Pro-European integration protesters gather in front of burning tyres during clashes with riot police in Kiev January 23, 2014.

O processo revolucionário na Ucrânia, um dos mais agudos e contraditórios do momento, está ameaçado por duas grandes forças contrarrevolucionárias. Por um lado, o novo governo entreguista do oligarca Petro Poroshenko que, a mando dos bandidos imperialistas do FMI e da União Europeia (UE), continuará aplicando o brutal ataque contra a classe operária e o povo ucraniano herdado do governo de Turchínov-Yatsenyuk. Por outro, o reacionário governo de Vladimir Putin, representante da histórica opressão nacional da Rússia sobre a Ucrânia, que sofreu um duro golpe com a saída de Yanukovich, também lançou uma ofensiva contrarrevolucionária para manter a Ucrânia dentro de sua “zona de influência”, arremetida que encontrou seu ponto mais alto na ocupação militar e posterior anexação da Crimeia[1].

Como dissemos em nossa última declaração: “Tanto o novo governo ucraniano como Moscou compartilham a política de descarregar sobre os trabalhadores a crise que eles mesmos provocaram e se jogam para encerrar o processo revolucionário. Tanto uns como outros são agentes do imperialismo. Mas, nesse marco, disputam sua parte na exploração e saque dos recursos ucranianos”[2].

A contrarrevolução na Ucrânia é uma criatura de duas cabeças e ambas devem ser cortadas pela ação independente da classe operária e das massas populares, tanto do oeste como do sudeste do país. Por isso, dizemos que é fundamental a unidade da classe operária ucraniana contra ambos os projetos burgueses contrarrevolucionários, para lutar contra a colonização impulsionada por Poroshenko-FMI-UE e contra qualquer movimento separatista que divida os trabalhadores e ameace a soberania e unidade territorial da Ucrânia. Só uma política independente dessa natureza é viável para a conquista de uma Ucrânia independente, unida e socialista.

A posição do stalinismo…

Infelizmente, essa posição não é compartilhada pela maioria da esquerda. O stalinismo, em suas diversas variantes, entre as quais está o castro-chavismo, colocou-se desde o início na oposição ao processo revolucionário ucraniano e em defesa de oligarcas assassinos como Yanukovich, identificados com a continuidade da situação de opressão nacional russa e a colonização imperialista do país.

Essas correntes isolam e absolutizam as contradições do processo, como a existência de ilusões na UE e a presença de organizações nacionalistas de ultradireita e neonazistas durante os protestos na Praça Maidan, para concluir que tudo não passou de “golpe fascista financiado pela CIA e a UE”. De acordo com a lógica dessa posição, a ocupação militar e o referendo separatista impulsionado por Putin, que levou à anexação da Crimeia à Rússia, e o separatismo de setores pró-russos, que agora se manifestam no sudeste da Ucrânia, seriam una resposta justa e progressista diante da suposta “vitória do nazifascismo” em Kiev.

Assim, o stalinismo repete na Ucrânia o mesmo discurso que usa na Líbia e na Síria: quando as massas populares se levantam contra governos burgueses que esta corrente apoia, classifica esses processos como parte de uma “conspiração mundial imperialista” e se coloca ao lado desses regimes opressores, contra os povos.

Com essa lógica, o stalinismo em geral e o castro-chavismo em particular defenderam Yanukovich e hoje apoiam na Ucrânia qualquer ação proveniente do “campo” liderado por Putin, apresentado por sua propaganda como uma espécie de novo “líder anti-imperialista”, associado nostalgicamente a um renascido “poder soviético” que estaria encabeçando os “não alinhados” em meio a uma espécie de reedição da “guerra fria” contra os Estados Unidos.

…E seus imitadores, autointitulados “trotskistas”

Nesse marco, correntes que se reivindicam trotskistas cederam às pressões do castro-chavismo e, apesar dos argumentos aparentemente mais “esquerdistas”, chegam às mesmas conclusões. Já vimos este triste fenômeno nos casos da Líbia e da Síria. Agora o presenciamos na Ucrânia. É o caso do Socialismo ou Barbárie (SoB), corrente internacional à qual pertence o Novo MAS argentino. Suas análises sobre a situação na Ucrânia, especialmente a partir dos acontecimentos no sudeste ucraniano, têm sido tão frequentes como coincidentes, em linhas gerais, com as posições castro-chavistas e do próprio Putin, ao menos em três pontos centrais: 1- Os protestos na praça Maidán e a saída de Yanukovich; 2- A compreensão sobre o direito à autodeterminação das nações do ponto de vista marxista; 3- A partir de este último ponto, sua posição diante da anexação da Crimeia e a autodenominada “República Popular de Donetsk” (RPD).

Saída de Yanukovich: uma vitória democrática ou não?

O Socialismo ou Barbárie (SoB) critica nossa caracterização de que a saída de Yanukovich foi uma enorme vitória democrática das massas, a primeira grande conquista de um processo revolucionário que se abriu e está em curso, porque “na consciência dos setores de massas que ocuparam a Euro-Maidan primaram as ilusões na União Europeia e não a perspectiva do socialismo ou nada parecido com isso”[3] e ao fato de que, com sua saída surgiu “um governo títere dos EUA, da UE e do FMI, integrado por oligarcas ou seus agentes, além de uma boa dose de nazifascistas”[4].

O esquema do SoB é assim: como as massas não tinham uma “perspectiva socialista” e confiavam na UE e, no lugar de Yanukovich, assumiu um governo pró-imperialista e com participação de representantes da ultradireita, o processo foi reacionário de conjunto; houve uma derrota das massas e uma vitória do imperialismo e do nazifascismo. Esse raciocínio sectário acaba por negar a realidade, que é sempre contraditória. Põe um sinal de igual entre os processos progressistas da luta das massas exploradas contra os governos e os regimes capitalistas e suas direções contrarrevolucionárias.

A situação internacional, com um agravamento da crise de direção revolucionária, permite que ocorram vitórias parciais, que logo são usurpadas por direções contrarrevolucionárias. Mas nem por isso deixam de ser vitórias, nas quais as massas trabalhadoras fazem grandes experiências de luta. Inclusive podem ser conduzidas a derrotas posteriores por essas direções contrarrevolucionárias, mas isso sempre estará em disputa, pois estamos falando de processos vivos.

Essa é uma verdade que qualquer operário que alguma vez tenha participado de uma greve entende e reconhece, pois ninguém com alguma noção da luta de classes deixaria de apoiar, por exemplo, uma justa greve dos trabalhadores só porque ela tenha uma direção traidora. Ao contrário, apoiamos a fundo a greve e, ao mesmo tempo, disputamos sua direção com a burocracia.

Por isso, um esquema mecânico e subjetivista como o do Socialismo ou Barbárie terminará invariavelmente na esterilidade política e no oportunismo, negando os próprios processos e, nesse sentido, fechando a possibilidade de disputá-los, contra as direções contrarrevolucionárias, com uma política independente que possa superar essa dramática contradição e construir uma direção marxista revolucionária no seio das lutas das massas, com os inevitáveis limites e na forma como ocorrem. O resultado prático dessa visão sectária é, em síntese, a pior das capitulações: a renúncia da luta pela construção de uma direção revolucionária.

Além disso, no caso de Socialismo ou Barbárie, existe outro problema que é de método. Eles falsificam nossa posição e o próprio legado teórico de Nahuel Moreno quando nos acusam de defender que as vitórias democráticas ou de revoluções políticas democráticas contra regimes ditatoriais “em si” levariam “objetivamente” ao socialismo. Isso é falso. Tratamos esses processos como conquistas importantes, mas sempre no marco de processos revolucionários nos quais nós, revolucionários, devemos continuar, ao apoiar essas vitórias, lutando pela tomada do poder operário e pelo socialismo.

Esse desvio teórico leva as correntes como o SoB a citar em seus artigos as análises “sérias” de “marxistas” como Boris Kagarlitsky, que diz: “Por isso, Maidan, independentemente das palavras de ordem que levantava, tinha em sua base um programa de desmonte da democracia. Yanukovich era um governo corrupto mas democrático, algo muito conhecido na América Latina”[5].

Curioso conceito de “democracia”, inclusive de democracia burguesa, defendido pelo analista predileto do SoB, que qualifica de “democrático” um oligarca que governava com poderes quase absolutos[6] e mandou afogar em sangue os manifestantes da praça, lançando sobre eles as Berkut (tropas de elite da polícia)[7] e dezenas de franco-atiradores que assassinaram mais de cem pessoas[8].

Mas o SoB deveria ser consequente com seu esquema. Se Yanukovich era um “governo democrático”, que enfrentava um movimento de “desmonte da democracia”, “cada vez mais hegemonizado pelos fascistas do Svoboda e os neonazistas do Pravyi Sektor, que exibiam as insígnias Wolfsangel usadas pelas Waffen-SS”[9], desde o princípio a favor da “subida do pró-ocidental Yatsenyuk e dos fascistas do Svoboda”[10], deveria dizer claramente, como fazem os stalinistas, que estão com Yanukovich e a favor de afogar esse movimento essencialmente “nazifascista”. No mesmo sentido, se nossos críticos tivessem um mínimo de coerência, deveriam, mesmo sem dar-lhe apoio político, exigir o retorno incondicional de Yanukovich, suposto presidente “democrático” derrubado por um movimento essencialmente “neonazista”.

A esse respeito, se o que vimos durante a queda de Yanukovich foi uma espécie de neonazismo com peso de massas e “hegemônico”, o SoB deveria explicar porque o Svoboda e o Pravyi Sektor (Setor de Direita), obtiveram, nas últimas eleições, apenas 1,17% e 0,67% dos votos, respectivamente[11].

Para nós, a “falta de perspectivas socialistas” das massas e a subida de um governo neoliberal, pró-imperialista e com presença de partidos de ultradireita, que usurpou a vitória democrática concretizada pela derrota de Yanukovich, são consequência, sobretudo, da ausência de uma direção operária e revolucionária. Por isso, não se pode reduzir a importância dessa vitória democrática, nem tampouco invalidar o processo revolucionário aberto e em curso na Ucrânia pela ação das massas, mesmo com todas as suas confusões e limitações.

O elemento determinante na Ucrânia é que a vitória na Praça Maidan deu início a um processo de confronto aberto entre revolução e contrarrevolução que nem o novo governo, nem o imperialismo e tampouco Putin estão conseguindo controlar ou estabilizar. Isto ocorre porque as massas fizeram uma experiência acelerada e sentem-se vitoriosas. Enfrentaram e derrotaram a polícia (depois a obrigaram a ficar de joelhos e pedir perdão publicamente pela repressão), abriram uma crise no Exército e expulsaram do poder um oligarca autoritário, visto como agente da dominação russa. Esse sentimento de que “é necessário lutar e é possível vencer” será muito importante para futuros combates contra os planos de ajuste que Kiev já começou a aplicar.

Só entendendo o processo de conjunto, com suas contradições e seus limites, será possível intervir nele para construir uma direção revolucionária, que conduza as ações heróicas das massas ucranianas à tomada do poder e ao socialismo. As visões esquemáticas de correntes como o SoB são estéreis para esse objetivo central.

Uma falsificação do leninismo para abandonar a luta pela unidade da Ucrânia
É impressionante como o SoB, que sempre assume uma postura arrogante e um tom professoral quando polemiza com outras correntes, se perde no emaranhado de suas próprias contradições, fruto de seus esquemas erráticos para analisar a realidade. Outro argumento dessa corrente para negar a vitória popular em Maidan foi que esse processo colocava na “ordem do dia o perigo de uma divisão da Ucrânia”[12]. A partir daí, repete varias vezes que “desde o começo” suas notas “alertavam” que “a unidade nacional da Ucrânia está em jogo”[13]. Apesar desses “alertas”, o SoB não hesitou em apoiar a anexação da Crimeia por Putin e todo o movimento separatista que se manifesta na autodenominada “República Popular de Donetsk”.

Assim, o SoB não viu prejuízo algum à “unidade nacional da Ucrânia” na ocupação militar e anexação dessa península pela Rússia, em março passado. Mais ainda: soam divertidos os malabarismos e eufemismos que usam para esconder a grosseira agressão de Putin à Ucrânia quando se referem a essa espoliação como a “migração à Rússia da península da Crimeia”[14]. Essa imagem sarcástica dá a impressão de que a Crimeia foi “caminhando” para os braços do Kremlin.

Para os comentaristas do SoB, o que ocorreu com a Crimeia não foi uma anexação por parte de Putin, mas significou, simplesmente, “recolher do chão uma fruta madura”[15], pois para essa corrente, a Crimeia, de população majoritariamente russa, com uma minoria tártara, nunca havia sido parte da Ucrânia histórica[16]. Além disso, a “migração” ocorreu a partir de um referendo que deu ao fato uma legitimidade democrática; uma legitimidade que o governo de Kiev, por exemplo, não tem hoje”[17].

Este é exatamente o discurso de Putin e de todo o stalinismo para justificar a anexação da Crimeia. Quando o SoB fala de uma “população majoritariamente russa, com uma minoria tártara, [que] nunca havia sido parte da Ucrânia histórica”, simplesmente “esquece” que a atual Crimeia, muito antes da “transferência” desse território para a Ucrânia por Kruschev em 1954, era uma nação-estado tártara, que foi anexada em 1783 pelo império czarista. Também “esquece” que a atual “maioria russa” na Crimeia foi resultado de uma brutal russificação feita pelos czares, e por um genocídio contra a população tártara –que matou entre 200 e 250 mil pessoas– feito por Stalin em 1944, configurando um dos mais cruéis e criminosos atos de limpeza étnica na história moderna[18].

A Crimeia, ao longo de mais de dois séculos, transformou-se em um enclave russo, um território ocupado por uma população majoritariamente transplantada (a partir da expulsão e limpeza étnica da população autóctone, os tártaros da Crimeia) para garantir o controle total da base naval de Sebastopol, histórico posto militar dos interesses russos na região desde a época imperial.

Por isso, opusemo-nos ao referendo separatista na Crimeia. Não só por estar sendo incentivado por Putin e ser realizado em meio a uma ocupação militar, mas porque essa “população russa” não tem nenhum direito à autodeterminação nacional, entendido no conceito marxista-leninista de “separação” e direito à “formação de um Estado nacional independente”[19].

Portanto, é completamente equivocada a comparação feita pelo SoB entre a população russa étnica ou russófona da Crimeia e os casos da Catalunha e Euzkadi. Estas últimas são nacionalidades oprimidas dentro do Estado espanhol; os “russos” da Crimeia não conformam uma nacionalidade oprimida, pelo contrário, são parte de um enclave produzido pelo brutal chauvinismo grão-russo, que oprime a Ucrânia e as demais ex-repúblicas soviéticas não russas.

A comparação é entre a Crimeia e as Malvinas. Defender o direito democrático de “autodeterminação nacional” dos russos na Crimeia seria o mesmo que defender esse direito para os kelpers que vivem nas Ilhas Malvinas, e reconhecer suas aspirações “voluntárias” de manter esse território argentino sob o domínio britânico, expressas nos farsantes “referendos” organizados por Londres.

A posição do SoB, que justifica a agressão do opressor grão russo na Crimeia, fica ainda mais grave quando se refere ao caso das regiões do sudeste da Ucrânia, consideradas “historicamente parte da Ucrânia”.[20]

Mesmo assim, apoiou o referendo separatista de 11 de maio, ressaltando seu “caráter maciço” e o “direito de decidir” da população russa, étnica e russófona, dessas cidades, o que demonstra que o perigo que alertavam sobre a “unidade da Ucrânia” era mero palavrório.

Haverá alguma “explicação teórica” para o fato do SoB apoiar esses atentados à unidade da Ucrânia, apesar de dizerem que estão a favor dela?

O SoB responde: “estamos pela unidade nacional da Ucrânia. Mas a unidade nacional deve ser, necessariamente, voluntária (…)”[21]. E reforçam essa idéia: “para os socialistas revolucionários, a unidade nacional desse país ou qualquer outro deve ser livre e voluntária. Não pode ser imposta apontando uma pistola na cabeça de um setor da população e negando seu direito de decidir se quer se separar ou não[22].

Ou seja, em qualquer país, basta que “um setor da população” (nem sequer falam de “nacionalidade”) tenha a “livre vontade” de separar-se deste ou daquele Estado nacional para que os socialistas revolucionários, necessariamente, devam reconhecer a ele esse “direito”.

Para justificar essa posição, o SoB cita um trecho do texto O direito das nações à autodeterminação, escrito por Lenin em 1914, que transcrevemos da forma como aparece no site do SoB:

“A Noruega está ligada à Suécia por laços geográficos, econômicos e linguísticos não menos estreitos que os laços de muitas nações eslavas não grã-russas com os russos. Mas a união da Noruega à Suecia não foi voluntária…”.[23]

Nesse texto, Lenin, de fato, defendia o direito à separação dos noruegueses do Estado sueco, pois a “união da Noruega com a Suécia não era voluntária”. O problema é que o SoB omite a outra parte da citação, cortando o parágrafo pela metade. Consideramos oportuno fazer justiça ao método de discussão marxista e facilitar ao leitor a citação completa de Lenin, extraída da mesma fonte usada pelo SoB, na tradução ao português:

“A Noruega está ligada à Suécia por laços geográficos, econômicos e linguísticos não menos estreitos que os laços de muitas nações eslavas não grã-russas com os russos. Mas a união da Noruega à Suécia não foi voluntária, de modo que Rosa Luxemburg fala de «federação» absolutamente à toa, simplesmente porque não sabe o que dizer. A Noruega foi entregue à Suécia pelos monarcas no tempo das guerras napoleônicas, contra a vontade dos noruegueses, e os suecos tiveram de mandar tropas para a Noruega para a subjugar”.[24]

Ou seja, a “união da Noruega com a Suécia não era voluntária” porque a Noruega era uma nação que havia sido anexada à Suécia, contra a vontade dos noruegueses, com a força das armas. Era nesse contexto histórico concreto, que o SoB oculta de seus leitores, que Lenin defendia incondicionalmente “a liberdade de separação da Noruega”.[25]

O marxismo, ao contrário da concepção do SoB, apesar de estar, em geral, contra a criação de múltiplos “miniestados”, defende o direito incondicional à autodeterminação nacional (separação) das nacionalidades oprimidas.

Nesse marco, podemos considerar a população de origem russa e russófona do sudeste da Ucrânia uma nacionalidade oprimida dentro do Estado ucraniano? De forma alguma. Muito menos a população de origem russa da Crimeia. Pelo contrário, os oprimidos pela Rússia sempre foram os ucranianos.

A terrível “prisão dos povos” expressou-se na Ucrânia em invasões e ocupações militares, genocídios, proibição do idioma ucraniano, etc. Só para dar uma ideia da brutal “russificação” neste último aspecto, ainda em 1987, do total de escolas nas principais cidades, apenas 16% ensinavam o idioma ucraniano, contra 84% que usavam o russo.[26]

Não são procedentes, portanto, as falsas comparações feitas pelo SoB entre essas populações e os catalães, bascos ou noruegueses.

A revolução em curso na Ucrânia deve servir, além do mais, para que as correntes que se dizem revolucionárias – sobretudo as que se reivindicam trotskistas – recuperem todo o legado teórico de Trotsky sobre a questão da opressão nacional que a Rússia exerce sobre a Ucrânia há séculos. A esse respeito, Trotsky foi categórico:

“A burocracia também estrangulou e saqueou o povo da Grã-Rússia. Mas nas questões ucranianas as coisas complicaram-se ainda mais pelo massacre das esperanças nacionais. Em nenhuma outra parte as restrições, purgas, repressões e, em geral, todas as formas de mentiras burocrática assumiram dimensões tão assassinas como na Ucrânia, ao tentar esmagar poderosos anseios de maior liberdade e independência profundamente arraigados nas massas.”[27].

É fundamental, contra o vendaval ideológico stalinista, que tenta negar a opressão histórica da Rússia sobre a Ucrânia[28], ao qual muitos “trotskistas” se adaptam, que as novas gerações de marxistas estudem as posições de Lenin sobre o problema nacional:

“Cumpre distinguirmos entre o nacionalismo da nação opressora do nacionalismo da nação oprimida, entre o nacionalismo da nação grande e o nacionalismo da nação pequena.

“[…] o internacionalismo por parte da nação opressora ou da chamada nação grande (embora seja só grande pelas suas violências, só como o é um esbirro) não deve reduzir-se a observar a igualdade formal das nações, quanto também a observar uma desigualdade que de parte da nação opressora, da nação grande, compense a desigualdade que praticamente se produz na vida. Quem não tenha compreendido isto, não tem compreendido a posição verdadeiramente proletária face ao problema nacional; no fundo, continua a manter o ponto de vista pequeno-burguês, e por isso não pode evitar escorregar a cada instante ao ponto de vista burguês”.[29]

“Silêncio na noite” diante do separatismo…

O plano de ajuste brutal aplicado pelo governo de Kiev atinge o conjunto dos trabalhadores, tanto do oeste como do leste. Esses ataques, como veremos, estão despertando um processo progressista de luta operária em algumas cidades do sudeste. No entanto, é um erro tão grave como comum na maioria da esquerda confundir esses processos de luta operária com as ações armadas e a própria conformação da “República Popular de Donetsk”. São coisas totalmente diferentes.

Dissemos em nossa última declaração: “Há uma luta nacional progressista da Ucrânia como nação oprimida, tanto contra a opressão russa histórica quanto contra o imperialismo mundial. Essa luta deve continuar, e se expressa hoje no confronto com o governo de Kiev e as políticas da UE-FMI e de Moscou. Isso nada tem a ver com a atual tentativa de separação expressa pela República Popular de Donetsk e a criminosa tentativa separatista encabeçada pelas organizações que realizaram o referendo de 11 de maio, que deve ser repudiada pela classe trabalhadora ucraniana e mundial[30].

Um exemplo das posições stalinistas sobre a caracterização dos acontecimentos no sudeste ucraniano está em um artigo de James Petras, citado pelo Partido Comunista Brasileiro: “O governo de Kiev é produto de um golpe financiado pelos EUA (…)”[31] e a RPD e suas milícias seriam: “Os Conselhos Operários e Populares na Ucrânia Oriental, são um embrião da democracia socialista. As milícias populares são o embrião de um Exército de Liberação”[32].

Uma vez mais, a visão dos fatos por parte do SoB é essencialmente a mesma: “O levante do Leste é, socialmente, a rebelião da região industrial e operária da Ucrânia”[33]. Afirma que seria uma sublevação “armada e que, de fato, exercia o poder nas principais cidades do leste”[34] e muito progressista e oposta à Praça Maidan pois “se veem bandeiras vermelhas com a foice e o martelo em concentrações em volta da estátua de Lenin”[35].

No mesmo sentido, tentando dar um “caráter maciço” e progressista à RPD, ressalta que “os referendos nos oblasts de Donetsk e Lugansk tiveram uma participação maciça”[36] e que “A declaração da República Popular de Donetsk também fala de propriedade social”[37] etc.

Esta é a repetição, com verniz “marxista”, que o SoB faz dos “Conselhos Operários” e do “Exército de Liberação” que o stalinismo inventou para apoiar o separatismo pró-russo.

Como dissemos, existe uma desconfiança e um descontentamento enormes em setores do movimento operário em cidades do sudeste da Ucrânia contra o governo central de Kiev e os brutais ataques ao nível de vida das massas. Isso é muito progressista, pois demonstra a existência de um espaço importante para impulsionar uma política independente da classe operária contra Kiev e contra Moscou, fundamental para que o processo revolucionário possa avançar. Esses incipientes, mas importantíssimos processos de luta operária independentes são o oposto da República Popular de Donetsk e a de Lugansk.

Em nossa última declaração saudamos os valiosos exemplos dos mineiros de Kryvyi Rih (Dnipropetrovsk), que são do sudeste e que apoiaram a luta em Maidan e agora reivindicam a necessidade de um “Maidan operário”. Eles lutam contra os planos de ajuste de Kiev, mas também contra o separatismo e defendem a unidade do país. Nesse marco, reivindicam a unidade da classe operária do leste e do oeste para lutar contra os oligarcas russos e ucranianos.

Esse processo ocorre também em outras cidades mineiras, como Krasnodon (Lugansk) e Mariupol (Donetsk), onde centenas de operários que trabalham nas minas do oligarca Akhmetov saíram às ruas para expressar seu apoio a uma “Ucrânia unida” e expulsar os separatistas armados pró-russos da prefeitura e outros edifícios públicos[38]. Esses fatos demonstram que está colocada uma possibilidade real de que os trabalhadores controlem a situação, enfrentando os separatistas pró-russos e o governo pró-imperialista de Kiev, e também os oligarcas locais, como Akhmetov.

Qual a razão do “silêncio na noite” do SoB sobre esses reais processos operários progressistas?

Ao contrário da opinião de que a autoproclamada RPD expressaria “a rebelião da região industrial e operária da Ucrânia”, os fatos vêm mostrando que a RPD é a materialização de um projeto separatista que está cada vez mais isolado, e que os reais movimentos operários e populares estão contra o mesmo, já que seu programa de divisão do país e anexação à Rússia ficou claro.

A RPD e o referendo separatista impulsionado pelos seus líderes não podem ser, de forma alguma, apoiados pelos revolucionários. É um movimento reacionário que, seguindo a linha da anexação da Crimeia pela Rússia, propõe a partilha da Ucrânia para criar um novo país chamado “Novorosia” (Nova Rússia)[39] .

Esse projeto ficou expressamente claro depois do referendo ardiloso organizado pela RPD a favor de uma abstrata ideia de “independência”[40].

No dia seguinte, Denis Pushilin, um dos líderes da RPD, leu uma declaração “oficial” dizendo: “partindo da expressão da vontade popular da República Popular de Donetsk e com o objetivo de restabelecer a justiça histórica, pedimos à Federação Russa examinar o tema da incorporação da República Popular de Donetsk à Federação Russa”.[41]

Recentemente, nas eleições, Andrei Purgin, vice-primeiro-ministro da RPD foi enfático nesse sentido: isto já não é a Ucrânia, assim, não há nada para votar. É uma eleição para eleger o presidente de um país estrangeiro (…). Nosso projeto de recuperar a Nova Rússia afeta outras províncias além de Donetsk e Lugansk, e necessitamos tempo”[42]. Esse projeto divisionista é nefasto, pois, se for concretizado, a Ucrânia perde 26,2% de sua população e 18,5% de seu território (incluindo a Crimeia), uma região responsável por 15% do PIB e que concentra 12% dos recursos naturais.[43]

… e diante dos líderes nazi-fascistas pró-russos

O SoB, corretamente, denuncia as organizações nazifascistas, como o Svoboda e o Setor de Direita, mas curiosamente mantém “silêncio” em relação aos líderes da suposta “rebelião operária”, que estaria ocorrendo na RPD. Este não é um tema menor, pois todos eles são nacionalistas pró-russos extremos e ligados a organizações também nazifascistas russas.

O “primeiro-ministro” da RPD, Alexander Borodai, é um russo que se apresenta como o principal arquiteto da anexação russa da Crimeia: O que está ocorrendo no leste da Ucrânia faz parte do mesmo projeto geopolítico. O território da Crimeia está estreitamente conectado com o Donbas, e as pessoas que alentaram os movimentos são as mesmas. Assim, quando acabei meu trabalho na Crimeia, automaticamente, vim para cá”, declarou.[44]

O comandante-chefe de todos os grupos armados da RPD também é russo e diz chamar-se Igor Strelkov, sendo, na verdade Igor Guirkin, oficial do serviço de inteligência militar russo[45]. Pável Gúbarev, nomeado “governador popular” da RPD, é conhecido pelas reuniões feitas pelo Partido das Regiões (PR), do ex-presidente Víctor Yanukovich, antes da crise de Maidán[46]. Viacheslav Ponomariov, “prefeito popular” de Slaviansk, é um dos que mais pede apoio e armas a Putin[47].

Na verdade, o núcleo político que dirige a autoproclamada RPD é um movimento fundado em 2005 e que se chamava justamente “República de Donetsk” (“Donetskaya Republika”). Entre seus fundadores estão Aleksandr Tsurkan, Andrey Purgin e Oleg Frolov; o primeiro, até um ano atrás, também integrava o comitê eleitoral de Yanukovich; os demais integravam a poderosa “União Euroasiática da Juventude” (Evraziyskiy Soyuz Molodezhi), uma organização de extrema-direita pró-Putin, muito próxima ao Kremlin, fundada pelo neofascista russo Aleksandr Dugin, professor da Universidade Estatal de Moscou e assessor da presidência da Duma russa. Também faz parte desse movimento o neonazi Aleksandr Matyushin, conhecido nos meios neofascistas como “Varyag” e integrante da organização neofascista russa “Imagem Russa” (“Russkiy Obraz”).

No final de janeiro, quando começava a crise mais aguda em Maidan, ocorreu em Donetsk uma reunião desses grupos de extrema-direita. Participaram movimentos como o “Patriya”, os neonazistas da “Unidade Eslava” (“Slavyanskoe Edinstvo”) e o “Taganrog Blanco” (“Bely Taganrog”) de Rostov, além de torcedores radicais do clube de futebol Shakhtar. O encontro se autointitulava “O ‘projeto Ucrânia’ como ameaça para o mundo russo” e resolveu criar um “comitê de organização” para a “defesa da cidade” e “grupos móveis, capazes de deslocar-se rapidamente e em qualquer momento”.[48]

Da mesma forma, o núcleo central das denominadas “autodefesas” da RPD são grupos paramilitares nazifascistas que já existiam muito antes da crise atual e contam com a participação direta de militares russos, como seus próprios líderes o reconhecem[49]. Como exemplo, citamos a organização paramilitar “Unidade Nacional Russa”, fascista, com “milhares de membros” que têm presença em mais de 400 cidades russas e que recentemente chamou a formação de um “corpo de voluntários” para ajudar seus “irmãos ortodoxos russos” no leste da Ucrânia[50].

Entre as organizações militares melhor preparadas estão também o Batalhão Vostok e a Oplot. A esta última responde Miroslav Rudenko, um dos líderes da RPD que defende abertamente a posse do sudeste da Ucrânia pelo ex-império russo. A Oplot defende que, depois de sua independência, a Ucrânia “se consagrou primeiro como uma entidade diferente da Rússia e, depois, como uma entidade antirrussa”[51]. Outro dirigente da RPD, Zajárchenko, confessa que a Oplot “era a única organização que pedia armas para pôr o país em ordem”[52] durante os protestos contra Yanukovich em Kiev.

Entre as “milícias populares” também encontramos, finalmente, uma boa quantidade de efetivos das exBerkut. Muitos desses soldados tinham se unido aos separatistas da Crimeia e passado a integrar as tropas russas. Nesse sentido, as ex-Berkut do sudeste da Ucrânia somaram-se às forças da RPD a pedido de seus ex-colegas da Crimeia[53].

Esses fatos lançam por terra as versões stalinistas que pretendem apresentar esses dirigentes e grupos armados nazifascistas como parte de uma “rebelião operária” ou como lutadores “antifascistas”. Acontece o contrário: os processos incipientes, mas muito progressivos de lutas operárias, como vimos, ocorrem contra o projeto separatista da RPD.

Nesse sentido, é escandaloso que, mesmo reconhecendo que a RPD tem um projeto separatista com “duas variantes programáticas que se expressam na rebelião do Leste ucraniano, a de um federalismo extremo (que incluiria as áreas de relações exteriores, medidas econômicas e comércio exterior) ou a de incorporar-se diretamente à Federação Russa[54], exijam de Putin (em uníssono com os dirigentes russos da RPD) uma intervenção mais decidida, inclusive mandando armas para esses grupos separatistas e neonazistas.

Assim, acusam Putin de ter uma política “sinistra”, “pérfida”, “covarde” e “pusilânime” porque não fornece nem um cartucho sequer aos ‘pró-russos’ do Leste ucraniano[55], “… sem falar de armamento pesado ou soldados russos, com a desculpa que seja…”[56] , o que, para o SoB, configura uma traição de Putin às maiorias sublevadas do leste da Ucrânia”[57]. Perguntamos ao SoB: se Putin “traiu” as “maiorias sublevadas” é porque alguma vez esteve ao lado delas?

A conclusão mais coerente dessas “críticas” do SoB à “traição” de Putin não pode ser outra que: Putin: intervenha no sudeste da Ucrânia!; Putin, deixe de discursos e mande armas para a RPD! O resultado de uma política desse tipo não seria outro que a anexação –como ocorreu com a Crimeia– do sudeste da Ucrânia.

Todas essas questões demonstram que, enredada nas contradições de seus próprios desvarios teóricos, a direção do SoB não tem uma política independente diante do processo revolucionário na Ucrânia. Pelo contrário, caíram, mais ou menos conscientemente, na armadilha mortal do “campismo” proposto pelo stalinismo, alinhando-se objetivamente com as ações de Putin e dos separatistas da RPD.

De nossa parte, continuaremos afirmando que o avanço da revolução na Ucrânia passa por enfrentar sem reservas e derrotar as duas ameaças contrarrevolucionárias que a ameaçam, tanto a representada pelos saqueadores imperialistas e o governo de Kiev, quanto a que se materializa na política de Putin e do separatismo pró-russo. Diante dessa dupla ameaça contrarrevolucionária, só uma política independente que lute pela unidade da classe operária e pela unidade e soberania do país pode abrir caminho para a revolução socialista, que ocorrerá contra a ofensiva colonizadora imperialista e o opressor grão-russo.

Tradução: Cecília Toledo

 


[3] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2113

[4] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2374

[5] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2508 – Os sublinhados são nossos, salvo indicado o contrário.

[6] Vale lembrar que um dos motores das mobilizações na Praça Maidan era a deposição imediata de Yanukóvich, o fim das “leis repressoras” e a anulação da Constituição de 2010, para reduzir os poderes do presidente.

[7] Yanukovich tentou várias vezes mandar os militares reprimirem os manifestantes na Praça Maidan mas não conseguiu, porque o processo revolucionário abriu uma crise na base do Exército, que se expressou na cúpula da instituição. Ver: http://pstu.org.br/node/20421

[8] http://pstu.org.br/node/20421

[9] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2113

[10] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2113

[11] http://www.la-razon.com/mundo/Poroshenko-gana-elecciones-presidenciales-Ucrania_0_2058994144.html

[12] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2047

[13] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2128

[14] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2220

[15] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2128

[16] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2220

[17] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2128

[18] http://litci.org/inicio/newspaises/europa/ucrania/4270-referendo-historia-revolucion-y-contrarrevolucion

[19] http://www.marxists.org/espanol/lenin/obras/1910s/derech.htm

[20]http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2220

[21] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2452

[22] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2128

[23] http://marxists.org/portugues/lenin/1914/auto/cap03.htm#i6

[24] http://marxists.org/portugues/lenin/1914/auto/cap03.htm#i6

[25] http://www.marxists.org/espanol/lenin/obras/1910s/derech.htm

[26] Kowalewski, Zbigniew: Ucrania: despertar de un pueblo, recuperación de una memoria. Revista Correo Internacional número 56, noviembre de 1991.

[27] http://litci.org/pt/index.php?option=com_content&view=article&id=3887:a-questao-ucraniana. (sublinhados nossos).

[28] No site do PCB se lê, por exemplo, coisas como esta: “A URSS não existe mais. A opressão nacional que ocorreu com o tempo dentro da URSS sobre a Ucrânia não existe mais, o que significa que não existe o imperialismo russo atuando sobre ela. Mas a opressão nacional que existe hoje é dos ucranianos ocidentais contra os ucranianos orientais com maioria russa. Se a opressão russa do passado sobre os ucranianos explica a raiva dos ucranianos ocidentais contra Moscou, não justifica a opressão atual contra os russos da Ucrânia oriental”. http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=7462:o-que-diria-lenin-sobre-os-movimentos-separatistas-na-ucrania&catid=138:ucrania

[29] http://litci.org/pt/index.php?option=com_content&view=article&id=3874:acerca-do-problema-das-nacionalidades-ou-sobre-a-qautodeterminacaoq

[30] http://litci.org/pt/index.php?option=com_content&view=article&id=3926:declaracao-da-lit-qi-sobre-a-situacao-da-ucrania&catid=737:declaracao-lit-qi&Itemid=65

[31]http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=7401:na-ucrania-ha-uma-ofensiva-militarizada-com-metas-totalitarias&catid=43:imperialismo

[32]http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=7401:na-ucrania-ha-uma-ofensiva-militarizada-com-metas-totalitarias&catid=43:imperialismo

[33] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2368

[34] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2286

[35] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2452

[36] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2460

[37] http://www.mas.org.ar/?p=1546

[38] http://litci.org/pt/index.php?option=com_content&view=article&id=3926:declaracao-da-lit-qi-sobre-a-situacao-da-ucrania&catid=737:declaracao-lit-qi&Itemid=65

[39]http://www.elconfidencial.com/ultima-hora-en-vivo/2014-05-07/regiones-del-sureste-de-ucrania-quieren-estado-independiente-de-novorossia_251161/. Invocando os mapas do antigo império zarista, Putin utilizou o termo Novorosia para referir-se às regiões do sudeste da Ucrânia: “Empregando a terminologia zarista, quero dizer que isto não é Ucrânia, mas Novorosia. Trata-se de Járkov, Donetsk, Lugansk, Hersón, Nikoláiev, Odessa, que na época zarista não estavam na Ucrânia, mas que lhe foram entregues mais tarde. Sabe Deus porque” (El País, 19/04/2014). Novorosia foi uma província zarista que se formou no século XVIII no território conquistado ao império otomano ao norte do mar Negro e que existiu até 1802.

[40] Sobre a posição da LIT diante do referendo no sudeste ucraniano, ver: http://www.litci.org/declaraciones/740-declaracion-litci-europa/4385-declaracion-de-la-lit-ci-sobre-la-situacion-en-ucrania

[41] http://internacional.elpais.com/internacional/2014/05/12/actualidad/1399909578_267199.html

[42] http://www.abc.es/internacional/20140525/abci-entrevista-andrei-pugin-donetsk-201405241737.html

[43] http://elcomercio.pe/mundo/actualidad/ucrania-podria-perder-185-su-territorio-mayo-noticia-1726191

[44] http://internacional.elpais.com/internacional/2014/05/18/actualidad/1400435500_563668.html

[45] http://internacional.elpais.com/internacional/2014/05/10/actualidad/1399742901_257025.html

[46] http://internacional.elpais.com/internacional/2014/05/10/actualidad/1399742901_257025.html

[47] http://internacional.elpais.com/internacional/2014/05/10/actualidad/1399742901_257025.html

[49] http://sp.ria.ru/international/20140529/160258770.html

[50] http://www.elministerio.org.mx/blog/2014/05/nacionalistas-rusos-ucrania/

[51] http://internacional.elpais.com/internacional/2014/04/30/actualidad/1398886956_295432.html

[52] http://internacional.elpais.com/internacional/2014/04/30/actualidad/1398886956_295432.html

[53] http://es.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_Popular_de_Donetsk

[54] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2460

[55] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2368

[56] http://www.socialismo-o-barbarie.org/?p=2368