Metalúrgicos das montadoras e de importantes auto-peças marcharam pela rodovia Anchieta
(Foto: Ana Paula)

 
No ABC Paulista, o PSTU esteve desde as primeiras horas da manhã na porta das fábricas, conversando com os trabalhadores, entregando panfletos e buscando mobilizar os operários pelas suas reivindicações, como a redução da jornada de trabalho, contra os projetos de lei que terceirizam e precarizam ainda mais as condições de trabalho, por mais dinheiro para educação, saúde e transportes públicos, contra a política econômica do governo e a privatização da Petrobras que a presidente Dilma Rousseff vem implementando com os leilões do petróleo. O partido esteve com os trabalhadores apontando a necessidade de uma verdadeira greve geral nesse país para fazer avançar o conjunto da classe trabalhadora e da juventude.
 
Apesar de saudarmos a iniciativa unitária das centrais sindicais, que atenderam ao chamado da CSP-Conlutas para fazer um dia nacional de lutas, não podemos deixar de registrar que poderia ter sido muito maior e mais extensa a paralisação das fábricas no ABC, particularmente, entre os metalúrgicos de São Bernardo do Campo e de Diadema. Infelizmente, somente 6 mil trabalhadores foram às ruas no ABC. Além do fato de que a CUT poderia ter buscado maior unidade entre cidades como Diadema, Santo André e Mauá, onde aconteceram, paralelamente, várias atividades, e não houve nenhuma centralização ao final da manhã.
 
“O plebiscito é enrolação, quero dinheiro pra saúde e educação!”
Ao tentar se desviar da pauta dos trabalhadores e fazer um ato em defesa das propostas do governo, como o plebiscito pela reforma política, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) atuou contra a disposição de luta dos trabalhadores.
 
Contestando tudo isso, o PSTU participou junto com o bloco da CSP-Conlutas durante toda a mobilização, contra a política econômica do governo, que privilegia banqueiros e empresários e não os trabalhadores, além de denunciar que este plebiscito não passa de uma enrolação para desviar os trabalhadores de sua luta, pois não propõe nada de concreto para o fim da corrupção e não resolve os problemas do país como o caos na saúde, educação e a inflação que está corroendo nosso salário. Sequer propõe a redução do salário dos políticos.
 
Greve mostra disposição de luta e desconfiança na CUT
A disposição de luta dos trabalhadores é grande, mas suas reivindicações são opostas àquilo que a direção sindical da CUT vem fazendo em parceria com a patronal e o governo Dilma. Mesmo com vários trabalhadores não indo à passeata e nem ao ato, garantiram, principalmente nas montadoras, 24 horas de paralisação da produção em São Bernardo do Campo, deixando bem claro que há disposição de luta. Foram pouco mais de 6 mil operários nas ruas, quando o esperado pela direção do SMABC era de cerca de 30 mil.
 
Para que os trabalhadores se movam, é necessário que as bandeiras sejam levantadas contra seus verdadeiros inimigos: a patronal e seus aliados, inclusive o governo Dilma, que serve primeiro aos patrões e concede migalhas aos trabalhadores.
 
Essa ausência é justificada, por um lado, pelo “corpo mole” da CUT e do seu principal sindicato, o SMABC, que retardaram ao máximo a convocação e a preparação da mobilização em suas bases. Os metalúrgicos sequer foram consultados por meio de uma assembleia sobre como seria sua participação no Dia Nacional de Lutas. Isso demonstra a falta de empenho da CUT para mobilizar e convencer a base a lutar nesse dia.
 
Por outro lado, a ausência dos operários no ato é reflexo da sua desconfiança em relação a uma manifestação “chapa-branca” que, conscientemente, blinda o governo. Os trabalhadores têm visto a ligação entre a direção do sindicato e a patronal e o governo nessa ultima década. Isso que traz desconfiança para lutar sob esta direção, esvaziando as passeatas e o ato no Paço Municipal de SBC.
 
Seguir mobilizados pelas reivindicações dos trabalhadores
Os trabalhadores nas ruas do Brasil hoje se somam às vozes das manifestações realizadas no mês de junho, exigindo mais e melhores serviços públicos, fim da carestia e combate à inflação por meio do reajuste dos salários e congelamento dos preços dos alimentos, reajuste da tabela do imposto de renda, fim do fator previdenciário e dos acordos de longo prazo que engessam as pautas de reivindicações e emergenciais.
 
Fica mais evidente a necessidade de se avançar para um dia nacional de greve geral que imponha, pela força das ruas, a luta contra a política econômica de Dilma, por mais dinheiro para os serviços públicos, contra o pagamento da divida pública, pelo fim do leilão do petróleo e por uma Petrobras 100% estatal. Também é preciso lutar contra o plebiscito proposto por Dilma, pelo fim do Senado, por mandatos revogáveis para os parlamentares e que eles recebam salário igual ao de um professor ou operário especializado. Por fim, nossa luta deve seguir em defesa dos direitos e conquistas da classe trabalhadora e por uma sociedade socialista, onde fato os trabalhadores governem.
 
É possível lutar: unificar as campanhas salariais e ir às ruas
O SMABC colocou no seu jornal Tribuna Metalúrgica as dificuldades da campanha salarial deste ano, mas a realidade é oposta. As lutas no país já trouxeram vitórias, como a redução das passagens, mostrando que é possível ter conquistas quando lutamos. Agora, está colocada a possibilidade de mais conquistas, desde que nos mobilizemos e estejamos unidos. O SMABC está na contramão das conquistas, pois dividiu a campanha salarial das montadoras com os acordos de longo prazo. Na Volkswagen, por exemplo, os trabalhadores não terão nem mesmo a reposição da inflação neste ano.
 
É possível inverter esta lógica se o sindicato ouvir a voz das ruas e da categoria e unificar novamente todas as campanhas salariais no segundo semestre. Os operários têm de ir para as ruas e exigir aumento real e reajuste salarial automático, ao acumular 3% de inflação, e exigir de Dilma o congelamento dos preços dos alimentos e das contas públicas para combater a carestia e a inflação.
 
O dia 11 de Julho, Dia Nacional de Greves e Mobilizações, foi uma realidade. De norte a sul do país, os trabalhadores foram às ruas mostrando que é preciso lutar. O PSTU, junto com a CSP-Conlutas, foi às ruas em todo o país colocando as reivindicações dos trabalhadores, enquanto outras centrais tentaram se desviar das lutas dos trabalhadores para defender o governo. Mas o dia 11 mostrou que é possível fazer greves, mobilizações e que esse é o caminho para as conquistas.

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