Quem está de parabéns nesta terça, 21, é o escritor norte-americano Ernest Hemingway. Em 21 de julho de 1899, há exatos 116 anos, nascia em Oak Park, uma aldeia em Illinois, Estados Unidos, um dos mais brilhantes nomes da literatura mundial. Hemingway foi muito mais que um romancista. Em sua obra, conseguiu refletir como poucos a realidade de seu tempo. Ainda aos 13 anos, começou uma ampla produção de poemas e contos. Com 26, lançava seu primeiro romance, “As Torrentes da Primavera” (1925).

Logo após terminar os estudos secundários, quando já trabalhava como jornalista, viu explodir a Primeira Guerra Mundial. Determinado a ir para a Europa e sem ter conseguido alistar-se ao exército, conseguiu uma vaga como motorista de ambulância. Essa experiência e sua paixão pela enfermeira Agnes Von Kurowsky foram a inspiração para “Adeus às Armas” (1929), uma de suas principais obras: “Quando as pessoas defrontam o mundo com tanta coragem, o mundo só pode quebrá-las matando-as e, por isso, é claro, as mata. O mundo quebra toda a gente, e depois muitos ficam mais fortes no lugar da fratura. Mas àqueles que não consegue quebrar, mata-os. Mata os muito bons, os muito doces, os muito corajosos, imparcialmente. Se não sois desses, também vos há de matar, mas nesses casos não será particularmente rápido”.

“Adeus às Armas” foi concluído em Havana, Cuba, para onde o escritor decidiu se mudar no final da década de 1920. Hemingway mantinha o hábito de acordar cedo e escrever pela manhã. Usava as tardes para caminhar e refletir pelos arredores de onde estava, buscando inspiração.

Em 1930, publicava “O Sol também se levanta”, uma de suas mais notórias obras. O livro é baseado na chamada “geração perdida”. Trata-se de um grupo de escritores e boêmios, em sua maioria americanos, que viveu em Paris no período pós-primeira guerra, do qual o próprio Hemingway fez parte. Alguns dos principais expoentes do movimento eram Gertrude Stein, F. Scott Fitzgerald, Pablo Picasso, Ezra Pound, T. S. Elliot, John Dos Passos e James Joyce.

Hemingway na Guerra Civil Espanhola

Sua obra-prima, contudo, é “Por quem os sinos dobram” (1940). O livro retrata a Guerra Civil Espanhola. Como em praticamente todas as suas obras, Hemingway retrata suas experiências nos anos em que combateu o fascismo e viveu na Espanha, país com o qual adquiriu uma afinidade ideológica, num misto de jornalismo e autobiografia.

Foi nessa época, em meio à guerra, que conheceu a jornalista Martha Gellhorn, que seria o grande amor da vida do escritor, mas não o último. O romance está retratado no filme “Hemingway e Martha”, de Philip Kaufman (2012). Hemingway teve quatro casamentos dos quais nasceram três filhos. Com Martha, ele viveu bons anos em Cuba, país que teve importância fundamental.

O escritor ainda tentou retomar a atividade de jornalista durante a Segunda Guerra Mundial. Posicionou-se junto aos aliados contra o nazismo. No entanto, suas atividades não foram muito bem aceitas pelo governo norte-americano, que o tinha como comunista.

Em 1952, lançou “O Velho e o Mar”, que lhe rendeu o prêmio Pulitzer. “Às vezes, a verdadeira vitória não se pode mostrar, nem a verdadeira coragem é tão visível ou evidente quanto se pensa”, diz um trecho do livro. Em 1954, ganhou o prêmio Nobel de Literatura.

Já doente – hipertenso, com diabetes, memória prejudicada e deprimido – Hemingway resolveu por fim à própria vida, no dia 2 de julho de 1961. A arma que utilizou fora enviada por sua mãe. Tinha sido usada pelo pai para também se suicidar. Nunca se soube o motivo de tal presente.

Hemingway saiu do mundo deixando um legado inestimável. Mais do que um escritor, foi um artista que produziu freneticamente, refletindo seu tempo, sua vida e suas emoções.

ASSISTA aqui o filme “Hemingway e Martha” (dublado)