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Redação

Quanto vale a reforma da Previdência e trabalhista no Congresso Nacional? Para Temer, vale bilhões, e é isso o que ele está pagando a empresários, fazendeiros, deputados e senadores em sua tentativa de chegar aos 308 votos para a aprovação da reforma da Previdência na Câmara e da trabalhista no Senado. Mas esse dinheiro está saindo dos nossos bolsos.

Na semana passada, a Medida Provisória que cria o Programa de Regularização Tributária (PRT), o “Refis”, foi para o Congresso Nacional. Trata-se de uma medida que buscava beneficiar empresários com dívidas tributárias e previdenciárias, garantindo desconto de 25% nas multas, mais abatimento de 25% sobre os juros. Negócio de pai para filho. Mas deputados e senadores acharam pouco. Onde passa um boi, passa uma boiada, pensaram, e estenderam esse benefício que pode gerar um rombo bilionário aos cofres públicos.

O relatório do senador Newton Júnior (PMDB-MG) estabelecia prazo de até 240 meses, ou 20 anos, para o pagamento das dívidas, o dobro do que dava originalmente a MP, além de descontos nas multas que podem chegar a 90%. O prejuízo com esse presente aos empresários pode ser de R$ 23 bilhões. Os parlamentares exageraram tanto que até o governo federal foi obrigado a dizer que não conseguia bancar isso tudo. A opção foi reduzir um pouco o pacote de bondades, mas mantendo o alongamento das parcelas e os descontos.

Agrado aos ruralistas
Outra medida tomada por Temer para angariar votos no Congresso é através de um agrado especial à bancada ruralista. Desta vez, o governo quer aliviar as dívidas dos fazendeiros com o Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural), a contribuição previdenciária que o setor precisa pagar, mas não paga. Os fazendeiros deixaram de pagar R$ 10 bilhões para a Previdência nos últimos anos. O governo quer agora reduzir a contribuição de 2% para 1,5%, para que os ruralistas possam pagar a dívida acumulada com essa diferença. Alguém acredita que isso mesmo vai acontecer?

Ao mesmo tempo em que a reforma da Previdência de Temer impõe tempo de contribuição de 25 anos aos trabalhadores rurais, praticamente inviabilizando que um trabalhador do campo se aposente (vai ter que esperar chegar aos 68 anos para tentar o Benefício de Prestação Continuada – BPC – pago a idosos de baixa renda), quer conceder bilhões em isenções aos fazendeiros. E ainda reclamam do “déficit” da Previdência rural!

Como diz o garoto propaganda das Casas Bahia, está achando pouco? Pois ainda tem mais. Temer vai garantir um refis especial para cerca de 600 municípios renegociarem suas dívidas com o INSS. O valor desse presente? R$ 100 bilhões.

Temer e ministro na Marcha dos Prefeitos a Brasília

Levantamento do site Poder360 do jornalista Fernando Rodrigues mostra que, atendidas as reivindicações de empresários, ruralistas, prefeitos, governadores, etc, o governo vai deixar de arrecadar R$ 164 bilhões, quase o valor do déficit da Previdência que eles dizem existir (mas que sabemos que é mentira), de R$ 170 bilhões.

Isso sem contar o R$ 1,9 bilhão em emendas parlamentares que Temer compra no varejo o apoio às reformas. Isso dá algo como R$ 6 milhões a cada parlamentar fiel a ele.

Dia 24 de maio, todos a Brasília
A desfaçatez e o cinismo do governo ultrapassam todos os limites. Ao mesmo tempo em que faz de tudo para avançar na reforma da Previdência sob a justificativa de que ela está quebrada, não hesita em abrir mão de bilhões para ajudar seus amigos empresários e fazendeiros. É um verdadeiro escândalo, praticado sob a anuência da grande imprensa.

O governo Temer brinca com fogo ao atiçar a raiva e a indignação dos trabalhadores e da população. A Greve Geral do dia 28 de abril, a maior da história, foi apenas a primeira demonstração. No próximo dia 24 de maio, vamos invadir Brasília e dar o troco. Mas para barrar de vez essas reformas, precisamos de uma nova Greve Geral, agora de 48 horas.

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