Marcel Wando, de São Paulo

Para algumas das maiores marcas de roupas do mundo, a crise de refugiados e o genocídio do povo Árabe é fonte de lucro.

Por Marcel Wando, de São Paulo

Refugiados sírios estão sendo explorados em fábricas de grifes europeias na Turquia. Essas indústrias produzem para marcas como Zara, Mango, Marks and Spencer e outras. Entre a mão de obra explorada por essas empresas estão crianças sírias, de acordo com a reportagem divulgada ontem (25/10) pela BBC.

Ainda de acordo com a reportagem, os refugiados tem uma jornada de trabalho superior a doze horas e recebem menos que R$4 por dia, um valor bem abaixo do salario mínimo turco. Além disso, as contratações são feitas por um intermediário que realiza os pagamentos de forma clandestina na rua.

Capitalismo selvagem
No capitalismo, as grandes empresas investem em produtividade, aumentando a exploração e os seus lucros. Da mesma maneira, as empresas menores, para permanecer competitivas, devem também usar métodos para super explorar a sua mão de obra. Na época imperialista que vivemos, essa tendência à super exploração se aprofunda, caminhando para o fim da competição e a formação de monopólios. Tudo para concentrar mais Capital e poder nas mãos de poucos. A exploração da mão de obra infantil, portanto, não é exceção no capitalismo, é uma tendência inevitável.

A mundialização do capital levou indústrias dos países centrais, como os da Europa e EUA, para países periféricos, onde há menos regulamentação e os governos são mais frágeis. Esse fenômeno foi mais intenso na China nos últimos anos, mas aconteceu também em uma série de países da Europa, África, Ásia, no mundo Árabe e na América Latina.

A necessidade de baratear os custos da produção e ampliar os mercados consumidores aprofundou o colonialismo no mundo. Nesse cenário, os governos subalternos são responsáveis por garantir a exploração da própria população em benefício dessas multinacionais.

Cinismo
Essas empresas, envolvidas com a exploração ilegal de refugiados como mão de obra, alegam que não têm conhecimento da situação. O que é, no mínimo, descaramento. O único propósito para a presença dessas organizações nesses países é justamente a super exploração de mão de obra!

Se isso já não fosse o bastante, a situação piora quando se trata da exploração do povo sírio. A política dos países imperialistas com o mundo Árabe é a de massacre. Desde a defesa e financiamento do Estado genocida de Israel, um enclave militar na região, até o apoio à diversas ditaduras na região.

Resistência e repressão
Diante de tamanha opressão, vimos nos últimos anos a eclosão de diversos processos revolucionários e de resistência nesses países. Eles estão sendo esmagados a mão de ferro pelo imperialismo, Israel e pelas ditaduras locais.

Essa repressão e o estado permanente de conflito na região, gera uma fuga em massa da população pelo mundo. São refugiados buscando sobreviver à política de guerra, saques e opressão impostas pelos países imperialistas em nome do lucro dessas multinacionais.

Sem documentação, sem saber falar a língua do país para onde vão, sem a validação de seus diplomas, refugiados buscam sobreviver como podem. Porém a burguesia é implacável na sua sede pela exploração e persegue o povo Árabe até fora de seus países.

Ideologias racistas, xenófobas, políticas segregacionistas, embarcações de refugiados afundadas, encarceramento, desemprego, deportação, perseguição policial, muros entre países e incitação à violência fazem parte do repertório de massacre aos refugiados das guerras que eles próprios causaram em nome do lucro.

Aqueles que não são assassinados, servem como exército de desempregados para o capitalismo, que com isso mantém salários de trabalhadores rebaixados. E os poucos contratados estão em condição de precariedade. Nem mesmo as crianças escapam a essa barbárie.

Como parte dessa política de super exploração da classe trabalhadora, o uso da força de trabalho infantil mostra que o projeto para a juventude Síria é a escravidão na fábrica para aqueles que não morreram em uma praia qualquer da Turquia.

Os trabalhadores tem outro projeto para seus filhos, outros planos para o futuro de sua classe. As novas gerações precisam desfrutar de forma plena a beleza da vida, e para isso devemos prestar toda solidariedade internacional para a luta do povo Árabe contra o massacre que vivem por parte de seus governos e do imperialismo. Repudiamos toda a exploração dessas empresas, em especial a exploração do trabalho infantil.