Passeata do Alicerce nos anos 80
Gabriel Casoni

Sonhos, lutas e ousadia: os estudantes escreveram sua história com essas palavras. Nos 15 anos do PSTU, sua juventude se orgulha de ter participado de capítulos decisivos da luta social no país. E, mais do que isso, se orgulha de trilhar seu caminho junto

Neste artigo, buscamos retratar em breves linhas a história da juventude do PSTU. Para tanto, retornaremos às grandes mobilizações sociais que sacudiram o país em sua história recente. Nestes momentos de espetaculares transformações políticas, nossa juventude se encontrou na linha de frente e jogou todos seus esforços para a vitória dessas lutas.

Mas não somente isso. Ao relembrarmos as grandes batalhas da classe trabalhadora, veremos a entrega abnegada da juventude do PSTU às lutas operárias. E, mais importante, é que em cada uma dessas lutas e mobilizações nossa juventude levantou a bandeira da revolução socialista e fez dela a principal causa de sua existência.

Uma história escrita nas lutas
A década de 80 foi um marco na história política do país. Os operários produziram uma guinada decisiva nos rumos do Brasil: pararam as fábricas e deixaram a ditadura militar de joelhos. Ao mesmo tempo, uma impressionante mobilização pelas Diretas Já levou milhões às ruas.

Neste cenário de grandes convulsões sociais, a juventude da Convergência Socialista (principal corrente que formaria o PSTU) cumpriu um destacado papel ao colocar a luta contra a ditadura militar em primeiro plano. Nesse momento, também era preciso construir as entidades de luta. Foi por isso que a juventude da Convergência teve uma importante participação no congresso de reconstrução da UNE em 1979, por meio da corrente estudantil Ponto de Partida.

Mas, se a mobilização da juventude já havia sido importante para a derrota do regime militar, no Fora Collor ela demonstraria todo o seu potencial. A Convergência e sua juventude tiveram a ousadia de levantar a bandeira do Fora Collor antes mesmo das direções majoritárias do PT e da UNE. Nas escolas e universidades, nossa juventude contribuiu para que os estudantes se levantassem aos
milhões contra Collor.

A juventude do PSTU também escreveu sua história nas lutas em defesa da educação pública. As greves das universidades federais em 1998 e 2001 foram símbolos de resistência à implementação da receita neoliberal na educação. Nelas, a juventude do PSTU convocou a constituição de um comando de greve nacional por fora da UNE (que era contra a greve). O comando se organizou e dirigiu a greve nacional. A partir de então, os setores de esquerda formariam o Rompendo Amarras, que seria a última expressiva oposição interna na UNE.

O século 21 trouxe com ele o aprofundamento dos projetos de privatização da educação pública. Mas o que não se esperava era que eles viessem pelas mãos do PT e contassem com o apoio incondicional da UNE. Em 2004, num encontro nacional no Rio de Janeiro, 1.500 estudantes se organizaram para barrar a reforma universitária e construíram a Conlute como instrumento de luta.

O movimento que se iniciou em 2004 eclodiu com toda força em 2007, a partir da ocupação da reitoria da USP. Em escala nacional, dezenas de reitorias foram ocupadas. A juventude do PSTU teve um importante papel nesse novo movimento estudantil que surgia, sendo a principal corrente política na onda de ocupações que varreu o país.

Atualmente, estamos entre aqueles que acreditam ser possível construir uma nova alternativa nacional para as lutas da juventude. Por isso, estamos contribuindo com todas nossas forças para o Congresso Nacional de Estudantes e a construção de uma nova entidade para o movimento estudantil.

Sempre ao lado dos trabalhadores
Ao longo da história da juventude do PSTU, um aspecto foi marcante em sua atuação: estar ao lado da classe trabalhadora em todas as suas lutas. No início da década de 80, nas grandes greves do ABC, lá estava a juventude da Convergência Socialista nas portas das fábricas e passeatas operárias. Mas não foi somente uma solidariedade ativa. Inúmeros militantes oriundos da juventude se dispuseram a trabalhar em fábricas, organizaram greves e se tornaram importantes lideranças operárias.

Na década de 90, a juventude do PSTU esteve junto dos trabalhadores na resistência à ofensiva neoliberal. Quando os petroleiros realizaram a grande greve de 1995, nossa juventude em todo o país esteve com os trabalhadores contra a polícia e o exército de Fernando Henrique, que invadiram as refinarias. Estivemos nas ruas com os operários contra a privatização da Embraer, em 1994. Do mesmo modo, enfrentamos com os trabalhadores a polícia nos atos contra a venda da Vale.

Em 2008, os operários da construção civil de Fortaleza cruzaram os braços e nossa juventude foi aos canteiros de obra em solidariedade à greve. Quando milhares de metalúrgicos foram demitidos da Embraer há dois meses, estivemos nas portas das fábricas e nas universidades levando a luta contra a demissão. Na luta de classes, a juventude do PSTU escolheu um lado incondicional, o dos trabalhadores.

Uma juventude pela revolução socialista
A impressionante crise econômica que se aprofunda em todo o planeta traz à tona novamente a discussão sobre a necessidade do socialismo. Mas, quando muitos afirmavam – após a queda do muro de Berlim – que o socialismo seria uma utopia irrealizável e que o capitalismo teria triunfado definitivamente, a juventude do PSTU ousou. Nas universidades e escolas, nas mobilizações e greves, levamos as denúncias das mazelas do capitalismo e apontamos como única saída real a luta pela revolução socialista.

Por isso, num sistema que oferece à grande maioria dos seres humanos unicamente a fome, a miséria, o desemprego, o empobrecimento da cultura e a destruição da natureza, com orgulho levantamos a bandeira do socialismo. Ao longo destes 15 anos, em cada luta que construímos travamos uma batalha implacável contra o capitalismo. A juventude do PSTU não perdeu a capacidade de sonhar e fez de sua história a luta pela revolução socialista.

Post author Gabriel Casoni, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
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