Redação

25 de novembro é Dia Internacional pela Eliminação da Violência às Mulheres. Instituída pela ONU em 1999, a data serve para chamar a atenção do mundo para o impacto desse tipo de violência nas vidas das mulheres. Para as mulheres trabalhadoras é um dia para sair às ruas, junto com os homens de sua classe, e gritar “basta de violência e de machismo”! E também para lutar contra a exploração capitalista.

O ano de 2016 foi marcado por protestos em vários países contra a violência à mulher. No Brasil, na Argentina, no México e em outros países da América Latina e do mundo, milhares saíram às ruas para dizer não à violência machista e à retirada de direitos das mulheres. Nesse dia 25 de novembro, as mulheres trabalhadoras têm vários motivos para protestar. A violência de gênero vem aumentando a cada dia, atingindo sobretudo os setores mais explorados, como as mulheres negras e pobres e as imigrantes. E os governos não só não têm feito nada para reverter essa situação como ainda agravam o quadro com seus planos de ajuste que atacam direitos sociais e trabalhistas, gerando desemprego e precarização, deixando as mulheres ainda mais vulneráveis.

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Nem uma a menos
Todos os anos, milhares de mulheres são vítimas da violência de gênero. Segundo a ONU, cerca de 60 mil mulheres morrem por ano, no mundo, pelo simples fato de serem mulheres. Estima-se que 7 a cada 10 mulheres foram ou serão violentadas ao longo de suas vidas. Agressões, estupros e outras formas de assédio, mutilações genitais, matrimônios forçados, tráfico de pessoas para a exploração sexual, são alguns dos principais tipos de violências cometidas contra mulheres.

O Brasil é um dos países mais violentos para uma mulher, sendo o 5º no ranking de feminicídios. A cada 1 hora e meia uma mulher é assassinada, a cada 12 minutos outra é estuprada e a cada 5 minutos uma é agredida. A combinação de machismo e racismo faz da mulher negra a principal vítima, enquanto a morte de mulheres brancas caiu 9,7% nos últimos 10 anos, entre as negras subiu 54%. Além disso, em 2015, 50 mulheres lésbicas e 119 transexuais foram assassinadas, a ampla maioria, trabalhadoras.

Esse quadro de horror para as mulheres tem gerado enormes protestos, como as manifestações contra o estupro no Brasil e os feminicídios em outros países da América Latina com a consigna de “Ni una a menos” (Nem uma a menos). No mês passado as trabalhadoras argentinas paralisaram suas atividades por uma hora na tarde do dia 21 de outubro e marcharam, com o apoio e a presença de vários homens, para exigir o fim da violência machista.

Nem um direito a menos
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O conjunto dos trabalhadores tem sentido os efeitos da crise econômica, que trouxe desemprego, precarização e retirada de direitos. Os governos, à serviço dos capitalistas, tem aproveitado a crise para atacar ainda mais os trabalhadores, cortando gastos sociais, flexibilizando direitos e privatizando serviços. As consequências para as mulheres trabalhadoras têm sido particularmente cruéis, pois a combinação de opressão e exploração que já nos coloca numa situação de desigualdade na sociedade, nos transforma em alvo preferencial dos ataques.

Os governos, federal e estaduais, com a ajuda inestimável do Congresso, das Assembleias Legislativas e do Poder Judiciário, buscam implementar uma série de medidas que, se aprovadas, ampliarão a exploração e trarão mais opressão e miséria para os trabalhadores e principalmente para as mulheres trabalhadoras. Tanto a proposta de reforma da Previdência, que propõe igualar o tempo de contribuição para aposentadoria de homens e mulheres, e estabelecer uma idade mínima de 65 anos para se aposentar; como a reforma trabalhista, que quer estabelecer que o negociado deve prevalecer sobre o legislado e, assim, acabar com a CLT; a PEC 55 que congela por 20 anos os gastos públicos; além do PLC 257 que afeta diretamente o funcionalismo, onde as mulheres são maioria, significam um ataque brutal às trabalhadoras e representa mais uma violência contra as mulheres, pois precarizam ainda mais suas condições de vida e as expõe a todo tipo de vulnerabilidade social.

Um dia de lutas contra a violência às mulheres e contra os ataques do governo
Diante desses ataques, as centrais sindicais realizam nesse dia 25 de novembro um dia nacional de lutas, greves, paralisações e protestos. É preciso incorporar a luta contra a violência às mulheres à pauta de reivindicações, pois a luta contra o machismo e toda forma de opressão é uma luta de toda a classe trabalhadora.

As mulheres têm dado enormes mostras de disposição luta. Na juventude, são a vanguarda das ocupações de escola, na periferia das grandes cidades, tem tomado a frente nas lutas contra a violência racista da polícia que mata seus maridos e filhos, no funcionalismo público protagonizam greves, bem como estão presentes nas paralisações e greves dos setores operários e privados e nas lutas contra o latifúndio no campo. Dessa vez não será diferente. As mulheres trabalhadoras têm um motivo a mais para sair às ruas e lutar nesse dia: junto de sua classe, elas dirão basta de violência machista e de ataques aos nossos direitos!

Por Secretaria de Mulheres do PSTU