Câmeras flagram o momento em que Fabrício é baleado por policiais

Ato ocorre nesse sábado, 1º de fevereiro, às 9h da manhã, durante a inauguração da estação Adolfo Pinheiro

No dia 25 de janeiro participei do protesto contra as injustiças da Copa em São Paulo, que teve início no MASP. Estive junto com ativistas da Zona Sul e militantes do PSTU. Havia vários jovens na passeata parecidos com meus alunos e, dentre eles, muitos moradores da periferia da cidade.

Não pude conhecer Fabrício Chaves, que agora é um conhecido de todos nós, pois foi ferido pela PM e segue internado. Fabrício foi baleado por um grupo de três policiais com tiros no peito e na virilha. Jovem trabalhador de 25 anos, mora aqui em nossa região e trabalha como estoquista no centro da cidade.

Fabrício tem um sonho, o de se formar em engenharia mecânica, estuda à noite na ETEC Getúlio Vargas. Começou a participar da luta nos atos contra o aumento das passagens em junho e, no dia 25, foi deixar o seu recado ao Brasil: queremos mais dinheiro pra saúde e educação e na Copa vai ter luta!

Cerca de 2 mil homens da Polícia Militar do governador Geraldo Alckmin (PSDB) prenderam e agrediram mais de 135 jovens. Na sua maioria, mulheres e jovens da periferia. Houve, ainda, o atropelamento e espancamento covarde a uma jovem. Isto é muito injusto!

Temos que entender que a mesma polícia que extermina a juventude negra da periferia é a mesma que reprimiu os atos de junho e agora tenta calar a juventude que, novamente, sai às ruas na luta por direitos.

Vemos bilhões de reais serem usados para as obras da Copa enquanto faltam quadras esportivas e manutenção nas escolas. No bairro onde trabalho, Campo Limpo, ainda existem muitas escolas sem professores. Enquanto isso, já foi gastos mais de R$ 1 bilhão com o Itaquerão, além das insenções fiscais.

A entrega das estações do metrô para a periferia tem anos e anos de atraso. Nosso dinheiro público é desviado na corrupção do Propinoduto e no Mensalão. O governo Alckmin desviou em torno de R$ 2 bilhões na corrupção do metrô de São Paulo, dinheiro que daria para ser usado nas obras da Linha Lilás, levando o Metrô ao Jardim Ângela. Só que ele optou em beneficiar os ricos que andam de helicóptero do que melhorar o transporte que nós, trabalhadores, usamos diariamente.

É muita injustiça sermos atingidos por enchentes, ver tanto investimento nos estádios enquanto nossos bairros continuam abandonados. Nossos filhos não têm direito a estudar em creches públicas, pois faltam mais de 150 mil vagas em toda a cidade!

Mas, a juventude e os trabalhadores que foram às ruas em junho de 2013 não irão desistir! Conquistamos promessas de Alckmin de que ampliaria as linhas de metrô e trem para a Zona Sul. Dilma prometeu recuperar os mananciais e construir 20 mil moradias para famílias que vivem perto das represas Billings e Guarapiranga. O prefeito Haddad prometeu que começaria a duplicação da Estrada M’Boi Mirim, mas até agora nem sequer voltou as linhas de ônibus cortadas que nos levavam direto ao Centro.

Para concretizarmos as promessas do governo é preciso muita luta! Por isso, nos somamos ao chamado da CSP-Conlutas e demais entidades para mostrar durante a visita do governador Alckmin à Zona Sul que queremos direito à saúde, educação e transporte. Chega de investir dinheiro público nas obras da FIFA!

O PSTU estará nas lutas contra as injustiças da Copa e também nas lutas travadas nas escolas, fábricas e bairros da região. Acreditamos que só a luta muda a vida e que é possível uma sociedade sem patrão, exploração, racismo, machismo e homofobia. Venha conhecer o PSTU!

*Janaína Rodrigues é uma jovem professora da rede estadual e municipal, mãe e lutadora da Zona Sul

LEIA MAIS
PM de SP atira em manifestante com arma de fogo