Manifestantes tomam Congresso Nacional da noite de 31 de março
Redação

Repúdio e condenação à repressão policial

A repressão contra os manifestantes durante a tarde e noite diante do Congresso, onde, irrefreavelmente e com uma premeditação inimaginável, foi tramada a emenda [constitucional] impulsionada pela aliança cartista-luguista-llanista [1].

Tudo o que está ocorrendo gira ao redor das ambições eleitorais dos representantes da narcopolítica, como Cartes, o servil Llano e o cínico e oportunista Lugo. Dessa maneira, abre-se uma perigosa trilha regressiva quanto ao regime político.

Uma massa enaltecida expressou seu descontentamento. Milhares de pessoas, principalmente jovens, diante de tamanho atropelo, tomaram as praças do Congresso expressando não apenas seu rechaço à arremetida reacionária, mas também a raiva contida contra todo o regime e, principalmente, contra o governo Cartes.

Esta fúria e ira contidas de amplos setores oprimidos pelo galopante autoritarismo do governo e a desavergonhada corrupção do Parlamento se expressaram no incêndio de partes completas do edifício do Congresso.

Um maior retrocesso no regime é intolerável! A ofensiva cega contra normas e procedimentos básicos da institucionalidade burguesa expressa a onda avassaladora do governo Cartes, em tramada conspiração com Lugo e Llano, que procura tirar proveito da sua situação de máfia.

Os fatos ocorridos advertem que este cenário é apenas a antessala de um maior endurecimento do regime. Diante da iminência da abertura de uma etapa com maiores fluxos reacionários, entendemos que o recurso que resta é a clara e contundente manifestação de rechaço, como o ocorrido na tarde e noite de fúria de 31 de março.

O luguismo como peão da estratégia cartista
As pesquisas cegam àqueles que têm meros interesses eleitoralistas. O luguismo se lança a assegurar os postos de seus legisladores e justifica sua movimentação com o discurso ingênuo de que serão derrotados eleitoralmente. Lugo mantém o silêncio, deixando o trabalho sujo para os seus senadores, que acompanham fanaticamente um processo que nos leva a um passado ao qual não queremos voltar.

A oposição que está por fora da mesa de Cartes e seus barões
Sem apoiar a atual oposição política, que são outros ilustres sem-vergonhas, representantes dos interesses do outro bando capitalista (Marito, Alegre e companhia), condenamos os sucessivos atropelos à Constituição Nacional com o objetivo de continuar o saque e a miséria da maioria do povo trabalhador.

Ambos os bandos capitalistas não têm nada a ver com nossas vidas e nossos interesses. Chamamos ao povo trabalhador a romper com os partidos tradicionais e com os que defendem ser a mudança, enquanto negociam e convivem com o pior da política paraguaia. Esta disputa interburguesa nos interessa apenas na medida em que não voltemos a um regime autoritário, como o vivido com o estronismo.

Convocamos ao povo trabalhador a nos organizarmos e nos mobilizarmos para frear este processo autoritário.

NOTAS:

[1] Cartista: refere-se ao setor encabeçado pelo atual presidente Horácio Cartes, do Partido Colorado; luguista: referente ao grupo encabeçado pelo ex-presidente Fernando Lugo, da Frente Guasú; llanista: refere-se ao setor do Partido Liberal dirigido pelo senador Blas Llano. Esta aliança aprovou, a portas fechadas no Senado, a Emenda Constitucional que permitiria a reeleição de Cartes e Lugo. A reeleição presidencial é proibida pela Constituição paraguaia de 1992, posterior à queda da Ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989) [nota da tradução].

Por: Partido de los Trabajadores – Paraguai

Tradução: Isa Pérez