Operários paralisam atividades em SP Foto Romerito Pontes
Redação

Levantamento registra 2.093 greves no ano passado, contra 2.050 em 2013

Segundo levantamento realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o ascenso grevista iniciado em 2012 não só não arrefeceu como aumentou. De acordo com a pesquisa “Balanço das Greves de 2016” divulgada recentemente pelo órgão, no ano passado ocorreram 2.093 greves no país (leia a pesquisa completa aqui).

Esse número é um pouco maior que o levantado em 2013, quando foram registradas 2.050 greves, o então recorde para a série histórica iniciada em 1984. Para se ter uma ideia, em 2012 foram cadastradas 873 greves, o maior número desde 1997. Ou seja, de 2012 a 2013, o número de greves mais que dobrou. O Dieese ainda não tem o levantamento das paralisações de 2014 e 2015, mas ao que tudo indica permanecem no patamar de 2 mil greves.

Greves em 2016

A pesquisa de greves do Dieese é realizada através do Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG), que reúne informações de paralisações através de notícias publicadas na grande imprensa e na imprensa sindical.

Série histórica de 1984 a 2013

Ascenso grevista
A mais recente onda de greves começa primeiro nas categorias com maior tradição de luta como os bancários e metalúrgicos, e depois expande-se para os setores mais vulneráveis e pauperizados. Em 2013, a explosão de greves coincide com as Jornadas de Junho e o início da perda de apoio do governo Dilma. O levantamento do Dieese indica que a recessão, o aumento do desemprego e a série de ataques não reduziram a mobilização da classe trabalhadora, muito pelo contrário.

O fim do crescimento econômico, o aprofundamento da crise e o aumento dos ataques influenciaram no caráter das greves, que passaram a ter um cunho que o Dieese classifica como “defensivo” mais forte, ou seja, as greves contra descumprimento de direitos, como atraso de salários. Em 2013 essa tendência já havia aparecido, quando as greves “propositivas”, ou seja, por mais direitos e conquistas, recuaram de 64% do ano anterior para 57%, e as greves defensivas passaram de 67% para 75%. Neste caso, também pesa o fato de que categorias mais vulneráveis e precarizadas, como os terceirizados, passaram a fazer greves.

Exemplo disso, em 2012, 24% das greves eram por salários atrasados, índice que passou para 38,5% no ano passado. Mesmo assim, 34% ainda traziam demandas “propositivas”, como reajuste salarial.

Os resultados das greves, por sua vez, continuam com o mesmo índice de êxito (quando as reivindicações são cumpridas total ou parcialmente): 80%. Na esfera privada, em 2013, 87% das greves obtiveram êxito, no ano passado esse índice foi de 91%.

Classe trabalhadora demonstra força
O levantamento do Dieese mostra que a classe trabalhadora não se encontra na defensiva ou desmoralizada diante dos ataques dos governos e da burguesia. Pelo contrário, não só luta como protagoniza um ascenso de greves como só se viu por aqui nos anos 1980. A Greve Geral do dia 28 de abril, uma das maiores se não a maior já realizada no Brasil, havia demonstrado isso.

Essa tendência ajuda a entender ainda o porquê de não ter havido uma Greve Geral no dia 30 de junho último, quando as cúpulas das principais centrais sindicais, como CUT e Força Sindical, puxaram o tapete e impediram uma mobilização como a do 28 de abril, colocando a culpa nos trabalhadores. É por isso que é fundamental reforçar o chamado ao dia de luta e paralisações no próximo dia 14 de setembro, convocado pelos metalúrgicos e demais setores da indústria por fora das cúpulas das grandes centrais. É preciso retomar a luta contra as reformas e o governo, colocando a Greve Geral novamente na ordem do dia.

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