Padilha, Temer, Henrique Meirelles e Romero Jucá Fotos Agência PT

Quanto custa um deputado? Em tempos normais, não muito. Uma emenda liberada ali, um cargo ali, e pronto. Um deputado na mão para votar o que for. Mas em tempos de crise, com um governo na berlinda e totalmente desacreditado, tem inflação. Temer, contudo, não está disposto a economizar para se manter no cargo. Levantamento do jornal O Globo mostra que, só nas duas últimas semanas, Temer gastou R$ 15,3 bilhões em liberações de verbas e anúncio de programas.

Isso justo num momento em que o governo corta recursos públicos, aprova o teto dos gastos e, nos estados, universidades e hospitais vivem à míngua, como no Rio de Janeiro, onde servidores tem que enfrentar filas para pegar uma cesta básica.

A torneira foi aberta justo no momento em que a denúncia contra Temer era votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Só em emendas parlamentares, foi liberado R$ 1,9 bilhão, em levantamento realizada pela Rede. Só para efeito de comparação: em maio foi empenhado R$ 89 milhões em emendas, e em junho, com a revelação das denúncias, R$ 1,8 bilhão. Denúncia vem de um lado, as emendas saem a rodo de outro.

O que são essas emendas parlamentares? São partes do orçamento da União que os deputados podem reservar para si, e que em geral serve para beneficiar sua área de influência eleitoral. É uma grana que vai para postos de saúde em cidades do interior, por exemplo, recapeamento de ruas e estradas, obras diversas, etc. E que alimenta também todo tipo de corrupção. É uma moeda de troca entre os deputados e o presidente de plantão. Mas que sai do Orçamento público.

Troca-troca e compra de deputados
Temer conseguiu se safar na CCJ por meio da troca de deputados favoráveis a ele. Treze deputados que o governo trocou em cima da hora garantiram a vitória por 40 votos a 25 do parecer pedindo sua absolvição. Mas não foi só esse troca-troca que garantiu esse resultado ao presidente denunciado. Desses 40 picaretas que votaram com Temer, 39 receberam nada menos que R$ 266 milhões em emendas parlamentares.

Isso demonstra a extrema fragilidade de Temer. Não basta trocar deputados por outros mais fieis. Tem que pagar caro ainda.

Sessão da CCJ que rejeitou abertura de processo contra Temer

Presente a grileiros e latifundiários
Não é só dinheiro que Temer usa para comprar deputados e apoio. No mesmo dia em que a reforma trabalhista era aprovada no Senado, Temer sancionou a chamada “MP da grilagem”. A Medida Provisória 758/2016 legaliza áreas públicas invadidas e retira exigência ambiental para a regularização fundiária. Com o argumento cínico de que a medida beneficiava os mais pobres e as famílias assentadas, o governo aumentou as áreas passíveis de regularização de 1,5 mil hectares para 2,5 mil hectares, beneficiando sim os grileiros latifundiários.

Fora Temer! Fora todos eles! Abaixo as reformas!
Mesmo liberando rios de dinheiro, a situação de Temer está bem longe de se resolver. Parte da burguesia já resolveu que não dá mais com ele, e articula seu substituto na figura de Rodrigo Maia (DEM-RJ), o “Botafogo” da lista da Odebrecht, também indiciado no STF. Seria uma alternativa para seguir com a aprovação das reformas com o mínimo de estabilidade. A crise política, porém, não tem horizonte para terminar, expressando a profunda crise econômica e social que o país está imerso.

É hora de seguir a luta, agora pela revogação da reforma trabalhista, cuja inconstitucionalidade é atestada por uma série de entidades além do próprio Ministério Público do Trabalho, contra a reforma da Previdência e para pôr abaixo esse governo e esse Congresso Nacional de corruptos e mercenários.

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