Governos avançam na tentativa de criminalizar os movimentos sociais e partidos políticos de esquerda

No dia 27 de fevereiro recebemos, na sede do PSTU em Campinas, uma intimação destinada à presidente do Diretório Municipal do partido para prestar depoimento no 5° Distrito Policial de Campinas. A intimação faz parte do inquérito policial que visa indiciar mais de uma centena de ativistas e mais de vinte militantes e simpatizantes do PSTU após a ocupação da Câmara de Vereadores de Campinas.
 
A ocupação da Câmara de Campinas foi parte das justas manifestações que sacudiram o país desde junho do ano passado. Tal ocupação foi reprimida pela Tropa de Choque a mando do presidente da Câmara, Campos Filho, sem mandato judicial e com a habitual truculência da PM, inclusive retirando com violência as mulheres presentes no espaço sem uso de efetivo feminino.
 
A intimação da presidente do PSTU, assim como do presidente do PSOL-Campinas, para depor é mais uma tentativa de criminalizar não somente os ativistas e militantes que participaram desta ocupação, mas também as organizações do movimento operário e social que lutam contra as políticas dos governos Alckmin e Dilma e estão presentes nas manifestações que denunciam os gastos com a COPA e o desprezo pelo investimento em áreas como saúde e educação.
 
Esta não é a primeira tentativa de criminalizar estas organizações. O governo de Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, está buscando transformar os militantes e simpatizantes do PSTU em criminosos por participarem de manifestações. Para fazer isso, se utiliza de mentiras, calúnias e difamações. Agora o governo Alckmin tenta fazer o mesmo com nosso partido no estado de São Paulo e em Campinas, o prefeito Jonas Donizette e o presidente da Câmara, Campos Filho, seguem o mesmo caminho. Campos Filho não só foi responsável pela ação truculenta da Polícia Militar na desocupação da Câmara como não vem medindo esforços para processar os ativistas que se mobilizaram por melhorias no transporte público. Enquanto processam os manifestantes, a Prefeitura e a Câmara de Campinas, não têm realizado qualquer esforço para apresentar soluções diante dos problemas questionados nas manifestações. Após várias tentativas de negociação com a Câmara, o que ouvimos foi que não se abriria nenhuma CPI para investigar os lucros das empresas que controlam o transporte, que não haveria passe-livre para estudantes e desempregados, e, pior ainda, que a Câmara estava disposta a aumentar os subsídios para os empresários do transporte. E para calar as mobilizações, o que se seguiu foi repressão e criminalização.
 
A intimação recebida pelo PSTU e a tentativa de criminalização só demonstra, mais uma vez, o caminho que os governos querem seguir: nenhuma resposta às reivindicações populares, apenas repressão!
 
Criminalizar os movimentos sociais e a pobreza
Junho de 2013 marcou o Brasil pelas manifestações que juntaram milhões. O início dos protestos se deu pelo aumento das passagens e a terrível repressão da PM sobre os manifestantes. Rapidamente, no entanto, a população nas ruas deixou claro que não era apenas por vinte centavos que estavam lutando. Eram manifestações que questionavam os gastos com a Copa do Mundo da Fifa, a falta de investimentos em saúde, transporte público, educação, a cura gay, os políticos e um longo etc.
 
Apesar de não se repetirem as mobilizações com milhões, seguiram-se muitas lutas, greves, mobilizações, ocupações de câmaras e prédios públicos. E veio a repressão.
 
O governo federal publicou o Manual para aplicação da Garantia da Lei e da Ordem, que regulamenta a atuação das Forças Armadas em ações internas, entre elas conter manifestações. Junto com isso aprovou a Lei de Organizações Criminosas onde busca enquadrar vários dos manifestantes dos últimos meses. E agora o Congresso Nacional coloca em regime de urgência a votação do projeto de lei antiterrorista.
 
Em 2014, ano em que se completam 50 anos do golpe militar, o que vemos é um retrocesso na democracia, com o aumento da repressão às manifestações em todo o país, em especial em São Paulo e no Rio de Janeiro.
 
Já são milhares de pessoas detidas e indiciadas por participarem de manifestações, além da condenação à prisão por 5 anos de um morador de rua que portava uma garrafa de desinfetante. O governo estadual e federal se articulam para restringir o livre direito a manifestação, além de criminalizar os movimentos sociais que as organizam ou participam delas.
 
O PSTU não vai se retirar das lutas! Chega de repressão e criminalização àqueles que lutam por direitos!
As inúmeras tentativas dos governos de criminalizar os manifestantes e as organizações que se colocam nas ruas não vão nos intimidar!
 
O PSTU, ao longo de sua história, sempre se colocou ao lado daqueles que lutam por uma sociedade sem injustiças, onde as riquezas produzidas pelos trabalhadores e trabalhadoras não sejam desviadas para os bolsos de banqueiros, empresários e políticos corruptos. Acreditamos que só com as mobilizações dos trabalhadores, da juventude, do povo pobre da periferia, conseguiremos de fato mudar os rumos desse país.
 
O PSTU se coloca contrário a todos os inquéritos policiais e processos que visam criminalizar os ativistas e organizações que estão lutando por direitos! Exigimos o arquivamento dos processos e a punição dos policiais e governos responsáveis pelos atos de violência contra os manifestantes! Defendemos a desmilitarização da Polícia Militar e o fim da Tropa de Choque! Lutar não é crime!