Os trabalhadores dos Correios estão em negociação da campanha salarial há cerca de dois meses e encontraram a mesma intransigência do governo Dilma que as outras categorias em luta. As reivindicações da categoria são muitas, mas a vontade de lutar é uma só. No dia 15 de setembro, terça-feira, os trabalhadores de todo o Brasil poderão entrar em greve por tempo indeterminado. Entenda as razões da greve.

Governo tenta jogar a conta da crise nos trabalhadores
O salário base da categoria é o menor das estatais (cerca de R$ 1.134,35) e o pouco que a categoria recebe é devorado rapidamente pela inflação. No último ano, a receita da empresa cresceu para R$ 16,6 bilhões (aumento de 8,4% em relação ao ano anterior), enquanto o lucro foi o menor da história da estatal: apenas R$ 9,9 milhões. Seus dirigentes rapidamente comemoraram o crescimento da receita, mas culparam a crise e a necessidade de investimento pelo baixíssimo lucro. E na negociação chegaram a apontar a possibilidade de prejuízo no orçamento para justificar arrocho salarial e outras medidas de austeridade.

Acontece que a crise é fruto da decisão política do governo do PT, que fez uma opção de classe ao privilegiar empresários, banqueiros e até a corrupção na estatal. Cerca de R$ 300 milhões foi utilizado para a criação da sua primeira subsidiária, a Correios Par; mais de outros R$ 300 milhões para patrocínio das Olimpíadas; parte do rombo de mais de R$ 6 bilhões do fundo de pensão, o Postalis; e mais de R$ 200 milhões em planos de demissão incentivada (PDIA). Ainda entra nessa sangria as quantias milionárias dos constantes escândalos de corrupção. Como se vê, o trabalhador, embora fundamental, é peça secundária para o governo Dilma.

Como tática preventiva à crise, a estatal, por mediação do TST, propôs gratificação (GIP – Gratificação de Incentivo à Produtividade) de R$ 150,00 em agosto e R$ 50,00 em janeiro no lugar de reajuste salarial.  Tal proposta do governo significa na prática 0% de reajuste e uma política de defasagem salarial, pois a gratificação não incide nos demais cálculos salariais e favorece apenas o governo e a empresa. Trata-se da mesma medida proposta no acordo de 2014, cuja gratificação será incorporada ao salário somente em 2016, dois anos depois.

Não é só por salário
A luta da categoria também é contra o processo de privatização e suas consequências sentidas na pele por quem está no chão das unidades. Não é coincidência a decadência na qualidade do serviço prestado pelos Correios nos últimos 4 nos, pois trata-se do processo de privatização iniciado em 2011, a partir da aprovação da Lei 12490/11 (com os votos de parlamentares do PT e PCdoB), que modificou o seu estatuto. Esse projeto em curso, chamado pela direção da estatal de “Reestruturação” ou “Projeto Correios 2020” pretende transformar a estatal em diversas subsidiárias. A mais atual é a Correios Par, que já nasceu com capital aberto.

Como parte do processo de privatização, benefícios básicos da categoria são atacados como o Plano Correios Saúde. A partir da criação da Operadora Postal Saúde, que passa a administrar o plano, muitas clínicas se descredenciaram pelo seu acelerado sucateamento. Agora, a estatal quer negociar esse benefício para impor mensalidade (de 6% a 12,9% do salário bruto), restrição de acesso a dependentes (como pai e mãe) e aumento de compartilhamento.

Na atual proposta de acordo também não há nenhuma menção ao escandaloso rombo de mais de R$ 6 bilhões do fundo de pensão Postalis  em que sabemos que a estatal quer dividir a conta com os trabalhadores. Também não há nenhum avanço no combate às opressões tanto racial como de mulheres, já que propõe manter as cláusulas do acordo passado.

Derrotar o Governo Dilma nas lutas e nas ruas! Todo apoio à Greve dos Correios!
Ao impor a política de corte de verbas e enxugamento das despesas públicas, o governo Dilma Rousseff do PT confisca parte da receita dos Correios para cumprir as metas de Superávit primário e o ajuste fiscal. Assim, aplica uma política semelhante à dos políticos da direita tradicional, como Alckmin, Beto Richa e FHC (PSDB), Maluff (PP), Eduardo Cunha e Renan Calheiros (PMDB). A culpa pelo mau momento que a empresa e o governo passam não é nossa, não podemos pagar por ele.

Por isso, os militantes do PSTU nos Correios estarão na linha de frente da greve. Mas, também chamam os trabalhadores a mobilizarem suas bases para se unificar às demais categorias em luta para derrotar o governo. A luta por salário, contra a privatização e por direitos é uma luta de toda a classe trabalhadora e somente sua unidade pode trazer uma grande vitória. Dia 18 de setembro ocorrerá uma marcha de trabalhadores e no dia 19 uma plenária de lutadores, ambas em São Paulo. Devemos firmar presença nesses eventos com a combativa categoria ecetista para derrotar o governo e sermos vitoriosos em nossa luta! 

– Basta de Dilma (PT), Temer, Cunha, Renan (PMDB) e Aécio (PSDB)!

– Contra a privatização da ECT. Por uma empresa de caráter público e de qualidade nos serviços prestados à população e não para atender ao mercado financeiro;

– Fim da GIP como instrumento de reajuste salarial!

– Aumento real nos salários, com incorporação já de R$ 200, de forma linear;

– Retorno do Plano Correios-Saúde, com o fim da operadora Postal Saúde;

– Saneamento da Postalis pela ECT. Os trabalhadores não podem pagar pelo rombo causado por seus diretores;

– Contratação já por concurso público com o fim da terceirização dos serviços.