Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC
PSTU Floripa

Na manhã desta quinta-feira, 14 de setembro, uma operação da Polícia Federal, juntamente com a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU), prendeu temporariamente o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, cinco professores e um funcionário celetista da Fundação de Amparo, suspeitos de compor uma organização criminosa responsável pelo desvio de recursos oriundos do programa Universidade Aberta do Brasil para o Ensino à Distância (EAD). Os recursos destinados ao Ensino à Distância da UFSC somam cerca de R$ 80 milhões e não se sabe ao certo quanto deste recurso foi desviado.

A prisão do reitor da UFSC revela um grande escândalo de corrupção em uma das maiores universidades públicas brasileiras. Revela, também, que para o gestor da UFSC, e para os outros membros da organização criminosa, a universidade é um balcão de negócios muito lucrativo. O esquema envolvia fraudes nas licitações contratadas pela universidade, superfaturamento dos valores dos serviços de transporte, diárias e o uso de “laranjas” para o pagamento indevido de bolsas.

Vale lembrar que essa não é a primeira vez que a UFSC é alvo de investigações de corrupção. As Fundações Privadas da UFSC já foram alvos de inúmeras investigações por parte de vários órgãos oficiais em outras ocasiões.

Esse escândalo de corrupção aumenta a indignação dos trabalhadores e estudantes da UFSC que convivem com falta de recursos de todo tipo: falta de salas, de concursos, salas, equipamentos, bolsas-permanências e um longo etc. Mas enquanto faltam recursos para estudantes e trabalhadores da UFSC, sobram recursos para criminosos que lotearam setores da UFSC.

Nos últimos anos, a conta da crise econômica na UFSC tem recaído nas costas dos estudantes negros, das mulheres e LGBT’s. Foi assim durante a gestão de Roselane Neckel, e tem sido assim com a gestão de Cancellier, que recentemente retirou 22% das vagas destinadas aos cotistas negros e indígenas, mostrando que é inimigo das negras, negros e indígenas da UFSC e que, na prática, tem um projeto de mais embranquecimento da universidade: negando recursos para permanência dos estudantes negros e indígenas; e diminuindo as vagas para acesso de cotistas negros e indígenas, e instalando comissões de verificação étnico-raciais que constrangem e humilham os estudantes.

Acreditamos que o episódio desta quinta-feira pode ser apenas a ponta de um imenso iceberg de corrupção que pode apontar mais envolvidos. As políticas de privatização e precarização aplicadas pelos seguidos governos e gestões de reitoria tem fomentado relações na UFSC cada vez mais pautadas pelos interesses do lucro e do enriquecimento de poucos. Por isso, exigimos a prisão de todos os corruptos e o confisco de seus bens e a investigação ampla e irrestrita de todas irregularidades! Sabemos que nem a Polícia Federal e nem o Ministério Público ou o Judiciário podem garantir isso e muito menos podem garantir o fim das políticas de privatização que abrem as portas para escândalos de corrupção como esse! Somente a mobilização dos trabalhadores e da juventude podem garantir o fim da corrupção e da privatização!

A prisão temporária do Reitor neste escândalo de corrupção mostra que Cancellier não pode gerir a UFSC! Mostra que sua gestão é parte do mar de lama da corrupção que está envolvido o governo Temer, o Congresso Nacional de Rodrigo Maia e de Eunício de Oliveira e o governo de Raimundo Colombo! É preciso exigir imediatamente novas eleições para a reitoria sob novas regras! Isso significa eleições com voto universal entre todos os setores da universidade e com a possibilidade de estudantes e Técnicos-Administrativos em Educação se candidatarem. Exigimos também que não haja qualquer retaliação às fontes das denúncias e que contem com todo apoio da comunidade.

Para isso, é necessária uma ampla unidade na luta entre estudantes e trabalhadores, com total independência da reitoria, dos governos e das fundações.

Fora Cancellier!

Novas eleições sob novas regras já!

Cadeia para todos os corruptos e o confisco de seus bens!