Redação

Precisamos de uma nova Greve Geral, que derrote os planos do imperialismo e derrube esse governo e Congresso Nacional corruptos e serviçais dos grandes bancos e multinacionais

Nesse dia 7 de setembro, a imprensa e o governo comemoram uma falsa independência. Apesar da independência política formalmente declarada há 195 anos, o Brasil segue dominado pelas grandes potências estrangeiras, num processo de recolonização que se aprofunda com a crise.

É impossível entender a crescente pobreza da imensa maioria do povo, num país com uma das maiores economias do mundo, sem entender o imperialismo e o papel de subordinação cumprido pelo governo e pela frágil burguesia nacional.

Quem dá as cartas
Um dos principais mecanismos de dominação e exploração do imperialismo é a dívida pública. É só imaginar que, anualmente, de tudo o que o governo arrecada, quase metade vai para pagar os juros de uma dívida que só cresce. Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, a dívida comprometeu 44% do Orçamento do ano passado, o que dá mais de R$ 1 trilhão.

Esse é o valor que vai para meia dúzia de banqueiros internacionais que detêm a quase totalidade dos títulos da dívida. Só com essa grana, poderíamos resolver o histórico déficit habitacional do país, mudar a cara da saúde e educação pública e reduzir substancialmente o desemprego. Ou seja, os trabalhadores desse país sustentam com o seu trabalho o enriquecimento de um punhado de grandes agiotas internacionais.

Para garantir o pagamento em dia dessa dívida, o governo impõe um brutal arrocho fiscal que está levando a saúde e educação pública ao colapso. Também faz parte desse esforço a reforma da Previdência que o governo quer impor, a fim de economizar alguns bilhões nos próximos anos à custa das aposentadorias dos trabalhadores. O governo pretende, assim, jogar o custo da crise nas costas dos trabalhadores e do povo pobre, aumentando a exploração e a pobreza em favor dos lucros dos banqueiros.

Como se isso não bastasse, Temer quer impor um pacotão de privatizações para entregar às multinacionais nada menos que 57 estatais a preço de banana, incluindo a Eletrobrás, assim como boa parte da Amazônia às grandes mineradoras. Era o que faltava para entregar o que resta às grandes multinacionais que já dominam os principais setores da economia do país.

Recolonização
A crise econômica internacional e a recessão no país estão colocando a nu a farsa dos últimos anos. Durante boa parte do governo Lula, e o primeiro mandato de Dilma, o Brasil se beneficiou do crescimento econômico mundial e o aumento dos preços das commodities (as matérias-primas cotadas no mercado internacional, como minério de ferro e soja). Essa conjuntura possibilitou que o governo concedesse migalhas aos trabalhadores e à população, ao mesmo tempo em que priorizava os lucros dos grandes bancos e empresas.

O aprofundamento da crise mostrou a farsa da política econômica dos governos do PT: um modelo baseado na subordinação aos interesses do imperialismo, em que o país cumpria o papel de grande fornecedor de commodities ao mercado internacional. Ao mesmo tempo, seguia pagando a dívida pública aos banqueiros, ao contrário do que afirmava Lula de que havíamos quitado a dívida externa.

O início do segundo mandato de Dilma expôs o verdadeiro caráter desse governo. Ajuste fiscal sem precedentes, ataques aos direitos trabalhistas e o anúncio de uma nova reforma da Previdência. O aprofundamento da recessão foi acompanhado pelo aprofundamento dos ataques, seguidos pelo governo Temer.

Tanto os governos Lula e Dilma, quanto Temer, seguem aplicando os planos dos banqueiros e das multinacionais no país, tal como o PSDB fazia nos anos de FHC. A burguesia, por sua vez, ao mesmo tempo em que ataca os trabalhadores para manter seus lucros, se conforma com o papel de sócia minoritária dos interesses do imperialismo.

A luta contra a reforma trabalhista, a reforma da Previdência, as terceirizações, as privatizações e o ajuste fiscal, é uma luta contra esse governo e Congresso Nacional corruptos, mas também é uma luta contra o imperialismo, de quem são serviçais.

Por uma verdadeira independência
A única forma de mudar de fato a realidade do país e conquistarmos uma verdadeira soberania é através de uma ruptura com os banqueiros e multinacionais. É não pagando essa dívida pública e aplicando os recursos em moradia, saúde, educação e geração de empregos. Expropriando e os bancos, grandes empresas e multinacionais, colocando-as sob controle dos trabalhadores. Reestatizando as empresas privatizadas, ou as estatais com ações negociadas na bolsa como a Petrobrás. Expropriando o grande latifúndio e o agronegócio e entregando aos trabalhadores para que se produza alimentos baratos para a população, e não para o mercado internacional.

Mas isso não vai ser possível com um novo governo Lula, ou um outro governo de colaboração de classes com a burguesia que faça a mesma coisa que o PT fez nos treze anos que esteve no Planalto. É preciso um governo socialista dos trabalhadores, baseado em conselhos populares. Só com a classe trabalhadora organizada, com a classe operária à frente, é que é possível ter uma verdadeira independência.

LEIA MAIS
O domínio das multinacionais sobre a economia brasileira