O prazo para o acordo com a montadora, para evitar mais de 1800 demissões, termina no dia 26 de janeiro, e a multinacional já reafirmou sua intenção em demitir. “Já passou da hora da presidente Dilma se colocar do lado dos trabalhadores e proibir as demissões” afirma Antônio Barros, o “Macapá”, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região

Ainda no primeiro semestre de 2012, a GM anunciou sua intenção de fechar o setor conhecido como MVA (Montagem de Veículos Automotores) na planta de São José dos Campos e, em conseqüência, demitir 1840 trabalhadores. Após meses de mobilização e negociação, em agosto, os metalúrgicos da GM ocuparam a rodovia Presidente Dutra e conquistaram um acordo que suspendia as demissões até novembro de 2012, ao passo que colocava 940 trabalhadores em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho).
Em novembro, depois de nova negociação entre sindicato e GM, foi prorrogado o prazo do acordo até o próximo dia 26 de janeiro. A poucas semanas do término do acordo, a empresa mantém seu objetivo de demitir os trabalhadores e a temperatura na planta de São José dos Campos começa a aumentar.

Os efeitos da crise no Brasil
Para que se entenda o processo pelo qual atravessa a GM, hoje, é necessário compreender, no marco da crise econômica mundial, a relação entre a crise das matrizes das multinacionais imperialistas, a reestruturação produtiva e o ajuste em curso nos países semi-coloniais, como o Brasil.

O Brasil, como se sabe, não está em recessão, mas os efeitos da crise já começam a se fazer sentir. A economia, que havia crescido magros 2,7% em 2011, segue desacelerando e alcançou a raquítica marca de 1% de crescimento em 2012. A disputa pelo mercado nacional se intensifica, ao passo que se aprofunda, a crise na Europa e a desaceleração nos Estados Unidos. Para salvar suas matrizes no exterior no marco de uma disputa crescente pelo mercado brasileiro, intensificada pela vinda de novas empresas, as montadoras instaladas em território nacional devem avançar em uma severa reestruturação, promovendo demissões e redução de direitos.
É neste contexto que devem ser compreendidas a reestruturação da GM no Brasil e a política de demissões e ataques aos direitos em São José dos Campos. Trata-se de, no marco da reestruturação mundial da empresa (ver artigo na página 9) e, perante a crise econômica internacional, ampliar a taxa de lucro de suas plantas por aqui, bem como o seu espaço no mercado brasileiro, com vistas a resgatar suas matrizes através da remessa de lucros para o exterior.

Neste momento, o foco do ataque da GM no Brasil são os trabalhadores da planta de São José dos Campos. Mas, os ataques não estão restritos aos trabalhadores da GM. Em todo o Brasil estão ocorrendo demissões, lay-offs e PDVs (Planos de Demissões Voluntárias), combinados a uma política de redução de direitos por parte da patronal e dos governos, mas também de setores do próprio movimento sindical, como atesta a proposta do Acordo Coletivo Especial (ACE).

As demissões são a conseqüência da política de reestruturação das empresas, cujo objetivo é reduzir direitos, salários e mão-de-obra para ampliar os lucros. Por outro lado, expressam a retração da produção industrial, que, no acumulado de janeiro a novembro de 2012, obteve queda de 2,6%. No mesmo período, segundo o IBGE, a queda no nível de emprego na indústria foi de 1,4%, a segunda maior queda desde o início do governo Lula.

Post author Leandro Soto, de São José dos Campos
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