Dilma discursa no Senado na manhã desta segunda, 29
Fotos Agência Brasil
Redação

Estamos assistindo ao desenrolar de uma verdadeira farsa no Congresso Nacional. O processo de impeachment que vem chegando aos seus momentos finais pretende trocar seis por meia dúzia ao destituir Dilma e tornar permanente o governo interino de Michel Temer (PMDB).

Com essa decisão, vamos ver o prosseguimento dos mesmos ataques que o governo de Dilma vinha implementando contra os trabalhadores e a grande maioria da população. A única diferença é que agora pelas mãos de seu vice, Michel Temer. E o que vem por aí é uma verdadeira pancada nos direitos dos trabalhadores, um pacote de ataques que o governo do PT vinha preparando, mas que não conseguiu impor.

Temer prepara uma reforma da Previdência que tem como objetivo impor a idade mínima para a aposentadoria. Primeiramente de 65 anos até chegar aos 70. Na prática, querem que trabalhemos até morrer. Reforma esta que o próprio governo Dilma anunciou no início deste ano. Outro ataque é o PLC 241, que impõe o teto nos gastos públicos e pretende retirar bilhões da Saúde e Educação nos próximos anos para dar aos banqueiros via o pagamento da dívida pública. Outro ataque que o governo Dilma chegou a anunciar, via seu então ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, há apenas alguns meses.

Temer e Dilma representam o mesmo projeto. Ambos tem como objetivo jogar a crise nas costas dos trabalhadores. Não é por menos que os atuais ataques sejam liderados por Henrique Meirelles, ex-ministro de Lula e o mais cotado para assumir a economia no segundo governo Dilma.

Dilma, por sua vez, é hipócrita ao dizer que defende “nenhum direito a menos”, como foi seu mote durante a campanha eleitoral de 2014. Vale lembrar que, logo após reeleita com o discurso de que não atacaria direitos, restringiu via Medida Provisória o acesso ao seguro-desemprego e ao abono do PIS. Não só atacou direitos como implementou, em 2015, o maior ajuste fiscal da história do país, como ela mesma lembrou em seu discurso no Senado.

O governo Dilma cai não por contrariar os interesses da elite, como afirmou em seu discurso no Senado. Cai porque, em nome desses mesmos interesses, traiu os milhões de trabalhadores que votaram nela em nome do “mal menor” que seriam Aécio e o PSDB. Foram os próprios ataques do governo Dilma, aliado à crise econômica e política, que transformaram em pó o lastro social que contava o PT.

Dilma escolheu governar para a burguesia e por isso tomou as decisões que tomou. Não é à toa que sua maior defensora nesse processo de impeachment seja a ex-presidente da CNA (Confederação Nacional de Agricultora), maior representante dos grandes fazendeiros desse país, Kátia Abreu (PMDB-TO). “A senhora foi a presidente que mais atenção deu ao agronegócio brasileiro nas três últimas décadas“, afirmou categoricamente a latifundiária durante o julgamento no Senado.

Mas se é verdade que a grande maioria dos trabalhadores e da população quer que Dilma saia, é verdade também que não deseja ver Temer em seu lugar. O povo não quer Dilma, nem Temer, e muito menos esse Congresso Nacional corrupto. O povo está cansado dessa hipocrisia, desse teatro de faz-de-contas em que os políticos brigam na frente das câmeras, mas riem e tomam cafezinho juntos nos bastidores.


A ruralista Kátia Abreu (PMDB-TO) defende Dilma no Senado

Fora Temer! Fora Todos eles!
Dilma já vai tarde. Os trabalhadores e o povo não derramarão uma lágrima por quem os enganou. A saída, no entanto, não é Temer, o vice de Dilma, ou esse Congresso Nacional de picaretas que até pouco tempo atrás estava junto com o PT.

Temos que colocar para fora todos eles! Colocar para fora Temer e seus ataques, e impedir que Dilma volte para continuar nos atacando. Temos que ir à luta para derrubar esse Congresso, exigir eleições gerais já, sob novas regras.