Em 2015 acabou a paciência da categoria com o governo do PSOL, que ataca a educação

Na manhã de 11 de abril, sábado, os trabalhadores da educação municipal de Macapá aprovaram por unanimidade, em uma assembleia lotada, uma greve por tempo indeterminado que deve começar na próxima quinta-feira, 16. Os educadores também aprovaram a participação na paralisação nacional do dia 15 contra o Projeto de Lei 4330, da terceirização.

Os trabalhadores da educação aprovaram cruzar os braços com o sentimento de terem sofrido uma grande traição por parte do atual prefeito Clécio Luís, do PSOL, que não cumpriu sua palavra com a categoria de fazer o reajuste do MEC, e que agora se recusa a apresentar uma proposta. Os trabalhadores reivindicam o mesmo reajuste do piso concedido pelo governo federal, de 13%. A palavra-de-ordem foi: “trabalhador na rua, Clécio agora a culpa é tua”.

Nesses dois anos que já se passaram da gestão do PSOL à frente da Prefeitura de Macapá, os educadores travaram uma luta por valorização e melhores condições de trabalho. Desde o inicio do mandato, porém, as medidas de Clécio já mostravam que não governaria para os trabalhadores. Não atendeu as reivindicações do movimento social de aumentar o orçamento da educação para 30%, como também manteve a mesma estrutura de governo de seu antecessor, o corrupto Roberto Góes (PDT), com muitos secretários indicados pelos partidos de direita aliados e gozando de altos salários.

O prefeito também continuou aplicando a famigerada verba de contingenciamento de 40% (que na prática significa um cheque em branco para a prefeitura gastar 40% do orçamento geral do município como bem entender). Na primeira greve que enfrentou, da guarda municipal, o PSOL não hesitou em judicializar o movimento e pedir à Justiça burguesa que decretasse ilegal a greve.

Um governo contra a educação
Clécio, que é professor e que teve um apoio massivo da categoria da educação em sua campanha, prometia pagar o piso salarial da categoria já no primeiro ano de gestão. Em nossa primeira campanha salarial, tentou se justificar dizendo que se pagasse o piso não teria dinheiro para asfalto e medicamentos, e a categoria aceitou o reajuste mínimo inflacionário. Já em 2014, a lua-de-mel do prefeito com a categoria foi acabando, com o Clécio enfrentando várias paralisações. Num ato antissindical, a prefeitura empurrou goela abaixo da categoria a retirada de parte de uma gratificação (chamada regência de classe), para fazer chegar o vencimento básico (VB) ao valor do piso salarial nacional.

Clécio se utilizou ainda de várias manobras para desmobilizar a categoria e a democracia de base. Dividiu a categoria quando condicionou o pagamento da tão esperada insalubridade dos serventes e merendeiras à retirada da gratificação dos professores e, assim, jogou os auxiliares educacionais e professores uns contra os outros.

Mas agora a paciência acabou e os trabalhadores da educação se mobilizam e preparam uma forte greve contra o descaso da prefeitura do PSOL com a categoria.

Ailton Costa é membro da direção do Sindicato dos Servidores Públicos em Educação do Amapá (Sinsepeap) e militante do PSTU