Manifestação na Av Paulista. Foto Romerito Pontes
Mariucha Fontana

Muita gente dizia que uma greve geral era impossível, que a classe operária e os trabalhadores não tinham coragem, consciência nem disposição para enfrentar a patronal e o governo. No entanto, no dia 28 de abril, paramos o Brasil e podemos parar de novo. Da mesma maneira, muitos dizem que mudar de verdade a sociedade é impossível. Mas precisamos mudar para valer esse sistema e derrotar os ataques que sofremos todos os dias.

O Brasil é um dos países mais ricos do mundo e um dos mais desiguais. Os 10% mais ricos ficam com 40,5% de toda riqueza, e os 40% mais pobres, com apenas 13%. A maioria do nosso povo é muito pobre. Milhões estão no desemprego, os salários estão entre os mais baixos do mundo e a maioria não tem acesso a direitos mínimos.

Defender um projeto socialista
Do alfinete ao avião, quem produz toda riqueza do país é a classe operária. A classe trabalhadora faz o país funcionar. Mas o sistema capitalista só serve para gerar lucros para donos de fábricas, bancos, agronegócio, e não para atender as necessidades da população.

Um trabalhador, em dois dias, produz o valor do seu salário e o imposto que o patrão devia pagar. O resto dos dias, trabalha de graça para o patrão. O lucro e a riqueza dele e do país somos nós que produzimos.

Boa parte do que aqui produzimos é levado para fora em remessas de lucros das multinacionais e no pagamento de juros da dívida pública.

Nosso país, oprimido pelos países imperialistas, atua, por sua vez, como opressor dos países da América do Sul e da África, a ponto de colocar tropas militares no Haiti.

Os defensores do capitalismo dizem que um sistema socialista é um sonho impossível. Que uma sociedade sem explorados e sem exploradores, com pleno emprego e economia planificada democraticamente para garantir as necessidades da população e não o lucro de meia dúzia, é utopia.

Mas o problema é que existe um punhado de capitalistas, que se apropriam de toda riqueza que produzimos, por meio do Estado capitalista que mantém esse sistema injusto.

Operários e povo pobre no poder
O PT defende que vamos mudar o país com eleições, com reformas no capitalismo em aliança com uma parte da burguesia. Governaram o país nos últimos 14 anos e não realizaram nenhuma grande mudança. Agora, apresenta-se de novo com Lula 2018, prometendo crescimento capitalista com distribuição de renda. O PT não defende o socialismo. Defende uma aliança com o que chama de burguesia produtiva (indústria) ou nacional (Friboi, Odebrecht etc.) e um projeto junto com a burguesia.

O PSOL diz estar à esquerda do PT, mas não propõe um projeto socialista. Propõe, com as eleições, garantir mais democracia no capitalismo. O socialismo seria para um futuro distante. Essa estratégia eleitoral foi um caminho já trilhado pelo PT. Deu no que deu.

Há outros setores que dizem que o socialismo é impossível agora, porque a classe trabalhadora tem a consciência muito atrasada e não teria condições de superar esse atraso, se organizar para derrubar o capitalismo conquistar o socialismo. Contudo, propor e lutar por um projeto socialista no Brasil e em todo o mundo é a única forma de avançar a consciência, a mobilização e a organização.

Há aqueles que dizem que o Brasil deve se desenvolver como país capitalista autônomo e, assim, se tornar um país desenvolvido. Mas o sistema capitalista é mundial, e o Brasil é parte dependente e subordinada a ele. Não há como desenvolver um capitalismo nacional autônomo. É preciso romper com o imperialismo sim, mas até para assegurar o fim do pagamento da dívida externa e a proibição da remessa de lucros para o exterior, será preciso romper com o capitalismo, tomar medidas socialistas e defender a expansão mundial da revolução e do socialismo.

Construir uma alternativa revolucionária

Para garantir pleno emprego, moradia, educação, saúde, terra para trabalhar, território indígena e quilombola, o fim do racismo, do machismo, da LGBTfobia e da violência contra nossa juventude pobre e negra das periferias, defender o meio ambiente, necessitamos de um governo socialista dos trabalhadores, em conselhos populares, para romper com o imperialismo e tomar medidas socialistas.

Aos 100 anos da Revolução Russa, a tarefa de cada ativista e da classe operária é preparar, discutir e lutar por um projeto revolucionário e socialista: por uma revolução socialista no Brasil e em todo o mundo. Para isso, necessitamos construir um partido socialista e revolucionário, nacional e internacional.

Publicado no Opinião Socialista 535