Lideranças do MBL se reúnem com o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha
Redação

Em várias universidades, grupos de direita neoliberais e governistas apareceram para tentar lutar contra as ocupações e as greves. No Paraná, o MBL (Movimento Brasil Livre) chegou a convocar um contra-ato no último dia 4 mesmo após a assembleia estudantil decretar a ocupação da universidade. O MBL também é responsável por organizar atos e manifestações exigindo o cumprimento da reintegração de posse das centenas de escolas ocupadas no mesmo estado. Várias “visitas” do MBL terminaram em agressões físicas e intimidações por parte de seus membros.

Na UFRJ, durante a assembleia que definiu a ocupação, iniciou-se uma pancadaria durante a fala da UFRJ-Livre, depois do protesto feito por um estudante contra a posição deste grupo em relação a morte do estudante Diego, vítima de LGBTobia. Na UERJ, numa plenária estudantil que visava organizar a luta, integrantes de um grupo de direita foram lá para causar confusão.

No primeiro semestre, assistimos também no Rio de Janeiro um movimento de desocupação das escolas ocupadas que foi instrumentalizado e apoiado diretamente pelo governo do estado através de seus perfis nas redes sociais. Enfim, há relatos por todos o país, de grupos governistas neoliberais de direita que vem tentando enfrentar a mobilização dos estudantes. Mas a luta segue firme enfrentando não só tais grupos, mas também a repressão da polícia e dos governos.

Grupos como o MBL defendem a PEC 241 e outras medidas do governo Temer, como a reforma da Previdência. Apoiam ainda Rodrigo Maia (DEM) e Eduardo Cunha (PMDB), e tudo que há de pior na política brasileira. São grupos que se dizem liberais e que se colocam como tarefa enfrentar o comunismo. Defendem o capitalismo e o imperialismo. Tem um programa em defesa dos setores mais ricos da população.

A polarização social e política que toma conta do país vem se expressando também no movimento estudantil. Em todos os momentos de crise e acirramento da luta de classes, os pólos em luta se fortalecem. E hoje, ao mesmo tempo em que assistimos o maior levante estudantil em décadas, somos obrigados a nos deparar com as cenas lamentáveis desses defensores do governo.

A luta dos estudantes é mais forte do que as provocações desses grupelhos. Não podemos permitir que ações desses grupos de agressões físicas e intimidações com a intenção de derrotar as lutas e destruir o movimento, sejam aceitos. Por isso é tão importante a luta implacável desde já contra tais grupelhos neoliberais, reacionários e conservadores que atuam como cachorrinhos do governo Temer e demais governos estaduais. Fora a direita e os governistas do movimento estudantil!

escolanossa

Uma resposta às acusações do MBL!
Esses grupos acusam as mobilizações de serem partidárias, hegemonizadas pelo PT e ter fins políticos. As mobilizações são fruto da indignação de toda uma geração de jovens que está vendo a educação e seus direitos serem destruídos. Tanto não é hegemonizada pelo PT que a mobilização dos estudantes não começou hoje. Durante o governo Dilma, e inclusive Lula, o movimento estudantil não parou de lutar. Assim como em junho de 2013, a luta foi contra os governos municipais, estaduais e também o governo de Dilma. Os estudantes hoje não se veem representados pelo PT, principalmente porque sabem que o PT governou para os ricos e poderosos.

As ocupações não são partidárias, já que não são controladas por um partido. Os militantes dos partidos têm sim o direito de participar das lutas. Mas qualquer tentativa de burocratizar ou controlar a luta é logo rechaçada pelos estudantes. Nas ocupações estamos vendo uma aula de democracia de base, com assembleias democráticas controlando toda a vida das ocupações. E apoiamos todas as iniciativas dos estudantes para combater e rechaçar os métodos burocráticos e pelegos do PT e PCdoB. Estes inclusive já foram expulsos de várias ocupações pelos próprios estudantes por conta disso isso.

Sobre a acusação de que as ocupações têm fins políticos só podemos rir. Afinal, todo movimento reivindicatório tem fins políticos. O MBL e demais grupos deste tipo tem fins políticos. Hoje no Brasil só se discute política. Então para a direita, o MEC e o governo, só os ricos e poderosos tem direito de fazer política. Aos trabalhadores e estudantes, eles querem reduzir nossa atuação política a apenas votar de 2 em 2 anos. Quando nos levantamos em luta e questionamos seus planos políticos, somos acusados de “fazer política”.

Fazer política para nós não é votar de 2 em 2 anos, afinal as eleições não resolvem nossos problemas. O que os estudantes estão fazendo nas ocupações é demonstrar que, com luta, é possível derrotar os projetos do governo que atacam a educação e os trabalhadores. Que é possível outro caminho para o país sair da crise, com os ricos pagando por ela. Mas o mais importante é que demonstram a falência desse regime político e desse sistema capitalista que condena os trabalhadores e jovens a uma vida miserável.

A burguesia teme as ocupações porque sabe que a luta pode se alastrar e, assim como os estudantes questionam quem controla as escolas e as universidades, os trabalhadores podem questionar quem controla as fábricas e o país. Se a partir daí os trabalhadores, com o apoio dos estudantes, resolverem controlar o país e tomar o governo em suas mãos, a burguesia veria seus interesses reduzidos a pó.

Por Júlio Anselmo, da Juventude do PSTU