Redação

Em maio deste ano, cerca de 40 famílias de trabalhadores sem-terra ocuparam uma fazenda de 120 alqueires no município de Monteiro Lobato, em São Paulo. A área pertence a quatro herdeiros que, desde a morte do pai, em 1997, a abandonaram, sem nada produzir, sem pagar impostos e sem regularizá-la junto ao INCRA. Há um caseiro que ainda reside no local, porém sem receber desde aquela época. Em 2003, a justiça condenou os herdeiros a pagar os salários e demais direitos, mas o trabalhador ainda não conseguiu executar a sentença e lá permanece.

Foi nesse cenário que se deu a ocupação, com apoio do movimento Luta Popular, da CSP-Conlutas e do PSTU. Atualmente, a terra já está produzindo e tudo leva a crer que a ocupação será vitoriosa. Foi expedida uma ordem de reintegração de posse em favor dos proprietários, mas o movimento conseguiu suspendê-la no tribunal, em São Paulo.

Mesmo que a posse seja ganha na justiça pelos sem-terra, os companheiros e companheiras do acampamento não pretendem parar por aí. Também querem uma profunda transformação da sociedade, até a socialização das terras, para que os trabalhadores controlem a produção e distribuição das riquezas nelas produzidas.

Com essa motivação, desde o final de junho, estão se reunindo quinzenalmente no acampamento com a regional de São José dos Campos, para discussão política, a partir de uma matéria do “Opinião Socialista”. Passaram também a apoiar e participar diretamente da luta dos metalúrgicos de São José dos Campos, estando presentes em várias greves, como a dos trabalhadores da Gerdau, Hitachi e Embraer.

Em uma dessas reuniões, foi aprovada a proposta do curso e, no último dia 29 de outubro, quinze camaradas fizeram o Curso Básico para novos militantes e simpatizantes do partido, na própria sede da fazenda ocupada. Foi significativa a presença de mulheres e jovens.

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Diferente do formato comum, de quatro módulos de uma hora cada, lá o curso foi feito em um único dia, mas com bastante atenção e participação o tempo todo. Só houve uma pausa para o almoço, com o feijão agora produzido na fazenda cuidadosamente preparado no fogão a lenha.

Até o final, a atenção permaneceu constante.

Para os companheiros que deram o curso, a experiência foi válida e demonstrou que é possível reproduzi-lo de uma só vez, em outros locais onde o acesso dos militantes à sede da organização é mais difícil.