Os bancários estão batendo de frente com a intransigência dos banqueiros. A greve da categoria, que começou no dia 27 de setembro, já se alastrou por todo o país. No momento em que fechávamos esta edição, a estimativa era de que 8 mil unidades bancárias estavam paralisadas. Só em São Paulo há cerca de 800 agências paralisadas.

A categoria ainda tem que enfrentar os chamados “interditos proibitórios”, mecanismos jurídicos utilizados pelas instituições para coibirem piquetes. Nessa linha de intransigência e truculência, o governo saiu na frente dos banqueiros, pois foi justamente o Banco do Brasil o primeiro a recorrer ao interdito proibi¬tório e faz assédio moral chantagean¬do com o desconto dos dias parados.

“Antes mesmo de começar a greve, o governo já vinha com uma linha mais dura, se antecipando aos próprios banqueiros o governo já começou dizendo que não daria reajuste”, denuncia Juliana de Oliveira, bancária do Banco do Brasil e membro do Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB), ligado à CSP-Conlutas.

Avanço importante
Mas a greve já produziu um avanço importante. O banco Banpará apresentou proposta de reajuste de 10% sobre as verbas salariais, além de anistia dos dias parados, licença prêmio de cinco dias e cinco abonos anuais.

No dia 26, o BRB (Banco Regional de Brasília) também fez uma proposta de 17,45% sobre o salário base e 24,17% sobre a gratificação de caixa. A proposta foi aceita pelos seus funcionários.

Por enquanto não há notícias de ne¬gociações com a Fenaban (Federação dos Bancos). O BRB e o Banpará têm lucros bem inferiores os do Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Isso mostra que os bancos têm condições de ceder um reajuste digno para todos os bancários. Isso sem falar que, neste ano, os bancos vão bater novos recordes de lucro.

“Nossa greve começou esse ano mais forte que a do ano passado, mas ela poderia ser ainda maior”, disse Juliana que criticou a direção majoritária dos sindicatos, ligada à CUT que, não só demorou para chamar a greve, como apresentou uma pauta de reivindicação extremamente rebaixada. Juliana lembrou ainda das conquistas dos bancários de bancos como o Banpará e o BRB mostram que é possível arrancar o reajuste, ampliando a greve e unificando as lutas com as das demais categorias mobilizadas.