Mesa da assembleia do O3. Fotos Sérgio Koei
Maria Psoa, de São Paulo (SP)

No último dia 12 de março ocorreu um evento que foi um marco no estado de São Paulo. O Movimento Hip Hop Militante O3 (Ouvir, Ousar e Organizar) realizou a sua primeira assembleia e definiu ações para organizar a juventude negra e da periferia. Fundado em 15 de outubro de 2016, data que simboliza os 50 anos dos Panteras Negras, o O3 é um movimento político-cultural que tem como estratégia política o socialismo.

A partir das 9h da manhã começaram a chegar delegações de São José dos Campos, Praia Grande, Osasco, Grajaú, Capão Redondo, São Miguel e Morato Coelho. Com a presença de 40 pessoas logo pela manhã, a assembleia foi aberta com uma mesa de conjuntura com membros do O3, Quilombo Brasil e Luta Popular. O tema foram os ataques dos governos à classe trabalhadora e a necessidade da organização.

Após o almoço, partiram para os grupos de trabalho para discutir o programa do movimento, o que este deve defender em suas fileiras e os planos para o próximo período. O movimento se organiza por posses, núcleos de trabalho, que discutem formação e intervenção nas quebradas. De encaminhamentos, tiraram posses em algumas das regiões presente como ponta pé inicial dá organização.

Discutiram ainda a independência financeira do movimento tendo como princípio não depender de governos e empresas para tocar suas atividades. A principal política tirada foi a necessidade das reparações ao nosso povo negro, que por conta do processo de escravidão tiveram seus direitos negados.

Um elemento fundamental na discussão foi o combate às opressões. Sendo um movimento político e cultural com o tema racial enraizado, a questão das mulheres e LGBT’s são também pautas do movimento visto que, historicamente, o movimento nacional desde se sua origem é muito machista e lgbtfóbico, escanteando esses setores dos elementos do hip-hop. Também discutiram a necessidade de se incorporarem na paralisação nacional que ocorrerá dia 15 de março, levando as pautas raciais e periféricas.

Na plenária final, tiraram delegados para representar o movimento paulista em Recife, no Terceiro Encontro Nacional do Quilombo Brasil, movimento de hip-hop filiado à CSP-Conlutas, que vai rolar nos dias 14, 15 e 16 de abril.

Por fim, o evento finalizou com os shows dos grupos de rap presentes: Hertz do Gíria Vermelha, Convicção Negra, Resistência do Gueto, Priscila MC e Julia MC, MC Sheltinho, Americano Fidehenrique, SJ, Invasores do Vale e Pra Frente Neguin.

Os desafios são grandes, mas a resistência é ainda muito maior e, se depender desses guerreiros e guerreiras do O3, a revolução será negra ou não será! É preciso organizar os de baixo pra derrubar os de cima!