O Moquibom, movimento quilombola do Maranhão filiado à CSP-Conlutas, arrancou uma importante vitória das autoridades do Maranhão. Infelizmente, uma vitória que se deu diante de uma tragédia. No dia 31 de março, mais um quilombola do município de Palmeirândia foi assassinado em uma emboscada. Os assassinos são os mesmos que no dia 17 de fevereiro, após o enterro de um jagunço, destruíram as roças e casas e mataram centenas de animais dos quilombolas. Na época, o movimento responsabilizou, mais uma vez, o governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB) e o governo Dilma do PT pela omissão e, portanto, cumplicidade pelos crimes praticados contra o povo quilombola.

Após o assassinato de mais um quilombola, o Moquibom, ao lado da CSP-Conlutas, do Quilombo Urbano, do Quilombo Raça e Classe e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entrou em contato com a Secretaria de Direitos Humanos do Governo Flavio Dino (PCdoB) e solicitou uma reunião com Secretário de Segurança e outras secretarias do governo em caráter de urgência.

Na reunião, o movimento destacou novamente todas as exigências e necessidade para impedir novas mortes e conflitos e que a Secretaria de Segurança Pública do estado fosse, no dia do velório, à comunidade para evitar outras tragédias e que o governo apresentasse para os quilombolas medidas de proteção e garantia de que os mesmo retornassem às suas terras e casas em segurança.

Em Palmeirândia, as vítimas prestaram seus depoimentos com a presença do secretário de Segurança Pública, que compareceu ao município como solicitado pelo movimento. No meio da reunião, chegou o vereador Paulo Miguel (PDT), acusado de incitar a população contra os quilombolas, e o prefeito de Palmeirândia, que jamais se reuniu com os quilombolas. Eles queriam que o secretário fosse a uma reunião que eles organizaram com centenas de pessoas do município. O Secretário, porém, disse que não havia marcado reunião com eles e pediu que se retirassem do local.

Esse gesto simbolizou uma vitória da pressão do movimento sobre o governo que se comprometeu em transferir todos os policiais civis e militares que serviam como capangas dos fazendeiros e grupos políticos para outra comarca e que fossem abertos processos administrativos e criminais contra os mesmos. O governo se comprometeu ainda em instalar uma delegacia em Palmeirândia que priorize solucionar os conflitos existentes, além de garantir o retorno dos quilombolas às suas roças.

Apesar de parcial, entendemos que essa vitória é fruto da mobilização dos quilombolas juntamente com outras entidades do movimento social”, afirmou Hertz Dias, da Secretaria Nacional de Negras e Negros do PSTU e integrante da CSP-Conlutas. “Nós, através da CSP-Conlutas, estaremos acompanhando o cumprimento de tudo que foi acordado com o governo e na luta sempre com os quilombolas, sobretudo na retomada de seus territórios históricos”, disse.