Três dias de calorosas discussões ultrapassaram as expectativas e prepararam o PSTU para os seus desafios. Discussões sobre conjuntura, o programa do PSTU para as mulheres, além de grupos sobre organização sindical, sexualidade, mulher jovem, violência, mulher negra e lésbica, fizeram desse espaço um braço de resistência contra o machismo e o capitalismoNos dias 23, 24 e 25 de março de 2012 ocorreu o 5º Encontro de Mulheres do PSTU. A atividade reuniu 130 militantes, representando delegadas e convidadas de 33 regionais e 18 estados do país. O objetivo era realizar a atualização programática, discutir as táticas de intervenção no movimento e eleger a nova secretaria nacional. Mas o encontro foi além. O intenso debate político, o clima de camaradagem e preocupação em avançarmos na luta contra a opressão e a exploração possibilitaram uma grande vitória: um partido melhor armado para enfrentar o governo de Frente-Popular e ser uma alternativa às mulheres trabalhadoras

Emoção e entusiasmo
Na abertura do encontro foi realizada uma homenagem às mulheres lutadoras, tanto aquelas que marcaram a história na luta pelo socialismo, como Rosa de Luxemburgo, Clara Zetkin e Alexandra Kollontay, como aquelas que dedicaram sua vida ao partido, como Rosa Sunderman e Teresa Bastos.

Também foi lembrada a tradição da IV Internacional em tomar a luta contra a opressão como tarefa irrenunciável na luta contra a exploração, por meio de intervenções de membros da direção do partido.

Os trabalhos duraram três dias, com discussões em plenária sobre conjuntura, programa e a mulher no partido, além de grupos temáticos que debateram a situação das mulheres trabalhadoras e organização sindical, sexualidade, saúde, prostituição, mulher jovem, violência, mulher negra e lésbica. Seções da Espanha, Portugal, Argentina, Costa Rica e Chile também enviaram saudações que foram lidas durante o encontro.

Principais resoluções e desafios
O encontro ocorreu em um momento de radicalização da conjuntura internacional, marcada pela crise econômica e ataques violentos aos direitos dos trabalhadores, como se vê hoje na Europa. Mas também há resistência, da qual participam um número expressivo de mulheres.

No Brasil ainda vigora, por enquanto, um momento de estabilização econômica, mas que esta bastante ameaçada pela crise mundial. Por outro lado, há um conjunto de políticas que aparentemente aparecem como progressivas para as mulheres, mas que na prática significam maior exploração e menos direitos, como os cortes no orçamento, que retiram direitos de áreas sociais.

Isso sem falar nas inúmeras políticas específicas, como, por exemplo, a recente Medida Provisória 557/2011, que tem como aparência a diminuição da mortalidade materna, mas que se resume ao cadastro de grávidas e não oferece garantias e condições para uma maternidade saudável. Ou ainda, quando diretamente são negadas medidas que poderiam garantir maiores direitos às mulheres, como o veto ao projeto que, pelo menos em lei, garantia igualdade salarial entre homens e mulheres.

Por isso, o encontro ratificou a opinião de que Dilma, mesmo sendo mulher, não representa as trabalhadoras. Por isso, o encontro também reafirmou a necessidade de seguir construindo táticas especiais para organizar as mulheres da classe trabalhadora como hoje é o MML (Movimento Mulheres em Luta da CSP-Conlutas), que se constitui como uma alternativa às organizações que se renderam ao governo ou setores policlassistas.
A luta pelo salário igual para trabalho igual; pelo fim da violência contra a mulher; por creches públicas e em período integral para todos os filhos da classe trabalhadora e pela legalização do aborto foram também reafirmadas como as principais bandeiras programáticas. A eleição da uma nova Secretaria Nacional de Mulheres, que terá a tarefa de encaminhar as resoluções, encerrou as deliberações políticas do encontro.

Contra o machismo e a exploração: unidade da classe!
Nesse cenário complexo de crise internacional e certa estabilidade aqui no Brasil, ideologias são criadas e estimuladas pelos governos. No que se refere as mulheres, uma das mentiras mais propagadas é de que elas estariam ocupando cada vez mais espaço e, por isso, o machismo teria acabado.

É certo que hoje o maior órgão gestor do capitalismo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) é gerenciado por uma mulher. Ou que países importantes, como Alemanha e Brasil também o são. Da mesma maneira, e talvez com mais veemência, dados da realidade mostram um maior número de mulheres em postos de poder. Porém, isso não mudou as condições estruturais de vida das trabalhadoras que continuam com salários inferiores aos homens, morrendo todos os dias vítimas da violência machista e ainda continuam sendo o setor que menos tem acesso a direitos e ao emprego formal.
Para as trabalhadoras, a existência de mais mulheres (em geral, da burguesia) no poder não garante o atendimento de suas demandas. Por isso, é necessário a organização das trabalhadoras em partidos como o PSTU, que articulam a luta pelo fim da exploração, o combate por uma sociedade socialista e a luta contra a opressão. O partido revolucionário é a possibilidade concreta de unidade entre homens e mulheres da classe trabalhadora. Algo que é essencial para a emancipação das mulheres.

Por isso, a atualização do programa de luta contra o machismo foi o maior desafio do 5º Encontro. Um programa que combata ideologias como a do “empoderamento” das mulheres, que serve apenas para disfarçar a opressão machista reinante (e crescente) na sociedade capitalista. Um programa que também possa oferecer uma alternativa de organização classista, de luta pelo socialismo, pois não é possível acabar com a opressão dentro do sistema capitalista. É necessário unir com firmeza a luta contra a opressão da mulher com a luta do conjunto classe trabalhadora contra o capitalismo. É a serviço da construção dessa luta de mulheres e homens pela revolução que se colocam as resoluções votadas e a nova secretaria eleita.