No dia 7 de agosto, no auditório do CREA em Belo Horizonte, cerca de 300 ativistas dos movimentos sociais e dirigentes sindicais participaram do lançamento da Frente Mineira pelo Brasil. Estavam presentes também parlamentares do PT e do PCdoB, e pelo menos um secretário do governador Fernando Pimentel (PT), além de Frei Beto e Leonardo Boff.

Essa iniciativa, que foi convocada pela CUT-MG no intuito de construir o que eles chamaram de uma Frente Popular de Esquerda, faz parte de um movimento nacional idealizado por Lula e outras lideranças para supostamente “defender a democracia” e blindar o Governo Dilma, sacudido por denúncias de corrupção e perda de apoio social e parlamentar.

Uma Frente verdadeiramente de Esquerda deve enfrentar Dilma e Pimentel
Apesar de avaliarmos que na atual conjuntura política é muito importante a unidade dos movimentos sociais e da esquerda para derrotar o ajuste fiscal dos governos e do Congresso Nacional, e ataques conservadores como a redução da maioridade penal, entendemos que a Frente Mineira pelo Brasil não cumpre esse papel. De acordo com a carta aprovada no encontro, esse movimento tem como principal objetivo “barrar o golpismo”, e considera o Governo Federal como parte dos setores democráticos e populares, apesar de seus “erros”.

Já nesta terça-feira, dia 11 de agosto, o governo Dilma dá novos sinais do lado que escolheu e aceita fazer um acordo em torno da reacionária “Agenda Brasil” proposta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Na nota que saiu do encontro não tem uma citação sequer do ajuste fiscal, das MP´s, das privatizações em curso, do desmonte da Petrobrás patrocinado por Bendini e o governo, etc. Além disso, se cala completamente em relação ao governo do estado, de composição com setores da burguesia e da direita de Minas, que tentou impor uma derrota aos educadores na campanha salarial (sua proposta só contemplou parcialmente as reivindicações após ficar claro que a categoria entraria em greve).

E agora os trabalhadores das superintendências fazem uma forte greve e sofrem com a truculência do governo na negociação. O governo ainda mantém as terceirizações na CEMIG e uma das energias mais caras do país e está numa ofensiva para despejar as ocupações urbanas, e reprimir os movimentos que lutam contra os aumentos das passagens de ônibus.

A verdade é que o governo Dilma não está desgastado hoje por ter cometido este ou aquele erro, pelo contrário. A classe trabalhadora e o povo pobre romperam com a presidenta e seu partido porque identificam neles os principais aplicadores do ajuste fiscal. Sentiram-se profundamente traídos pelo descumprimento descarado das promessas de campanha e já perceberam que a política do governo é fazer com que o povo pague pela crise.

A nomeação de Joaquim Levy, Armando Monteiro, Kátia Abreu entre outros representantes da burguesia e dos partidos da direita tradicional, os incontáveis escândalos de corrupção e ataques como as MP’s 664 e 665, os aumentos das tarifas, o adiamento do PIS, os cortes bilionários da Saúde e da Educação, enfim, todo o conjunto da política econômica de Dilma, são os motivos pelo qual hoje o governo encontra-se no “volume morto” da aprovação popular, segundo palavras do próprio Lula. O governo do PT está pagando o preço de ter escolhido governar com a burguesia.

É verdade que no último período cresceu a falsa polarização que faz o campo da oposição burguesa ligada ao PSDB. Aécio Neves, derrotado na eleição exatamente por representar a atual política econômica, tenta surfar o descontentamento popular e se credenciar para derrotar o PT nas próximas eleições. Outro oportunista conservador, o detestável Eduardo Cunha, pulou fora do barco governista e se apóia no Congresso Nacional dos empresários para aprovar medidas contra o povo. Esse campo da oposição de direita não é alternativa para a classe trabalhadora. Eles apresentam acordo com Dilma Rousseff e Joaquim Levy em todos os pontos principais do ajuste econômico.

Se eles conseguem, nesse momento, ver sua audiência aumentada perante as massas, se deve unicamente ao fato do PT não ter conseguido melhorar significativamente a vida do povo por seu compromisso com os capitalistas.

Frente a este cenário, onde fica claro que tanto o campo governista quanto a oposição burguesa estão aplicando um ajuste fiscal contra o povo, é importante que uma frente de esquerda e dos movimentos sociais, como a proposta pela CUT-MG, se posicione de forma independente dessas duas alternativas. É muito necessário construir uma Frente de Lutas da classe trabalhadora, independente do governo e da oposição de direita, que enfrente abertamente as medidas de ajuste fiscal do PT e do PSDB, e que esteja disposta a colocar a classe trabalhadora nas ruas contra os governos e as grandes empresas e a construir uma agenda de lutas consequente que derrote e reverta os efeitos das MP’s 664 e 665, a PL 4330 (atual PLC 30/2015), o Fator Previdenciário e o conjunto do ajuste fiscal de Dilma, Levy, Aécio e Cunha.

Por isso, chamamos a CUT-MG, CTB, MAB, MST, UNE e os outros movimentos sociais que participam da Frente Mineira pelo Brasil que rompam com o governo Dilma e conformem um campo classista e independente, de oposição aos dois campos burgueses. Somente com essa política podemos conformar uma frente que seja digna de ser chamada de esquerda na atual conjuntura.

Nem 16 e nem 20 de Agosto: Construir uma mobilização contra o governo e contra a oposição burguesa
Essa mesma frente se soma ao chamado a uma manifestação dia 20 de agosto em defesa de Dilma e do PT para contrapor-se às do dia 16, convocada por Aécio e Cunha.

A classe trabalhadora precisa de uma manifestação contra Dilma, Aécio, Cunha, Renan e Temer, e contra o ajuste fiscal que eles fazem em favor dos banqueiros, que joga a crise sobre as costas da classe trabalhadora. A classe trabalhadora não pode fazer um ato a favor de Dilma ou de Aécio. Por isso, fazemos um chamado aos companheiros a que rompam com o governo e venham com a CSP-Conlutas construir uma manifestação alternativa ao 16 e ao 20 de agosto, para defender verdadeiramente os trabalhadores e enfrentar com clareza os inimigos que hoje tiram seus direitos.

Independente das diferenças, construir a Greve Geral
Esperamos sinceramente que a maioria dos movimentos sociais se posicione da forma como descrevemos acima. Um campo de luta da classe trabalhadora com a presença dos companheiros e companheiras seria um poderoso impulso rumo à construção de uma alternativa classista à atual crise econômica e teria um grande potencial de mobilização de massas. Porém, independente da posição que os companheiros tomem, achamos muito importante dar continuidade aos esforços unitários para a construção de uma Greve Geral em Minas e no país.

A nota da Frente Mineira pelo Brasil não toca no assunto e achamos que isso é um grave erro. A única perspectiva real que os trabalhadores podem ter de derrotar o ajuste fiscal é ampliar sua mobilização e organização construindo as condições para a paralisação completa da economia nacional. A Greve Geral colocaria a burguesia na defensiva nas campanhas salariais, pressionaria o Congresso a recuar de todas as medidas antipopulares e pautaria uma saída classista para a crise.

Mas para que uma Greve Geral aconteça é preciso que toda a imprensa sindical, popular e estudantil, todas as entidades do campo e da cidade e o conjunto da esquerda estejam dedicados a ganhar os trabalhadores para essa proposta. É preciso que impulsionem, sem restringir a liberdade de crítica de nenhuma organização, um calendário comum de mobilizações que dê confiança à classe trabalhadora em suas próprias forças.

Propomos aos companheiros e companheiras da Frente Mineira pelo Brasil que aprovem em seus fóruns um chamado à Greve Geral contra o ajuste fiscal e procurem forças como a CSP-Conlutas e outras centrais sindicais para construí-la.

Direção Estadual do PSTU – Minas Gerais

13 de agosto de 2015

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