Manifestação reuniu mais de 30 mil

50 manifestantes foram detidos, houve muitos feridos e uma trabalhadora morreu, atingida por bombas de efeito moral da polícia

As ruas de Belém foram novamente tomadas pela juventude e por trabalhadores nesta quinta-feira (20/06). No total, 15 mil pessoas se reuniram na Praça do CAN, em frente à Basílica de Nsa. Sra. de Nazaré, e caminharam até a Prefeitura Municipal de Belém (PMB), exigindo do prefeito, Zenaldo Coutinho (PSDB), a redução da tarifa de ônibus e passe livre para estudantes e desempregados. O ato, pacífico em sua maioria, teve pontos altos de tensão na chegada à PMB e acabou com forte repressão policial. O resultado foi a prisão de cerca de 50 manifestantes, muitos feridos e a morte de uma trabalhadora, atingida por bombas de efeito moral atiradas pela polícia.
 
Os manifestantes iniciaram o protesto na Avenida Nazaré. Já neste momento era clara a aprovação e aceitação de várias pessoas que acompanhavam a manifestação acenando e aplaudindo de suas casas. Como resposta, ouviam da grande massa nas ruas: “Vem, vem, vem pra rua, vem. Por passe-livre!”. Ao passar em frente à TV Liberal, afiliada da Rede Globo, a pauta do transporte público deu lugar à crítica contra a manipulação exercida pelos grandes meios de comunicação. Mas as reivindicações não pararam por aí. A saúde doente, a educação reprovada e o desenvolvimento a qualquer custo também foram questionados.
 
O bloco da ANEL e da CSP-Conlutas foi um dos mais animados. Entoando palavras de ordem que iam além do canto do hino nacional para denunciar os verdadeiros responsáveis pela falência dos serviços públicos, o bloco foi inchando e contagiando diversos manifestantes no decorrer do trajeto. Do tradicional “1,2,3,4,5, mil”, a ritmos irreverentes,como funk, Zenaldo, Jatene (ambos do PSDB) e Dilma (PT) foram colocados na parede. 
 
Repressão
Passando as 18h, a passeata atinge seu destino. Não se sabe ao certo como os ataques começaram. Alguns afirmam que Policiais Militares começaram a jogar bombas a fim de dispersar os manifestantes, que por sua vez revidaram com rojões e algumas pedras. Outras afirmam que a polícia agiu no intuito de defender o prefeito Zenaldo Coutinho, ameaçado por alguns manifestantes, quando tentava dialogar com a população concentrada em frente a prefeitura.
 
De certo, repudiamos a ação truculenta da polícia e responsabilizamos o governo Jatene por suas ações que culminaram na detenção de dezenas de jovens e na morte de Cleonice Vieira de Moraes, depois de uma parada cardíaca no Pronto Socorro Municipal do Guamá. Cleonice tinha 53 anos e trabalhava no município como gari. Ela não estava na manifestação. Estava trabalhando quando foi atingida pelas bombas.
Não defendemos as ações de vandalismo praticadas por grupos minoritários que depredam o patrimônio público a troco de nada. Acreditamos que ações desse tipo, mais contribuem com a desmoralização do nosso movimento do que com a construção de algo coerente. Mas não admitimos o vandalismo que os governos impõem aos trabalhadores e à juventude pobre: destruindo hospitais, escolas e transporte público com a falta de investimento. Estaremos com o povo, em defesa dos nossos direitos e pelo direito a exercer nossa plena liberdade.
 
Amanhã vai ser maior!
A onda de repressão policial que se deu nos protestos em São Paulo ao invés de fazer o movimento retroceder só deu mais força às reivindicações dos jovens e trabalhadores. Em Belém, não há de ser diferente. Somada à truculência da polícia ainda está a intransigência do prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) que, em entrevista ao Diário, afirmou que não vai reduzir o preço da tarifa de ônibus do município. Mais uma vez, Zenaldo mostra a quem governa: aos empresários. Reafirmamos nossa luta por um transporte público de qualidade, pela redução da tarifa de ônibus e garantia do passe-livre para estudantes e desempregados. Transporte público é direito e deve ser garantido pelo estado.
 
Exigimos do governador Simão Jatene (PSDB) a punição exemplar dos policiais responsáveis pela morte da gari! 
Contra a repressão e a violência policial. Pela não criminalização dos movimentos sociais!