Campanha pela libertação dos presos políticos no Rio de Janeiro

Prisões arbitrárias foram realizadas após protesto dos educadores no dia 15 de outubro

No dia do professor, 15 de outubro, os educadores deram mais uma lição de luta mobilizando quase 100 mil pessoas em solidariedade a sua greve. Um gigantesco protesto ocupou a Avenida Rio Branco de ponta aponta. Logo após o encerramento do vitorioso ato, a polícia militar desencadeou mais uma brutal repressão pelas ruas do centro da cidade.

O que se anunciava no tom de ameaça autoritária dos governos de Sérgio Cabral e Eduardo Paes (ambos do PMDB) e da grande mídia, capitaneada pela Rede Globo, se confirmou na noite desta terça-feira, 15/10.

A Polícia Militar havia ficado completamente desmoralizada por suas recentes ações, como a absurda truculência com que desocupou a Câmara dos Vereadores na madrugada de 29 de setembro; a forma com que impediu o acesso a um prédio público, o da Câmara Municipal, enquanto espancava e lançava bombas em professores no dia 1° de outubro; a tortura e morte do pedreiro Amarildo dentro de um container da UPP da Rocinha; os abusos, truculência e autoritarismo ao lidar com o direito à livre manifestação. E, por fim, desmoralizada pelo amplo apoio popular às mobilizações dos profissionais de educação, a PM se retirou das ruas no dia 7 de outubro. Sua tentativa era recuperar a moral necessário para reprimir as manifestações com a desculpa de combate ao “vandalismo”.

Infelizmente, alguns caíram na armadilha e a já violência policial aconteceu também no dia 7/10. Dessa vez reanimada, no dia 15, a polícia subiu o tom da repressão, e partiu pra cima de quem ainda estava na Praça da Cinelândia após os protestos dos educadores. Prendeu aleatoriamente quem estava na escadaria da Câmara Municipal e promoveu verdadeiro terrorismo nos arredores do centro.

São vários os vídeos de policiais atirando com arma de fogo durante a passeata e a notícia de pelo menos um baleado. Mais de 200 detidos, sendo 40 presos. Dentre eles, dois carteiros, um repórter da mídia independente, vários adolescentes e até um jovem vestido de palhaço. Todos enquadrados como “formação de quadrilha” e encaminhados em ônibus para presídios.

Entre os presos, Vinicius Clemente Bahia, trabalhador dos correios e militante do PSTU, além de estudantes e jornalistas. Todos enquadrados na recém-criada lei de crime organizado. A nova lei, votada em setembro na Alerj, é mais dura e prevê penas bem maiores para os “crimes” nela tipificados, como o uso de máscaras nos protestos.

PM dispara armas de fogo contra manifestantes e prende mais de 200
Novamente com a desculpa de que estariam combatendo uma ação dos Black Blocs, a PM do Rio de Janeiro mostrou porque cresce o grito pela sua desmilitarização. Além das tradicionais bombas, cacetes e uso de P2 infiltrados, foram utilizadas também armas de fogo. Vários relatos e imagens de projéteis encontrados pelas pessoas estão circulando na internet.

A barbárie policial foi tão grande que, por volta das 23 horas, dezenas de policiais ocuparam a Praça da Cinelândia e retiraram a força as barracas e os manifestantes do acampamento que há semanas permanecia na frente da Câmara de Vereadores. Cercaram e prenderam, nas escadarias da Câmara, quase 200 pessoas, muitas delas nem estavam envolvidas com os enfrentamentos com a Tropa de Choque. Essas pessoas foram levadas presas em ônibus da própria PM e de uma empresa privada para delegacias em bairros distantes do centro da cidade.

O objetivo de toda essa escalada repressiva é derrotar a luta dos profissionais de educação que já dura três meses e vem questionando duramente os governos de Cabral e Paes. Além de procurar desmobilizar os setores da classe trabalhadora e da sociedade que saíram às ruas em apoio aos educadores e contra a repressão policial aos movimentos sociais.

É preciso denunciar em todos os espaços as ações violentas e criminosas da polícia e exigir a liberdade imediata de todos os presos políticos.

Liberdade imediata a todos os presos políticos de Cabral e Paes!

Lutar não é crime, lutar é direito! Contra a repressão aos movimentos sociais;

Em defesa de todo ativista atacado pela repressão ou perseguido pelo Estado;

Construir a autodefesa dos trabalhadores em luta;

Pela desmilitarização da Polícia Militar, pelo fim da PM;

Pela construção de uma polícia de caráter civil, eleita democraticamente e controlada pela comunidade.