Marcel Wando, de São Paulo

Itaú tem dívida de R$25 bilhões perdoada em plena crise financeira, enquanto os cortes e reformas só atingem os trabalhadores. Querem que a gente pague a crise para que eles não precisem pagar!

 

No último dia 10, foi anunciado o perdão de uma dívida do Itaú ao Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), oriunda da fusão com o Unibanco. Segundo o Carf, o banco deixou de pagar os tributos relacionados com a fusão que, acrescidos da multa e juros, chegariam a R$25 bilhões.

A fusão aconteceu em 2008, mas a infração só foi notificada em 2013. Com a aquisição, aumenta o monopólio no sistema bancário e o seu poder de influenciar mais diretamente na política do país e no ataque aos nossos direitos.

Sanguessugas
Roberto Setúbal, dono do banco Itaú, é herdeiro direto de senhores de engenho escravocratas do país, umas das famílias mais ricas até hoje. Ele próprio teve sua fortuna estimada, em 2012, em 5 bilhões de reais. Valor que certamente deve ter aumentado devido aos altos lucros do setor nos governos Dilma e Temer.

Já o seu banco, o Itaú, é uma das 10 empresas que mais investe nos partidos políticos e faz doações em campanhas. Só em nas eleições de 2014 colocou 6,5 milhões de reais nas mãos dos partidos e ajudou eleger 84 deputados, de 16 partidos diferentes. Todos estão nas mãos desses agiotas.

Além disso, os bancos brasileiros são os que aplicam as maiores taxas de juros do mundo, o que afeta negativamente as finanças das famílias de trabalhadores. No início de 2017, mesmo após o recebimento do 13º salário, 57% das famílias com até 10 salários-mínimos possuíam dívidas com os bancos.

Os dados levantados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) reforçam a grave situação financeira das famílias brasileiras. Segundo a pesquisa realizada em fevereiro de 2017 pela CNC (Confederação Nacional do Comércio), o número de famílias que se declararam incapaz de pagar suas dívidas subiu para 9,8%, o maior índice desde 2010.

Roberto Setubal, dono do Itaú. Sua fortuna foi estimada em R$5 bilhões em 2012.

Governo Temer
Nos governos de Lula, os bancos lucraram R$199 bilhões. No governo Dilma nem mesmo durante a crise os bancos deixaram de ter lucros recorde. Para não ficar para trás, Temer aplica diversas medidas em benefício do capital financeiro.

O resgate do FGTS é um dos exemplos de como esse governo busca estimular a economia fazendo os trabalhadores gastar mais do que já não tem, beneficiando os mega-empresários do varejo e banqueiros. Mas o tiro saiu pela culatra e os trabalhadores descobriram que 40% dos empresários estavam embolsando os valores que deviam ser recolhidos para o Fundo de Garantia.

Dívida pública
A dívida pública funciona como um mecanismo de transferência de renda para os grandes banqueiros e especuladores. Ao invés de ser quitada, a dívida é mantida para render juros e amortizações para o seus credores. E com isso os bancos fazem a festa. Quase metade dos recursos federais são usados para sustentar essa dívida e, segundo dados do próprio Senado, 80% do valor vai para instituições financeiras.

É um verdadeiro roubo do nosso dinheiro defendido por todos os governos, desde a ditadura militar até os governos ditos democráticos. Durante os governos do PT foi quando mais se aumentou dívida pública. Além disso, as taxas de juros voltaram a subir com o governo Dilma, aumentando o repasse para os bancos.

Ao contrário da dívida que os trabalhadores fazem, para investir nos estudos dos filhos, para poder comprar casa, carro e eletrodomésticos, a dívida brasileira não garantiu nenhum benefício para nós. São políticas impostas por instituições como o FMI e o Banco Mundial para submeter países ao imperialismo, como aconteceu recentemente com Grécia, Espanha e Portugal.

É preciso unir os de baixo para derrubar os de cima!
Todos os governos foram financiados por bancos e serviram ao capital. Temer continua com as políticas públicas, aplicadas também pelo PT, que beneficiam os burgueses. É preciso dar um basta nisso!

A greve geral que se inicia dia 28/04, contra as reformas trabalhista e da previdência e as terceirizações, tem que apresentar uma alternativa política e econômica dos trabalhadores. É preciso estatizar os bancos em um único estatal sob controle dos trabalhadores, que seja capaz de aplicar uma lei de responsabilidade social ao invés da lei de responsabilidade fiscal, e acabar com o pagamento da dívida pública.

Mas sabemos que não existe nenhuma chance de isso ser aprovado com uma candidatura em 2018. É preciso mais do que isso. É preciso botar pra fora Temer e Todos do congresso e construir uma alternativa de governo com os operários e o povo no poder.