Pedido foi feito pela Associação Comercial do Paraná, que alegou prejuízos financeiros

 
O Dia da Consciência Negra foi criado para lembrara a data da morte de Zumbi dos Palmares, para lembrar os negros e negras que resistiram à escravidão, e discutir temas como negros na sociedade, inserção de negros no mercado de trabalho e discriminação. Porém o Tribunal de Justiça do Paraná cancelou o feriado na cidade de Curitiba, cidade com maior número de negros da Região Sul, chegando a mais de 344 mil negros desrespeitados para servirem à elite branca dos comerciários, que alegou prejuízo de R$ 160 milhões.
 
É uma vergonha que a população afrodescendente sofra mais esse caso de racismo institucional. É um absurdo que se negue o acontecimento desse feriado quando negras e negros vêm sendo explorados por séculos, quando uma mulher negra recebe um terço do salário de um homem branco pela mesma função, quando um jovem negro é chamado de burro por ter entrado na universidade pelo sistema de cotas, quando uma mãe negra não pode estudar por não ter com quem deixar seus filhos, ou quando a polícia criminaliza e mata um pai de família negro.
 
Os 464, anos desde o primeiro registro de tráfico de negros e negras ao Brasil, são pagos com ações afirmativas, como o feriado do dia 20 de novembro ou as cotas para entrada de negros e negras nas universidades. Essas ações visam eliminar desigualdades historicamente acumuladas. Porém não é assim que funciona na prática. Por exemplo, a entrada da negra e do negro na universidade: as vagas estão aí. Entretanto, depois de tantos anos de exploração, ficaram à margem a da sociedade, tendo os piores empregos, morando nas favelas e, consequentemente, estudando em escolas precarizadas. Isso na maioria dos casos impede o acesso de negros ao ensino superior, apesar das cotas.
 
Outro problema é a assistência estudantil. Como estar numa universidade se não existe creche para o filho da jovem negra? Como estar numa universidade se o jovem negro não tem dinheiro para comer ou para pagar o transporte público? Por isso, é de extrema importância debater os 10% do PIB para educação pública e uma política de ingresso de negros na universidade que contemple a assistência de verdade.
 
A conclusão que podemos tirar é que a Justiça do Paraná serve a elite curitibana que não precisa de mais um feriado, pois vive da exploração do trabalho de outros e, principalmente, de negros. Por isso, repudiamos o pedido da Associação Comercial do Paraná de suspensão do feriado e repudiamos a decisão da Justiça do Estado.