Protesto dos metalúrgicos em São José dos Campos

Jornada Nacional de Lutas tem protestos em todo o país. É preciso construir uma greve geral pra derrotar PL das terceirizações e as medidas provisórias que atacam seguro desemprego, pensão por morte, PIS e auxilio doença

O primeiro dia da Jornada Nacional de Lutas foi marcado por diversas manifestações pelo país. Do dia 7 até 9 de abril, greves e protestos pelos direitos dos trabalhadores ocorrerão em todo o Brasil.
 
Neste dia 7, os protestos tiveram como eixo a luta contra o Projeto de Lei 4330/2004 que poderá ser votado no Congresso Nacional na próxima semana. Esta medida é um grave ataque ao conjunto da classe trabalhadora brasileira, pois amplia as terceirizações e precariza ainda mais o trabalho, ameaçando a garantia de direitos trabalhistas importantes como férias, 13º salário, descanso remunerado, horas extras e outros. Como explica o sociólogo da USP, Ruy Braga, em entrevista ao Portal do PSTU, a aprovação do PL das terceirizações significa na prática “o fim da CLT”.
 
PL é parte do ajuste do governo Dilma
Apesar de muitos parlamentares do PT se colocarem contra o PL das terceirizações, o governo de seu partido está de acordo com a aprovação do projeto. Eduardo Cunha, presidente da Câmara e ferrenho defensor do PL, contou neste dia 7 com o apoio do governo Dilma através no ministro da Fazenda. Joaquim Levy, em reunião com Cunha, firmou acordo com a essência do PL que é a terceirização passar a atingir também as atividades-fins das empresas.  
 
Como explicou Sebastião Carlos “Cacau” Pereira, da CSP-Conlutas, ao Portal do PSTU, “todas essas medidas são pra garantir o lucro dos empresários diante da crise. Por isso, a aprovação do PL 4330, que só vai beneficiar os patrões, também vai servir como parte das medidas de ajuste do governo Dilma”.
 
O PL das terceirizações ganhou regime de urgência no Congresso e poderá ser votado nos próximos dias.
 
O Brasil precisa de uma Greve Geral
Antes mesmo de começar a discussão no Congresso, a Força Sindical anunciou que aceita negociar o PL das terceirizações. Em entrevista à imprensa, o deputado Paulinho da Força (Partido Solidariedade) explicou que apresentou quatro emendas ao projeto, mas aceita que as empresas terceirizem suas atividades-fim, o que hoje é proibido. Isso é o sonho do patrão: uma fábrica sem empregados, reduzindo assim os custos trabalhistas.
 
“A Força Sindical embarcou nas negociações dos direitos dos trabalhadores. Essa posição divide os trabalhadores e faz o jogo dos patrões e do governo”, criticou Sebastião Carlos Cacau. Na opinião do dirigente sindical, a reação das centrais sindicais em relação ao PL, como a CUT, foi tardia. “Na verdade, eles aceitaram negociar todas as medidas e ataques do governo Dilma. Um exemplo foi o que a CUT e a CTB fazem quando aceitam trocar o fator previdenciário pelo fator 85/95. Nenhum trabalhador foi consultado sobre isso”, explica Cacau.
 
Na avaliação do sindicalista, ainda há tempo para derrotar o PL das terceirizações. “Mas as centrais sindicais como a CUT e a CTB precisam romper definitivamente com esse governo. Direito dos trabalhadores não se negocia. Por isso, defendemos que as centrais sindicais convoquem uma Greve Geral contra o PL 4330 e contra as medidas provisórias 664 e 665 que atacam o seguro desemprego, o PIS e pensão por mortes”, explica Cacau.  
 
Como foi a jornada pelo país
Em Brasília, mais de  4 mil pessoas foram ao Congresso Nacional e tentaram  impedir a votação da PL 4330. “O Eduardo Cunha [presidente da Câmara] cercou o Congresso de PM. Ninguém entra lá. É um verdadeiro Estado de Sítio pra votar esse imenso ataque aos trabalhadores”, explicou Paulo Barela, da CSP- Conlutas.  A polícia reprimiu brutalmente o protesto e jogou bombas de gás e bateu nos manifestantes.
 
Participaram da manifestação servidores da previdência, do setor da saúde, metroviários de São Paulo, da indústria química, professores, além das centrais sindicais como a CSP-Conlutas, CUT, Intersindical e CTB.
 
No Ceará, a Jornada começou com paralisação dos Rodoviários. CSP- Conlutas, SINTRO, SINDCONFE, SINTETTI, ANEL, STICCRMF organizaram paralisação de duas horas com os trabalhadores Rodoviários. A paralisação ocorreu em todas as garagens de ônibus de Fortaleza, além de duas intermunicipais, em Caucaia (Vitória) e Maracanaú (Via Metro). “A Dilma enviou essas PLs para o Congresso Nacional aprovar, alterando alguns direitos dos trabalhadores, como fundo de garantia e auxílio-doença. Prejudica nossa categoria e vamos nos posicionar contra isso”, explica o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Ceará (Sintro), Domingo Neto. Na quinta-feira, 9, o sindicato dos trabalhadores da construção civil farão ato público contra as medidas do Governo Dilma (PT).
 
Em São José dos Campos (SP),  os protestos aconteceram nas maiores empresas da região, General Motors e Embraer. Na empresa Chery, os trabalhadores em greve, se incorporaram ao Dia Nacional de Luta e reafirmaram a rejeição à terceirização irregular praticada na fábrica. Lá, a empresa pratica terceirização irregular nos setores de logística e manuseio. Uma das reivindicações é que os trabalhadores desses setores sejam incorporados à fábrica. Os trabalhadores da Embraer e da GM, em assembleia, também rejeitaram o projeto de lei da terceirização. “Com este protesto, os metalúrgicos deixam claro que rejeitam os ataques de Dilma e o projeto das terceirizações. Não podemos aceitar que a conta da crise criada pelos patrões e o governo recaia mais uma vez sobre os trabalhadores”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá
 
Os petroleiros também foram à luta. Convocados pelo Sindipetro-RJ, os petroleiros atrasaram a entrada na Termo Eletrica Barbosa Lima (UTE-BLS.Usina) e denunciaram que o “plano de desinvestimento” de 13,7 bilhões de dólares na Petrobras e a venda de ativos pelo governo Dilma significam o aprofundamento e a aceleração do processo de privatização da estatal. Privatização esta que já mostrou que leva ainda mais à corrupção e a penalização cada vez maior dos trabalhadores. A manifestação foi também contra o PL das tereirizações. A Petrobrás é um exemplo do que significa a ampliação das terceirizações. A terceirização levou o efetivo atual da Petrobras a ser de 86 mil, enquanto o número de terceirizados é de 360 mil. Resultado: trabalhadores precarizados, com baixos salários e péssimas condições de trabalho e de segurança, o que levou a morte dezenas deles nos últimos anos. Terceirização que levou a uma relação promíscua com as empreiteiras em obras como a refinaria Abreu e Lima e o Comperj, palcos de inúmeras greves contra as más condições de trabalho e salários. Relações que levam à corrupção e maracutais e garantem as propinas dos políticos corruptos.
 
No Rio Grande do Norte, ocorreu um ato unificado dos servidores da saúde. Os trabalhadores denunciaram o corte de recursos no setor. “O governo tira da saúde e educação, serviços essenciais à população, para pagar os juros da dívida pública, ou seja, para transferir recursos públicos para os banqueiros e empresários”, denuncia a vereadora do PSTU em Natal, Amanda Gurgel.