Eu fui preso, junto com Lula e outros dirigentes sindicais em 1980. Em meio a uma greve geral dos metalúrgicos do ABC, a ditadura militar decidiu intervir nos sindicatos e prender as lideranças. Não tínhamos motivo para nos envergonhar da prisão, nossa causa era justa.

Hoje a discussão que domina as conversas políticas em nosso país é a “condução coercitiva” do ex-presidente determinada pelo Juiz Sérgio Moro para depor à PF, e o pedido de prisão de Lula feito pelo Ministério Público de São Paulo.

Os trabalhadores não têm porque se alegrar com isso. Nem apoiar estas medidas autoritárias e discricionárias adotadas pelas autoridades do judiciário contra Lula. Mas tampouco podemos entrar nessa onda de isso é um “golpe” e que, para defender a democracia e o tal “Estado de Direito” é preciso defender o PT e Lula.

A Justiça é de classe, serve à burguesia, é contra os trabalhadores.
O poder judiciário não é imparcial, não. Serve aos interesses dos que controlam a riqueza do país. Isso vale para o STF, STJ, TST, e para a MP. Vale também para o juiz Sergio Moro (quando decidiu pela condução coercitiva de Lula) e para o procurador Cassio Conserino com seu patético pedido de prisão do ex-presidente. Estão agindo por motivações políticas e não jurídicas.  Desrespeitaram sim, os direitos individuais de Lula, e isso precisa ser repudiado.

Mas até aí não tem nenhuma novidade. A classe operária, os trabalhadores em suas greves, os jovens que vão às ruas protestar, nunca tiveram acesso à estas garantias e liberdades democráticas que este “Estado de Direito” supostamente deveria garantir a todos. Só recebem bombas, repressão policial, quando não são demitidos pelo patrão. A juventude negra da periferia só conhece do Estado a violência da polícia. Da mesma forma, as comunidades quilombolas e indígenas massacradas pelo agronegócio.

O PT governa o país há treze anos. Sabe disso e é cumplice de tudo isso. Veja a lei “Anti-terrorismo”, proposta pelo governo petista e aprovada no Congresso para aumentar ainda mais a repressão aos que lutam por seus direitos.

A aliança que o PT e Lula escolheram fazer com o grande empresariado
Essa é a primeira explicação para tudo isso. O PT e Lula viraram as costas aos trabalhadores e fizeram alianças com os banqueiros, empreiteiros e grandes empresários para governar o Brasil. Deixaram de lado as lutas dos trabalhadores para governar com este Congresso Nacional cheio de corruptos que aí está. O PT passou a governar para os bancos e grandes empresas, não para os trabalhadores. O PT, Lula e suas campanhas passaram a ser bancados com dinheiro das grandes empresas.

Ao fazerem esta escolha, o PT e Lula escolheram também suas consequências. Ou Lula não sabia que o empreiteiro, que dava 20 ou 30 milhões para financiar sua campanha, iria querer algo em troca? Por qual razão ele acha que um empreiteiro que acumulou fortuna “arrancando o couro das costas dos operários” resolveu ter por ele uma “amizade” tão grande ao ponto de lhe dar “presentes”?

Os trabalhadores precisam extrair lições de tudo isso. O PT está nesta situação porque perdeu a independência que todas as organizações dos trabalhadores devem ter frente aos patrões. Deixou de lado os interesses da nossa classe, a nossa luta, para se aliar aos grandes empresários. Hoje governo com eles e para eles. Deu no que deu.

Precisamos construir um novo partido, socialista, revolucionário, que lute para que os trabalhadores governem o Brasil. Não junto com os banqueiros e grandes empresários, mas contra eles. Não com este Congresso Nacional corrupto, mas através de conselhos populares, apoiado na luta dos trabalhadores e do povo pobre. Só assim nossa vida vai mudar.

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