Ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB)
Redação

Ao se demitir na sexta-feira, 18, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse que foi pressionado pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), a liberar a construção de um edifício na Ladeira da Barra, região nobre de Salvador, de frente para o Atlântico. A obra está paralisada por determinação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por estar nas proximidades de uma área tombada. O empreendimento só poderia ter 13 andares, mas o edifício tem perto de 30 andares.

Geddel pressionou Calero porque é dono de um dos apartamentos em construção no luxuoso edifício ‘La Vue’, no valor de R$2,5 milhões. Pressionou também porque a paralisação da obra gera prejuízo para as construtoras e as imobiliárias, que hoje mandam e desmandam no espaço urbano de Salvador, principalmente após a aprovação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) pelo prefeito ACM Neto (DEM).

Velha Raposa
Geddel Vieira Lima é uma velha raposa da política baiana. Foi criado no seio do carlismo, a velha direita oligárquica, mas como todo oportunista gosta mesmo é de mamar nas tetas do Estado. Quando o carlismo perdeu forças, pulou para os braços do PT e foi ministro da Integração Nacional no governo do ex-presidente Lula. Durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, pulou para a oposição e tornou-se o braço direito de Michel Temer.

Geddel já esteve envolvido em grandes escândalos de corrupção, como o dos anões do orçamento. Junto com outros 36 parlamentares, foi acusado de desviar mais R$100 milhões dos cofres públicos com esquema de propinas para favorecer governadores, ministros, senadores e deputados.

Salvador nas mãos das construtoras
Geddel Vieira Lima é amigos das construtoras, da mesma forma que o prefeito de Salvador, ACM Neto. O PMDB, partido de Geddel, é aliado do prefeito e ajudou na aprovação do PDDU que beneficia as grandes construtoras e imobiliárias. É um plano diretor que exclui a população negra e pobre, voltado para o mercado, atendendo unicamente os interesses do grande capital imobiliário.

A exclusão é tão absurda que, em todo o plano diretor, o tema racial está sintetizado em apenas três parágrafos, sendo que Salvador é a cidade mais negra do Brasil. A maioria esmagadora da população negra reside nas periferias, morros e encostas. Em bairros onde há maior carência de infraestrutura técnica (redes de abastecimento, iluminação, esgotamento) e social (escolas, postos de saúde, áreas de lazer).

O PDDU mantém o povo negro e pobre nesta situação, garantindo o avanço da população branca e rica nos espaços dotados de infraestrutura e belas paisagens naturais, como a orla do Atlântico, a exemplo da Ladeira da Barra, área onde está sendo construído o edifício ‘La Vue’, onde Geddel comprou um apartamento.

O favorecimento ao capital imobiliário é tão descarado que o PDDU não apresenta regras para a verticalização da cidade e permite a construção de prédios no entorno de parques urbanos e a supressão de 3,5 mil hectares de espaços de proteção ambiental.

Vale ressaltar que o plano diretor foi imposto goela abaixo por ACM Neto e seus vereadores. As audiências púbicas nos bairros foram todas de fachadas, sem divulgação e sem debate democrático, assim como as sessões na Câmara de Vereadores que debateram o tema.

Salvador para os trabalhadores
O capitalismo deu ao espaço urbano um caráter econômico, elemento de realização da produção do capital. Logo, os projetos urbanos apresentados pelos governantes estarão a serviço desta lógica da reprodução do capital, do espaço urbano como mercadoria.

Cabe a nós o dever de apresentar um programa que caminhe na lógica inversa, que apresente uma saída da classe trabalhadora. Devemos levantar a bandeira do fim da especulação imobiliária, expropriando os terrenos destinados a este fim para construir escolas, hospitais, casas populares e creches públicas; expropriação dos imóveis subutilizados e fechados, destinando-os à moradia popular; valorização e requalificação das áreas históricas, quilombolas e tradicionais; projeto de mobilidade urbana que parta pela municipalização do transporte público, com tarifa social e passe livre para os estudantes e desempregados; defesa dos espaços de proteção ambiental, proibindo a construção de obras em seu em torno.

Só assim poderemos apresentar uma outra concepção de cidade e de espaço urbano, partindo do pressuposto das necessidades sociais do povo pobre e trabalhador, rompendo com a lógica mercadológica do capital e seus governos de plantão.

Fora Geddel!
A atitude de Geddel comprova que os governos são balcões de negócios da burguesia, como afirmam Marx e Engels. Usam do seu poder de ministro para benefício próprio e para ajudar seus amigos do setor imobiliário.

Geddel é parte da tropa de choque de Temer, que quer impor um pacote de maldades contra a classe trabalhadora. Precisamos derrotá-los e colocar para fora todos eles. Que Geddel desça ladeira abaixo e leve junto Temer e todos os corruptos. Fora Geddel! Fora Temer! Fora todos eles!

Por Roberto Aguiar, de Salvador (Bahia)