causa cirrose, dependência química, mata.

Machistas bêbados matam “suas” mulheres. As pessoas precisam saber disto, para, daí, optar ou não por beber. Não o contrário. Precisamos falar com os jovens sobre cocaína, pedra (crack), lança-perfume, doce (LSD), bala (ecstasy) que dão “lombra”, dão prazer. Mas têm consequências sérias na vida de quem não pode ou não sabe usá-las. E não é o policial ou padre/pastor que vai falar a linguagem deles, na escola. É gente que estuda seriamente o tema. São professores e pesquisadores dos efeitos sociais, químicos e físicos, e a sociedade que lhe cerca.

Papo careta não ajuda! Quem é ou foi jovem sabe bem disso! Quanto mais “pesadas” as drogas, mais educação sobre ela há de haver. A “política do avestruz”, com a cabeça na terra e corpo na realidade, se mostra falida, cega!

É árdua, mas a luta pela legalização é urgente! É a diferença entre o caos que vivemos e uma possível vida melhor. Quem sabe, até feliz!

“Se queres paz, te preparas para a guerra! Se não queres nada, descansa em paz”!

Chega de hipocrisia! Chega de morte!

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