Cerca de 300 trabalhadores e estudantes foram às ruas de Natal (RN), nesta segunda-feira (16), contra as injustiças da Copa do Mundo e por mais investimentos em saúde, educação, moradia e transporte. O protesto partiu do Hospital Walfredo Gurgel, por volta das 16 horas, e seguiu pela Av. Salgado Filho, que dá acesso ao estádio Arena das Dunas, onde foi realizado o jogo EUA X Gana. O ato foi organizado por sindicatos, entidades estudantis, centrais sindicais e movimentos sociais.

Ainda na concentração, em frente ao hospital, a Força Tática da Polícia Militar tentou intimidar o protesto. Mesmo assim, a caminhada seguiu por uma das faixas da via, recebendo o apoio de operários de obras vizinhas, da população e de torcedores ganeses que se dirigiam ao jogo. “Trabalhador, venha pra rua! Para dizer que essa Copa não é sua!”, cantavam.

O protesto criticou os gastos bilionários dos governos com a Copa e o caos nos serviços públicos essenciais. Com cartazes e faixas, servidores estaduais da saúde, que enfrentam o descaso do governo Rosalba, denunciaram o desperdício de recursos públicos na Arena das Dunas, que custará ao final R$ 1,3 bilhão, montante suficiente para a construção de 9 hospitais. “Aqui no RN, os governos estão gastando verdadeiras fortunas em obras desnecessárias para a Copa. Enquanto isso, as pessoas morrem nos corredores dos hospitais sem atendimento e nas unidades básicas falta até mesmo álcool. Isso é inaceitável. Se tem dinheiro para a Copa, tem que ter para saúde pública, sim”, disse Simone Dutra, presidente do PSTU em Natal e pré-candidata ao governo.

A presença do vice-presidente norte-americano, Joe Biden, também foi criticada pelos manifestantes. No protesto, os manifestantes ainda exigiram a retirada do exército brasileiro do Haiti, que está no país a pedido dos EUA para garantir a exploração das empresas multinacionais. O PSTU levou para a manifestação uma grande faixa denunciando a ocupação e exigindo a saída das tropas do país caribenho. E bandeiras dos EUA e da FIFA foram queimadas em sinal de protesto contra a intervenção política e econômica que impede a soberania do País.

Os manifestantes lembraram ainda a ditadura que tem sido imposta pela FIFA e pelos governos para impedir a realização de protestos e esconder os problemas sociais. Em Natal, a Justiça deferiu o pedido do prefeito Carlos Eduardo e proibiu greves e qualquer passeata, com interdição de rua durante a Copa, com multa de R$ 200 mil aos organizadores.

Dezenas de ruas foram bloqueadas e a Av. Salgado Filho, a principal da cidade, foi interditada pela Polícia Militar e soldados da Força Nacional, a cerca de 1,5 km do estádio Arena das Dunas. “Para garantir os desmandos da FIFA, os governos Dilma, Rosalba e Carlos Eduardo criminalizam as manifestações contra as injustiças da Copa e impõem um verdadeiro estado de sítio, limitando as liberdades democráticas e o direito à manifestação”, criticou o professor Dário Barbosa, presidente estadual do PSTU.

A passeata ainda percorreu ruas próximas, até a Prudente de Morais, onde foi encerrado. Logo depois da manifestação, enquanto se dirigiam para o Hospital Walfredo Gurgel, militantes do PSTU e outros ativistas foram revistados pela polícia, por meia hora, com a mão na cabeça. Todos foram liberados em seguida.