Militância do PSTU se recusa a participar de ato pró-Lula e dá as costas a ex-presidente em congresso da CNTE

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Redação

Militantes se retiraram do plenário entoando “Fora Temer! Fora Todos”

A direção da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) tentou transformar a abertura de seu 33º Congresso Nacional, nesta quinta, 12, em Brasília, num grande ato eleitoral em apoio a Lula e ao PT. Sem consultar a base da entidade, a direção da CNTE, composta pela corrente Artsind (ligada ao PT), convidou Lula para uma “palestra magna”. Contra isso, os militantes do PSTU presentes no plenário viraram as costas ao ex-presidente e se retiraram aos gritos de “Fora Temer! Fora Todos!“.

Viramos as costas e nos retiramos porque achamos aquilo errado. Não fomos consultados, e mesmo que tivéssemos sido, não teríamos concordado com isso, pelo balanço político que tem Lula e os governos do PT, inclusive em relação à educação“, explica Janaína Rodrigues, militante do PSTU e da CSP-Conlutas. Lula, assim como Dilma, não priorizou a educação pública e gratuita, mas os lucros dos banqueiros e dos barões do ensino privado, completa a professora.

Outros setores que compõe a CSP-Conlutas, neste momento, já haviam se recusado a entrar no plenário.

Professora Janaína Rodrigues fala pela CSP-Conlutas no Congresso da CNTE

Debates
No centro dessa tentativa de transformar a abertura de um congresso de trabalhadores da educação num ato eleitoreiro está a política da Artsind de atrelar ao PT e a uma candidatura Lula, organizações e um congresso que são de frente única para lutar no movimento, assim como antes buscavam atrelar ao próprio governo. Não por acaso, um dos principais temas em pauta ali é o balanço dos governos petistas em relação à educação.

Enquanto a Artsind nos convencer de que nos governos Lula e Dilma houve avanços significativos em relação à educação pública, os setores que se organizam na CSP-Conlutas afirmam que os governos petistas mantiveram o sucateamento da educação em favor dos banqueiros, além de priorizarem os lucros dos grandes empresários do ensino privado“, afirma Janaína. Ataques estes que o governo Temer dá sequência e aprofunda.

Coerente a essa política, a Artsind defende a tese do “golpe” contra Dilma e a luta por “democracia”, sintetizado na palavra-de-ordem “Diretas Já”, tentando subordinar a construção de uma Greve Geral a isso. Na verdade, uma forma enviesada de defender o PT e fazer campanha eleitoral em favor de Lula e de, na prática, acabar inviabilizando uma possível Greve Geral para impedir e derrotar as reformas de Temer.

Nós defendemos que a CNTE cumpra o papel que no último período não cumpriu por fazer parte do campo do governo petista, que é justamente o de ser um pólo aglutinador e de luta contra esse governo Temer e em defesa de uma Greve Geral de verdade, contra as reformas da Previdência, trabalhista e todos os ataques do governo Temer e desse Congresso Nacional“, explica a professora.

E ao contrário dos que defendem Lula 2018, a militância do PSTU defende a luta e a organização dos trabalhadores em torno a uma Greve Geral, para derrubar não só os ataques, mas “aqueles que nos atacam”, afirma Janaína Rodrigues, como Temer e esse Congresso Nacional.