As gigantescas manifestações que estão sacudindo o país representam a insatisfação popular com as condições de vida de milhares de jovens e trabalhadores que estão vendo os preços dos alimentos avançando, os serviços públicos como transporte, saúde e educação extremamente sucateados enquanto trilhões são investidos nas grandes obras da Copa do Mundo. O índice de famílias endividadas já alcança quase 60%, sendo que 20% delas comprometem mais de 50% da sua renda com dívidas.

O aumento da tarifa de ônibus foi o estopim de uma luta que se generalizou tomando as ruas das principais cidades brasileiras com milhares de manifestantes. Este movimento foi duramente reprimido pela polícia dos governos estaduais e municipais. Aqui na cidade de Natal, uma das primeiras cidades a iniciar o movimento pela redução da passagem ainda no mês de maio, houve repressão por parte da polícia do governo de Rosalba Carlini, do DEM, em que vários ativistas foram agredidos e presos injustamente. Em São Paulo, a repressão foi comandada por Geraldo Alckmin, do PSDB.

No entanto a reação da população contra a repressão foi muito forte e impôs uma primeira vitória do movimento contra estes governos, derrotando os aparatos de repressão, obrigando-os a recuar, e se comprometendo a não colocar mais a Tropa de Choque.

As mobilizações se generalizaram Brasil afora e, amedrontados pela revolta popular, Alckmin e Haddad, em São Paulo, e Eduardo Paes, no Rio, revogaram o aumento das tarifas de transporte. A partir daí, vários outros prefeitos, inclusive Carlos Eduardo em Natal, anunciaram a revogação do aumento, numa clara vitória desse movimento de massa que há 21 anos não eclodia em nosso país.

A força da luta popular assustou os governos do PT e do PSDB e demais partidos que estão no poder. Setores da burguesia e do imperialismo começam a falar em Copa das Confederações ameaçada. A partir do susto que tomaram, mudaram sua postura apoiados pela mídia burguesa, que antes estava criminalizando as manifestações. De uma hora para outra, passaram a dizer que eram pacificas e que deveriam ser em defesa do Brasil, contra a corrupção e contra os partidos.

O desgaste dos partidos políticos em geral e especialmente o desgaste do PT com sua política que privilegia a Copa, a Fifa, o agronegócio, os acordos com os fundamentalistas no Congresso Nacional, juntamente com a propaganda da mídia contra os partidos, fez com que uma parte da massa, particularmente a que se incorporou aos protestos na última semana, passasse a rechaçar os partidos de esquerda. Grupos com característica nazifascistas dentro das manifestações se aproveitaram deste sentimento para atacar fisicamente os partidos de esquerda.

Aqui em Natal, nós do PSTU, que estivemos desde o início do movimento pela redução das passagens, fomos hostilizados e agredidos na ultima manifestação, assim como outros militantes de outras organizações políticas e sindicais, por grupos organizados por setores de direita, que invadiram a coluna do movimento, com um claro objetivo de retirar nossas bandeiras. Estes grupos com os rostos cobertos portavam bandeiras do Brasil e até mesmo uma bandeira da organização fascista.

O presidente do PSTU do Rio Grande do Norte, dirigente dos professores, Dário Barbosa, levou uma garrafada no rosto quando tentava acabar com a violência. Teve que se dirigir ao hospital com ferimentos no rosto. Tentaram várias ve zes arrancar a bandeira de nosso partido das mãos de nossa vereadora Amanda Gurgel.

Lamentamos que estes fatos também tenham ocorrido em várias cidades, como no Rio de Janeiro.

É necessária uma resposta dos partidos e movimentos sociais para que este momento vitorioso de conquista da redução da passagem não se transforme em uma derrota, com setores reacionários capitalizando esta vitória do movimento. Assim como a unidade para enfrentar qualquer ameaça às organizações dos trabalhadores. Por isso queremos chamar um ato organizado pelas entidades do movimento que dê continuidade à nossa luta e em defesa da unidade e à democracia dentro do movimento dos trabalhadores.

Organizar os trabalhadores para enfrentar a direita e os governos
A luta deve e vai continuar. Tivemos as primeiras vitórias com o recuo da repressão e a redução dos preços das passagens. Mas temos muitas outras demandas e reivindicações, que apontam para um outro modelo econômico, diferente do hoje ao aplicado pelo PT e PSDB em nosso país.

O dirigente do PSTU, Zé Maria de Almeida, afirmou na plenária realizada ao final do ato em São Paulo. "Temos muito orgulho da luta que travamos aqui hoje, porque não é um grupo de fascistas que não sabe que a ditadura acabou quem vai dizer que nosso partido não tem o direito de existir".

Vamos reunir as organizações sindicais e definir um dia de luta e paralisações, porque temos que chamar os metalúrgicos, os operários da construção civil, os professores, os bancários, para estarem com suas bandeiras e reivindicações, para lutar contra os fascistas, mas também contra os governos do PT e do PSDB, para conseguirmos as reivindicações da nossa classe.

Aqui em Natal a luta deve continuar pelo passe-livre e pela tarifa zero que só será conquistada se houver o combate ao lucro de meia dúzia de empresários que exploram o transporte público na cidade. O governo Rosalba e o governo de Carlos Eduardo, assim como os empresários do transporte, é que são nossos verdadeiros inimigos, porque governam para que os grandes empresários tenham seus lucros preservados.

Mas a luta deve ir além se quisermos transformações profundas em nosso país. O governo Dilma continua privatizando os serviços públicos e priorizando os grandes eventos como a Copa. Dilma adota um modelo econômico que privilegia o sistema financeiro e o grande capital. O PT está pagando o preço de ter se aliado com estes setores para governar. Por isso, a nossa luta também é contra a política aplicada pelo governo Dilma. Lutamos por um governo socialista dos trabalhadores em nosso país!