Debora Trajano, do Rio de Janeiro (RJ)

 

As investigações sobre os disparos que atingiram Maria Eduarda Alves Ferreira, estudante de 13 anos de Acari, mostraram que o projétil que foi encontrado em seu corpo partiu mesmo de um fuzil da PM.  O autor é um dos policiais flagrados executando dois jovens à queima-roupa, próximo à Escola Municipal Daniel Piza, onde ela estudava.

Os policiais envolvidos no caso foram presos em flagrante por atirarem em homens caídos no chão e sem apresentar qualquer ameaça. Nas imagens flagradas em vídeos, os jovens não esboçavam nenhuma resistência.

O batalhão em que os policiais envolvidos nos acontecimentos do dia 30 de março fazem parte possui uma média assustadora de número de assassinatos. São 36 mortes em apenas 3 meses, e em 88% dos casos os suspeitos sequer foram socorridos em hospitais. As cenas foram alteradas de modo que impossibilitava a Polícia Civil de fazer a perícia nos locais.

Crivella: concreto não impedirá novas mortes!
O assassinato da Maria Eduarda comoveu a população. Sua escola se mobilizou para homenageá-la. Até o clube carioca Flamengo prestou homenagens à jovem que tinha um futuro promissor nos esportes.

Diante da repercussão imensa, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) apresentou a proposta de concretos especiais para blindar as escolas de balas perdidas. Ao passo que a prefeitura deve salário de trabalhadores terceirizados da saúde, se propõe a gastar com um material importado para murar as escolas e não abre a discussão que envolve o caso em sua profundidade.

Blindar as escolas com concretos importados não enfrentará o problema que gerou a morte de Maria Eduarda. A origem das inúmeras mortes de jovens negros das periferias e favelas no Rio de Janeiro está ligada a uma política de segurança que reforça a criminalização da pobreza. Não vemos operações de combate às drogas como essas, que promovem um genocídio à juventude, nos bairros ricos da cidade onde também tem drogas. A polícia é despreparada e a lógica da militarização acentua a barbárie nas favelas.

É preciso desmilitarizar a PM e pôr um fim às UPPS. A juventude hoje vem sofrendo inúmeros ataques a nível federal, com Temer tirando de nós o direito ao futuro com a reforma da Previdência, a precarização do Ensino com a reforma do Ensino Médio, terceirização e reforma trabalhista. Nas favelas, os ataques se materializam no genocídio por meio da PM.

Basta de genocídio! A juventude precisa de investimentos ao esporte lazer e educação!

Fim da PM e das UPPs!