Juventude do PSTU

Marina Cintra, Marina Peres e Israel Luz, de São Paulo

Desde o começo do mês, muitos estudantes sentiram no bolso a mais nova medida anti-popular de João Dória (PSDB). Outros tantos estão percebendo agora o efeito da restrição no passe-livre: em vez de 8 embarques durante o dia todo, agora só é possível fazer 4 dentro de 2 horas. Isso limita nosso deslocamento ao percurso entre a casa e a escola ou universidade.

O que na realidade os tucanos estão preparando é o fim do passe-livre, conquistado como efeito das Jornadas de Junho de 2013 que puseram na parede tanto o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), quanto o aliado de Doria, Geraldo Alckmin (PSDB).

Uma política de transporte público para os empresários
Anunciado em julho, o corte atinge cerca de 1 milhão de secundaristas, universitários, estudantes do nível técnico e profissionalizante das instituições públicas, com renda familiar menor que um salário mínimo e meio.  Ou seja, em plena crise econômica, com alta no desemprego, o PSDB resolve tirar cada vez mais dinheiro do bolso dos trabalhadores.

Segundo fontes oficiais, o corte representa uma economia de R$ 70 milhões, a serem supostamente investidos na própria Educação. Se não bastasse isso, a SPTrans tem a cara de pau de colocar nos ônibus um jornal afirmando que agora todo estudante tem o mesmo direito: todos estão sob as regras da meia-tarifa.

Além disso, desde janeiro já foram cortadas 21 linhas de ônibus e o emprego dos cobradores está sumindo, graças à medida da prefeitura. Além disso, através do governo do Alckmin, avança a privatização da Linha 5 Lilás do metrô e a terceirização dos seus trabalhadores.

Doria e Alckmin vêm em uma ação combinada deixando cada vez mais caros os custos do transporte para a população. Sem mexer no atual preço de R$ 3,80, já aumentaram o preço da integração entre ônibus, metrô e trem.

Não há dúvida: estamos pagando mais caro por um serviço de péssima qualidade, com menos ônibus rodando pela cidade, com restrição do passe-livre e  ônibus cada vez mais lotados, isso sem falar no assédio que nós mulheres sofremos todos os dias. Nós só perdemos, mas os amigos empresários do prefeito e do governador ganham muito com essa situação.

Doria põe São Paulo à venda
A política para o transporte público é parte de uma série de cortes no orçamento, associados ao projeto de privatização do tucano. O prefeito playboy criou até uma pasta específica para isso, a Secretaria Municipal de Desestatização e Parcerias.

O plano é entregar à iniciativa privada mais de 55 patrimônios públicos, como o Estádio do Pacaembu e o parque do Ibirapuera. Entre eles, está a operação do Bilhete Único. A Prefeitura declara que economizaria R$ 250 milhões com o sistema em mãos privadas.  Os cortes nos benefícios são parte de tornar o negócio rentável e atrativo para os capitalistas.

Derrotar o prefeito nas quebradas, ruas, escolas e universidades!
O ataque ao passe-livre é parte do plano de privatização do patrimônio público que vai entregar à iniciativa privada a gestão do Bilhete Único. Significa um brutal ajuste nas contas da prefeitura que, a exemplo do que vem fazendo o Governo Temer, favorece somente os capitalistas.

Diante desta realidade, nossa tarefa é derrotar o plano de privatização, especialmente a da operação do Bilhete Único neste momento, pois esta é a razão de fundo para os cortes dos benefícios conquistados pelo proletariado e pelos estudantes.

A defesa do passe-livre é o primeiro passo no processo porque conseguiu destravar mobilizações como nenhum outro item do plano do prefeito. Além disso, denunciamos o absurdo corte de linhas enquanto os maiores interessados só descobrem no momento em que precisam delas.

A população é quem deve decidir sobre a política de transporte público. O caminho para isso é construir comitês populares que imponham à prefeitura a reversão do corte no passe-livre, do fim das linhas e a redução da tarifa de R$ 3,80, rumo à tarifa zero.

Se nas mãos do capital e de seu governo o transporte não atende nossas necessidades, ele precisa ser público e estatal.  Mas não cremos que Doria fará isso, afinal está privatizando tudo. É preciso começar a discutir que o prefeito tem que cair e nossa mobilização tem que se colocar este objetivo a médio e longo prazo.

Nossa luta também precisa ser contra Temer e o Congresso
Por fim, queremos fazer um debate com os lutadores e lutadoras: não podemos limitar nossas manifestações à luta contra a prefeitura. Doria é cada vez mais um aliado de Temer e busca se projetar como figura nacional, como provam suas viagens pelo Brasil nos últimos dias.

Apesar de falarem, PT, PCdoB e UNE/UBES não lutam de fato para derrubar o presidente. Sua política é desgastá-lo para favorecer suas candidaturas em 2018. Não foi à toa que traíram a proposta de greve geral do dia 30 de junho. Nada de novo: esses partidos vem há anos desviando a luta dos trabalhadores e da juventude para as eleições. Se sentem bem mesmo é nas poltronas confortáveis dos gabinetes da democracia dos ricos.

Sendo assim, é essencial que cada mobilização pelos nossos direitos esteja também a serviço de derrubar Temer e o Congresso. Inclusive porque não existe possibilidade de derrotar os ataques, sejam sobre o passe-livre, sejam sobre os direitos trabalhistas, sem tirar os responsáveis por eles. Já está provado: cada dia a mais que Temer, Doria e seus amigos passam no governo, nossa vida só piora.

Passe-livre fica! Fora Doria playboy!

Fora Temer e todos os corruptos!

Nossos direitos não estão à venda! Contra o pacote de privatização de Doria! Estatização das empresas de transporte público!

Por um governo dos trabalhadores apoiado em conselhos populares! Que nós definamos a política de transporte público da cidade!