Manifesto por uma Frente de Esquerda no Rio de Janeiro

Em 2014, mais uma vez os trabalhadores participarão do processo eleitoral. A mídia, como sempre, tenta nos convencer que teremos que escolher apenas entre as grandes candidaturas burguesas. De um lado, Pezão (PMDB), o candidato do atual governador Sérgio Cabral, que representa a continuidade do mesmo modelo corrupto e autoritário de governar. O PT se apresenta como alternativa através de Lindbergh Farias, prometendo grandes mudanças para o Rio de Janeiro. No entanto, o mesmo PT foi responsável por eleger Sérgio Cabral e foi parte fundamental do seu governo repressor. Por fora, corre a candidatura de Anthony Garotinho (PR), ex-governador e condenado por formação de quadrilha e corrupção.
 
Estes candidatos, apesar de concorrerem entre si, representam o mesmo projeto. São os candidatos que representam os interesses dos grandes banqueiros e empresários que financiam suas campanhas. Caso sejam eleitos, vão privilegiar o lucro destas grandes empresas que se alimentam dos contratos corruptos com o estado e da exploração dos trabalhadores. Por causa do projeto que defendem, estes candidatos não são capazes de dar uma resposta às demandas vistas nas ruas em 2013 e que continuam nas ruas em 2014.
 
É preciso apresentar nas eleições um projeto que expresse as reivindicações das grandes lutas que sacudiram o país. Enquanto a grande imprensa tenta passar a imagem de que apenas Garotinho, Pezão e Lindbergh são os candidatos viáveis nesta eleição, a esquerda precisa quebrar esta falsa polarização e afirmar uma alternativa. Precisamos de uma Frente de Esquerda entre PCB, PSOL e PSTU no Rio de Janeiro.
 
Esta Frente deve dar corpo à insatisfação dos trabalhadores com tudo o que está aí. Deve se colocar claramente como oposição de esquerda ao PT, PMDB, PSDB, DEM, PR, PV e todos os demais partidos e candidaturas que representam a burguesia. Precisa se colocar como oposição ao governo Dilma e aos governos Cabral e Paes, todos cúmplices no projeto de repressão aos movimentos sociais e defesa dos lucros dos empresários. Deve defender um programa que aponte as mudanças profundas que são necessárias fazer: estatização das grandes empresas e do sistema financeiro e o não pagamento da dívida pública para colocar as riquezas do país a serviço dos trabalhadores. Com estes recursos deve investir em transporte, educação e saúde públicas de qualidade.
Deve defender, intransigentemente, o fim dos privilégios às grandes empresas com as isenções de impostos, deve colocar um fim aos abusos cometidos para a realização da Copa do Mundo da FIFA. Isso significa reestatizar o Maracanã e acabar com a transferência de dinheiro público para as obras da Copa e com as remoções das comunidades.
 
O Programa da Frente de Esquerda deve se colocar claramente contra a repressão aos movimentos sociais e a criminalização da pobreza. Deve defender a desmilitarização da Polícia, o fim da PM e das Tropas de Choque, e a criação de uma nova Polícia Civil unificada democrática e sob controle dos trabalhadores. 
 
Deve ser uma candidatura que estimule e defenda a luta dos trabalhadores e as suas organizações. Deve denunciar as instituições desta democracia dos ricos que só servem para propagar a corrupção e multiplicar os lucros dos grandes empresários. A Assembleia Legislativa do RJ funciona como um grande balcão de negócios onde a voz dos trabalhadores não é ouvida. O Judiciário jamais mostrou qualquer interesse em defender a população dos abusos cometidos pelo governo e combater a farra com dinheiro público. Assim, a Frente de Esquerda deve impulsionar toda iniciativa de organização dos trabalhadores independente dos governos e patrões.
 
Neste chamado por uma Frente de Esquerda compreendemos que é necessário reafirmar que apenas mantendo a total independência dos grandes banqueiros e empresários seremos capazes de defender o programa das ruas. Assim, a Frente de Esquerda precisa se comprometer a não estabelecer nem se utilizar de nenhum tipo de apoio de partidos ou candidatos burgueses. Também necessita se financiar apenas com dinheiro dos trabalhadores, sem nenhum tipo de doação de empresas.
 
A partir destas bases programáticas e de princípio é possível estabelecer um diálogo que nos leve a estabelecer uma Frente de Esquerda que respeite o peso e a representação social de cada partido que a compõe na divisão das candidaturas e do tempo de TV. Neste sentido, queremos fazer um debate franco com os companheiros do PSOL.
 
Nos últimos anos, não foi possível construir uma Frente de Esquerda no RJ graças à intransigência da direção do PSOL. Nas discussões de eleições anteriores, ficou clara a falta de disposição da direção do PSOL em estabelecer um diálogo que levasse à formação de uma Frente efetivamente. Na prática, ao vetarem a participação do PSTU na coligação proporcional e fecharem as portas para a elaboração de um programa em conjunto, exigiram uma mera adesão do PSTU ao seu candidato. Desta maneira, desrespeitando a história, trajetória e a representação do PSTU nos movimentos sociais, acabaram por inviabilizar uma Frente de Esquerda no Rio de Janeiro.
 
Fazemos um chamado à militância do PSOL e do PCB para que possamos, obedecendo aos critérios acima discutidos, avançar para uma Frente de Esquerda que apresente uma alternativa socialista nestas eleições.