Ato antigovernista marcha em direção à Praça Osvaldo Cruz
Fotos Romerito Pontes

Cerca de 2 mil mulheres e ativistas fazem ato contra o governo, Cunha e o PSDB. Bate paus do PT avançam contra mulheres

Era para ser um ato de 8 de março contra os ataques do governo e do Congresso Nacional às mulheres, sobretudo mulheres trabalhadoras, as que mais sofrem e sofrerão com medidas como a reforma da Previdência que tenta ser implementada pelo governo Dilma. Mas PT, PCdoB, Marcha Mundial e demais setores ligados ao governo, contrariando o que fora definido nas reuniões preparatórias, tentou dar um golpe para transformar a manifestação convocada para o Vão do Masp num grande ato em defesa do governo Dilma, Lula e do PT.

O MML (Movimento Mulheres em Luta) ligada à CSP-Conlutas, porém, não aceitou o golpe, denunciou a manobra e anunciou a ruptura da manifestação convocando as ativistas para um protesto pelas pautas das mulheres, contra o governo, o PSDB e PMDB.

Enquanto a parte da manifestação ligada ao governo foi em direção à Consolação, com faixas como “Somos todos Dilma” e entoando “Olê, olê, olá, Lula, Lula”, setores antigovernistas como o MML, CSP-Conlutas, Juntos, Pão e Rosas, além do PSTU, PCB e várias correntes do PSOL marcharam em direção contrária, rumo à Praça Osvaldo Cruz. A manifestação contra o governo reuniu cerca de 2 mil ativistas e teve a incorporação de várias mulheres independentes durante o trajeto, contando com a presença de mulheres do movimento popular, operárias da fábrica Suntech de São José dos Campos, bancárias, professoras, estudantes secundaristas que ocuparam escolas contra o governo Alckmin. 

É uma grande vitória a organização das mulheres independente do governo, dos patrões, da oposição de direita“, disse Ana Pagu, da Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU. “O PSTU acredita que a luta das mulheres trabalhadoras está cruzada com a luta mais geral dos trabalhadores e nosso destino em relação à reforma da Previdência, ao ajuste fiscal, à lei antiterrorismo e todos os ataques só vão ter sentido se travarmos uma forte luta contra o governo Dilma, contra a oposição burguesa, o PMDB, contra o PSDB e contra a ideologia que existe um golpe contra o PT, o que existe é um golpe contra os trabalhadores, em especial às mulheres trabalhadoras“, discursou.

Ana Pagu denunciou a manobra do PT e PCdoB que, “em nome de defender o governo, rompem a unidade das mulheres trabalhadoras” e alertou que os atos convocados para o próximo dia 18 e 31 serão “reprodução do aconteceu aqui hoje“. Ana chamou as mulheres a não participarem dos atos do dia 13 ou 31, e convidou todas à jornada de mobilizações chamada pela CSP-Conlutas e Espaço Unidade de Ação para 1º de abril. “Vamos fazer com que essa força aqui se reflita no dia 1º de abril numa mobilizçaão em todas as regiões, em que vamos dizer ‘chega de mentiars, chega de enganar a classe trabalhadora‘”.

PT e PCdoB: Golpe, insultos e agressões
Os setores ligados ao PT e PCdoB tentaram sequestrar o ato para defender o governo Dilma com um discurso de defesa da democracia contra um suposto golpe. Mas parece que a democracia que defendem vale só para quem defender esse governo. Silvia Ferraro, do MML e do PSTU, ao discursar contra os ataques do governo às mulheres, foi ameaçada e insultada.

Eu disse lá em cima do caminhão de som que tínhamos que defender ‘Fora todos eles, fora Dilma, fora Cunha, Alckmin, Aécio, porque nenhum deles representa os interesses das mulheres trabalhadoras“, relata Sílvia. “Quando disse isso fui impedida, tentaram tomar meu microfone mas eu não deixei, só que nós tivemos que descer do caminhão e eu fui ameaçada de agressão“, lembra.

Um cordão de mulheres garantiu que Silvia pudesse descer do caminhão de som, mas bate-paus do PT avançaram contra elas. Várias ativistas foram agredidas.  “Tivemos hoje um grande exemplo de que, quando uma mulher é agredida, as outras se unem, foram várias mulheres que se uniram, do PSTU e de várias organizações e independentes”, disse Sílvia.

O golpe dado pelas governistas provocou indignação e revolta. “Fomos nós que aqui estamos que asseguramos que a pauta da reforma da Previdência estivesse aqui, que a luta pelo direito ao aborto também estivesse, e sofremos esse ataque pelo PCdoB e Marcha Mundial de Mulheres, mas não vamos baixar nossas cabeças“, disse Luka França, da corrente Insurgência, do PSOL. “Não vamos aceitar esse tipo de método”, disse Sâmia do Juntos. “Querem sequestrar o 8 de março para defender o governo”, reafirmou.