PSOL-AP vai na direção contrária e lança ex-secretário do PSB como candidato ao governo

O Brasil não é mais o mesmo depois de junho do ano passado”. Essa é uma afirmação que se ouve bastante da maioria dos amapaenses que encontramos pelas ruas. É visível que a nova conjuntura continua a mostrar sua cara –em menor número, porém, com muito mais disposição. E o maior exemplo foram os atos do dia 25 de janeiro, chamados nacionalmente, onde a juventude voltou às ruas exigindo mais dinheiro para saúde e educação, indicando que na Copa vai ter luta!

Este ano também será de eleições, uma arena de disputa no terreno do inimigo, onde a esquerda socialista terá que apresentar um programa que seja a cara de junho e que reforce a luta cotidiana em 2014. Será necessário um programa voltado para classe trabalhadora e para a juventude que lutou e ainda luta contra os desmandos de governos, prefeituras, dos parlamentos e dos empresários que só lucram com nossa exploração e opressão.

Foi por isso que, no Amapá, o PSTU fez o chamado ao PSOL e PCB para a construção de uma frente de esquerda classista e socialista contra o PSB dos Capiberibes, o PDT dos Góes e contra o coronelismo de Sarney e do PMDB em nosso estado. Contudo, somente o PCB avançou para iniciar as discussões de uma possível frente para as eleições de 2014.

O PSTU-AP, porém, reforçou mais uma vez o chamado no último dia 15, com lançamento de nossa pré-candidatura ao governo, que contou com a participação de vários ativistas sindicais, estudantis e dos movimentos popular do estado. A atividade contou também com a participação do vereador Cleber Rabelo (PSTU-Belém). Os ativistas, em suas intervenções, reafirmavam:  é necessário  uma frente de esquerda com o PSOL e PCB, com um programa de ruptura com o capital privado e a burguesia, construindo uma alternativa de classe e independente para os trabalhadores de nosso estado. E o PSTU hoje representa essa mudança. Portanto, reafirmamos o chamado aos trabalhadores amapaenses, a juventude, e os ativistas no interior do PSOL a continuar lutando.

Porém, o diretório estadual do PSOL no Amapá reuniu-se e decidiu como nome a pré-candidato ao governo Charles Chelala, economista e atual secretário de Governadoria de Macapá. Um nome pouco conhecido nos movimentos sociais e inclusive dentro do próprio PSOL, diferente de muitos aguerridos companheiros. A nota da direção afirma: “É por isso que o Diretório Estadual do PSOL, reunido nesta data, após ouvir o sentimento de nossa militância enraizada nos movimentos sociais e em cada um dos 16 municípios amapaenses, resolve confirmar sua deliberação de lançar candidatura própria ao governo do Estado…”.

 Outro fato importante é que Charles Chelala foi secretário de governo na gestão do ex-governador e atual senador João Alberto Capiberibe (PSB). Chelala era o responsável pela principal pasta, a do Programa de Desenvolvimento Sustentável – PDSA, “o carro chefe” do PSB no estado e para o Brasil nos anos 1995 a 2002.

Infelizmente, a mesma nota sequer chama a discussão para a formação de uma frente de esquerda nas eleições em nosso estado ou aponta uma saída verdadeiramente socialista e de esquerda para o Amapá. Queremos chamar para a reflexão cada companheiro do PSOL, para a necessidade de uma frente classista e socialista, que contemple um programa anticapitalista, antimperialista e socialista para eleições em nosso estado. E também para o fato de que o discurso nacional de Randolfe Rodrigues, por uma frente de esquerda, não ecoa por aqui.

Como afirmado pelos próprios dirigentes do PSOL-AP, Charles Chelala e Maykon Magalhães, em entrevista a uma rádio local sobre o processo eleitoral de 2014: “Chelala é um nome novo, qualificado e vamos trabalhar muito para levá-lo ao segundo turno”. O próprio Chelala destacou que a prioridade será recompor a frente que ajudou a eleger Clécio a prefeito. “Nós estamos propondo a retomada de um modo de governar, um pouco esquecido, com a participação popular”.

Diante disso, queremos perguntar à direção do PSOL: os companheiros irão se “aliançar” com os mesmos partidos que garantiram a eleição de Clécio Luis à prefeitura da capital,? Com os mesmos que sempre estiveram no poder, como PPS, DEM, PSDB e demais? O PSOL deixará de lado todas as lutas que tiveram no último período, sem pautar um programa de ruptura contra isso que esta aí? Ou iremos optar por um programa que reflita as jornadas de junho em uma frente de esquerda? O PSOL, em nenhum momento, incide contra a política de ataques que Camilo Cabiberibe (PSB) faz aos trabalhadores – principalmente aos educadores – e não traz à luz os escândalos que envolveram o PDT de Waldez Góes e os desmandos de Sarney em nosso estado. Pelo contrário, a direção do PSOL reforça as núpcias com o capital privado, como afirma o próprio Chelala na entrevista: “É preciso criar um ambiente favorável à iniciativa privada.

O Amapá quer mudança. Uma mudança que seja refletida no cotidiano dos trabalhadores e jovens de nosso estado. E o PSTU quer apresentar essa alternativa em uma frente de esquerda.